Pai
e mãe são dois seres humanos com características únicas, pessoais. Uma
personalidade, uma história, uma cultura, uma educação…
Quando despertos, saberão reconhecer como os seus gestos, atitudes, reacções são produto
de tudo aquilo que os conduziu para bem longe do original, do belo, simples, espontâneo
que habita em si.
No
caminho desse reconhecimento irão tropeçar em muitas fantasias e ilusões… novos
desejos, novos ideais, sonhos, alternativas, experimentando novas máscaras,
novos cenários, papéis, personagens, na tentativa de uma nova personalidade, de
se ver perdoar, incluindo a si mesmo… com facilidade continuarei julgando,
avaliando com a mesma mente de sempre, disfarçada em novos conceitos e ideais…
O
ciclo é sem fim…assim nos movemos, direccionamos, escolhemos, posicionamos e evoluímos…
Está
tudo certo e esse é o papel da mente… não há nada de errado com ela… apenas
cumpre o seu papel…
No
entanto para que eu possa relaxar diante da minha imperfeição, carências,
necessidades, impotência, limitação, personalidade, que não é boa ou má, que
simplesmente É, preciso reconhecer-me além da mente para que a possa abraçar,
nutrir, amparar, amar, conduzir com maturidade, discernimento, paciência,
tolerância, doçura, sem pressa de querer chegar ao quer que seja.
Essa
mesma atitude que cultivo internamente, se estenderá ao que se apresenta externo
a mim… ver-me-ei repetir padrões, acções, reacções que gostaria, profundamente,
que fossem diferentes… com humildade, paz interior e sabedoria, falarei desse
facto ao meu filho… com facilidade chegarei à sua beira e pedirei desculpa… com
facilidade lhe direi como gostava de ser escutada, compreendida e como desejo
escutar e compreender… com facilidade reconhecerei os meus erros sem auto-condenar-me,
amargurar-me, certa da força interior que me habita e me empurra para a acção.
De
forma autêntica e verdadeira apontarei o caminho, com lugar para o respeito,
liberdade, amor…
Baixinho
confidenciarei “ Filho, certamente irei magoar-te muitas vezes, algumas
tampouco terei consciência… mas sabe através desta minha imperfeição, o amor
que tenho por ti dentro do meu coração…”
Todos
nós nos encontramos num determinado momento evolutivo… todos nós estamos a
remar um mesmo barco, a subir uma mesma escada… uns à frente, uns atrás, precisando
uns dos outros para se ver, reconhecer, experienciar e cumprir o propósito da
vida…
Nós contagia-mo-nos,
inspira-mo-nos mutuamente e vivemos um determinado e especifico momento neste
teatro da vida… profundamente ninguém é melhor ou pior, mais ou menos, certo ou
errado…
Cada
um rodeia-se daquilo que quer e precisa, tendo em conta o momento que vive e
dentro de uma ordem bem maior que os próprios desejos mais íntimos…
Harih
Om
Sónia.