imagem retirada da internet
A ideia
de que exerço poder sobre alguém ou que alguém exerce poder sobre mim é apenas
uma sofisticada mentira produzida na e pela mente, a qual alimento
incessantemente com novas conquistas, novas estratégias, novos objectivos,
expectando posição, reconhecimento, mais-valias e por aí fora. Esta realidade é
um mero espelho daquilo que nos habituaram a ouvir, aprender, valorizar, obra
de uma estrutura de sociedade que nos fez crer que isso é sinónimo de
segurança, abundância, sucesso e prosperidade. Não criando um espaço em nós
para reflectir e olhar com profundidade quem somos, caminhamos escravos de uma
ignorância que nos impede de ver com clareza o que efectivamente nos move e dinamiza.
Facto que nos conduz à exaustão, depressão, desânimo e à perda de um sentido
para a vida. Por vezes só quando confrontados com situações criticas e as quais
comprometam a vida, nos questionamos de tal… e lamentamos, lamentamos imenso.
Para
além disso e ainda que havendo conquistas, prosperidade, abundância, desperdiçamos
a oportunidade de reconhecer o melhor que há por detrás de cada um desses
conceitos, o imenso que habita cada um de nós, que se abre e contribui para que
cada dia, gesto, acção seja dotado de consciência, presença e valor humano. Então,
nada será vivido com superficialidade… desde o colo que é dado a um filho,
quanto um presente que é dado a um amigo, ou uma canção tocada na viola, ou um
jantar de amigos e até mesmo as palavras proferidas num momento de raiva, dor,
mágoa. Tudo o que vem, tudo o que vai, virá por bem … não porque creio
cegamente, mas porque entendo e reconheço a luz que a todo o momento ilumina o
melhor e o pior de mim…
Efectivamente,
nada pode ser mais libertador, belo e porque natural e espontâneo, leve.
Que
possamos descobrir dentro da nossa complexidade humana a felicidade e a beleza
do mais simples em nós.
Esta reflexão surge de um olhar sobre mim mesma
e no tudo que observo ao meu redor. Penso que há muito para se escrever sobre
essa necessidade de exercer poder… e talvez essa palavra seja um mero
julgamento do que sentimos e necessitamos… e talvez essa corrida por poder seja
meramente uma projecção dessa realidade, que sendo ignorada nos conduz a grandes
atrocidades, injustiças, desigualdades… talvez seja a ignorância a maior causa
de destruição, de guerras, fome, etc. E talvez a mudança de facto ocorra quando
cada um de nós reconhecer essa verdade em si, essa verdade no mundo, essa
verdade em toda a existência humana. Algo que nem grupos, nem religiões, nem
mestres farão por nós. Algo que não acontece apenas praticando bondade,
solidariedade. Algo que não acontece porque leio ou partilho palavras, mas
porque as reconheço em mim.
Sónia
Om
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