quinta-feira, 11 de junho de 2015

A Busca Por Prazer...

imagem retirada da internet

Todo o ser humano é dotado de desejo por prazer sendo este um dos quatro objectivos universais da sua busca. Podemos constatar tal facto desde bebé e tenra idade. Quando vimos ao mundo completamente vulneráveis e entregues ao natural instinto de sobrevivência e confiança verificamos a procura do seio da mãe, a procura do colo, do aconchego e amor. Não é algo que se ensina ou se aprende, simplesmente É e faz parte da inteligência de toda a criação. Como uma flor que desabrocha sem que necessariamente seja semeada por alguém, que cresce entregue aos fenómenos naturais que lhe permite viver esplendorosamente.
Prazer é algo que vem junto com a criação e que me permite viver esta forma humana.
Um bebé agarrar-se ao seio da mãe busca não só alimento como o prazer do aconchego, protecção e amor. E assim dorme tranquilamente, nutrindo-o e contribuindo para um crescimento saudável.
A busca por prazer assume várias formas e pode satisfazer os meus sentidos, agradar o meu ego ou simplesmente tocar o meu coração. Por exemplo eu posso querer uma viola, tocar viola, não necessariamente porque quero ser cantora ou compositora mas porque aquele momento em contacto com som, palavras, música faz-me sentir dos mais variados jeitos que aprecio e me dão prazer. Também posso querer viajar o mundo, ser exímia a nadar ou a fazer ásanas, viver um romance, conto de fadas, comer pipocas, ser rica, poderosa ou simplesmente apreciar um pôr-do-sol, ver a filha a brincar ou a dormir. Tudo tem associado a si o prazer.
Mas então porque desejo e prazer me trazem tantos problemas? O que me leva a sentir sua escrava? O que me leva a uma busca incessante sem que ela sacie o meu senso de carência? Porque careço sempre mais? Porque tudo parece tão pouco e fugaz?
Apenas e só porque ignoro a natureza das coisas assim como a minha. Então, estarei procurando em todas elas o que me traz senso de felicidade, satisfação, contentamento. Naturalmente isso é uma busca sem fim e eu estarei sempre carecendo pois as coisas por si só não são susceptíveis de a saciar. A sua natureza é mutável, impermanente. Se hoje tenho prazer em ouvir rock and rooll e a maior felicidade é adquirir a colectânea dos AC DC, amanhã posso passar a apreciar jazz e a colectânea que adquiri já não ser objecto da minha felicidade e ficar esquecida nas prateleiras do quarto. Posso olhar, ter uma memória positiva, mas aquilo já não sacia o meu actual desejo, já não me dá prazer. Outro exemplo é a busca por um relacionamento perfeito que me traga imensa alegria, prazer, satisfação, contentamento. É um tiro no espaço… não há relacionamentos perfeitos e eles apenas espelham a luz e a sombra que há em mim. Idealizar o outro como a fonte da minha felicidade é como andar num deserto à procura de água que sacie a minha sede! No entanto eu pulo de relação em relação iludida que isso resolverá o meu problema. Como? Se o meu problema também é problema do outro? Hoje estou apaixonada porque finalmente encontrei a cara-metade, que é sensível, bonito, charmoso, delicado e amanhã, quando o fogo esfria, deixo de estar porque descubro que afinal não era… o príncipe vira sapo… e o pior é que teimo nessa maluquice de encontrar cara-metade, príncipe e as mais hilariantes fantasias, na tentativa de me ver feliz, inteira, realizada.   
Desejos e prazer fazem parte do psiquismo humano e nada de errado há com eles. No entanto é importante entender a sua relatividade dentro da felicidade que já sou a todo o momento e que é livre da realização ou não realização de desejos, do prazer ou desprazer. É importante entender que eu sou insatisfeito em mim mesmo e que não é o mundo e pessoas que não me satisfaz. E se de verdade, prazer e desejos são limitados em si mesmos, então apenas ocorrerão momentos ocasionais de prazer que da mesma forma que vêm da mesma forma vão…
Desejos e prazer tendem para infinito e quanto mais quero satisfazer todos eles para me ver livre de carência, mais saberei o quanto careço.
Estarei condenada a arder na fogueira ao invés de dançar ao seu redor…
Om
Sónia.

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