quarta-feira, 8 de junho de 2016

Reflexão # 61 - Complexidade da Mente Humana

imagem retirada da internet 

Hoje reflectia sobre a complexidade da mente humana e como os trâmites da forma como opera são dotados de um conjunto de predisposições, as quais, só uma pequenina parte está ao nosso alcance de compreensão e visão. 
Reconhecer isso internamente, não como uma crença mas sim como algo que se constata, que se auto evidencia, é criar um espaço, um campo aberto para sentar, apreciar e com imparcialidade, escutar, abraçar e amparar.
De facto, quando nos descolamos da ideia que este corpo, mente e emoções sou Eu, algo surpreendente acontece, como se a mente tivesse entrado e sentado diante de um terapeuta para, relaxada, entregue, firme e confiante, contar-se e revelar-se sem preconceitos, medos.
Ela espera esse momento como a criança espera o colo, amparo da mãe e do pai, para contar os seus devaneios, os seus sentimentos, medos, agonias, dores e fantasias.
Passamos a maior parte do tempo a renegar esse encontro, distraídos entre as histórias de encantar, de terror, produzidas nela mesma, alimentadas por toxicidades que viciam, e que aparentemente são susceptíveis de nos trazer a felicidade e paz que tanto almejamos.
Quando permiti-mos que se apresente diante dos nossos olhos exactamente como é, saberemos como carrega uma espécie de loucura, bipolaridade, imaturidade e simultaneamente uma inteligência capaz de transformar tudo isso em arte, sabedoria, conhecimento, maturidade, amor, compaixão, apenas e só por reconhecer a sua base fundamental e básica.
Olhando tantos fenómenos tristes, cruéis e brutais no mundo, um choro, uma incredulidade nos abate e muitas vezes sem que uma lágrima caia do rosto…
Todos carregamos uma dor… uma dor que aparentemente parece só nossa, mas que na verdade não é… a dor é existencial, universal e precisa ser olhada com clareza, discernimento, lucidez, amor na palavra e na acção sincera, verdadeira, honesta. E repare que não adianta ser o santo, o bem feitor, moralista… urge a necessidade de ser o guerreiro… que pega na espada e batalha pela verdade, certo dos obstáculos, adversidades, poder do “inimigo”…
Seria de grande serviço oferecer às nossas crianças, adolescentes a possibilidade de crescerem a saber da existência dessa realidade e de cedo, serem conduzidas nesse vislumbre, tendo em conta os vários momentos de vida, maturidade por onde passa a existência humana. Abrir para a possibilidade de os apetrechar de ferramentas, de condições favoráveis, propícias. Talvez valores na sociedade precisassem de ser invertidos para que tal se propagasse, não como um projeto de vida que pertence a poucos, mas como condição ao alcance de todos.
Talvez pais, filhos, amigos, comunidades, grupos precisem expor-se mais. Falar do que sentem, pensam, fantasiam, desejam, gostariam, queriam. E que todas essas palavras saíssem o mais nuas possíveis, livres de querer parecer alguma coisa em detrimento do que se é em verdade. Ainda que elas possam doer a quem as ouve, são dotadas de tanto amor que libertam, descansam.
Passar a mão pela cabeça e dizer “como eu te compreendo”, “vai passar”, “Deus sabe o que faz”, não resolve! Preciso contar-me, responsabilizar-me, querer-me, resgatar-me! Preciso indignar-me, lamentar-me da farsa, mentira que me permito viver! Preciso inclusive questionar Deus, questionar esta ordem maior! Preciso entregar-me, não como um acto que me faz festinhas na barriga e me leva a passear, entretendo-me por mais uns tempos, mas como constatação de que em verdade nada controlo, nada escolho e decido.
HarihOm
Sónia Andrade.

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