Ao
longo deste curto caminho pelos trilhos do yoga, comprometida em ver o
emaranhado que é a mente, como é ardilosa, manipuladora, dominadora, criadora, pacificadora ou destruidora, percebo
como existe uma maestria em relacionar-se com ela e como isso implica, necessariamente,
caminhar na direção do reconhecimento de algo que é auto evidente, suscetível
de ser percebido pelo ser humano, assim ele ouse e deseje desconstruir o gigante
castelo de areia que cria a todo o momento.
Ficar
próximo da sua essência não significa matar um ego, tampouco afirmar e
autoafirmar que é desprovido dele. O acto de o fazer já revela a sua
existência, portanto, não tem sequer um sentido lógico. Ficar perto da sua
essência também não significa adotar a suposta postura exemplar, conveniente ou
politicamente correcta e muito menos, a passividade de quem tudo tolera,
suporta, acomoda. Isso, podemos apenas chamar de burrice, autoflagelação,
desrespeito pela individualidade, personalidade, identidade de cada um.
Ficar
próximo da sua essência é um passo contínuo, infinito, ritmado, leve, doce e
provido de toda a delicadeza, sensibilidade na hora de entrar numa casa que é
sagrada, limpa, luminosa e amorosa.
A
vida com todas as suas experiências é o cenário perfeito, oferecido divinamente
para ousar trilhar o caminho de todos os caminhos, o objectivo de todos os
objectivos, o sonho de todos os sonhos, o amor de todos os amores, que é o
reconhecimento de quem sou, o que faço aqui, de onde vim, para onde vou. A
percepção dessa realidade, verdade pode estar longe do nosso entendimento mas
nunca separada de todos os nossos desejos… ela é a razão de todos eles…
A
inteligência perfeita na forma de forças opostas que conduzem, alinham, centram
e purificam, encarregar-se-á de nos ir confidenciando através de dor,
sofrimento, adversidades, alegrias, tristezas, mágoas e por aí adiante.
Haverá
um tempo onde o cansaço de buscar no mundo lá fora baterá à porta. Seguro e firme desejarei ir ao encontro da razão de todos os meus desejos…
Focado
nesse intento, alinhando internamente reais e verdadeiros propósitos na
direcção de mim mesmo, purificarei em cada inspiração e expiração o coração. O
mundo lá fora será um mero reflexo do que me habita, do que vejo, do que sinto.
O mundo lá fora deixará de ser o bicho papão, o pódio de todas as minhas
realizações ou a poltrona de todas as minhas insatisfações, indecisões, para
ser a minha ferramenta de trabalho, observação e maturidade.
Pouco
a pouco aprenderei a criar espaço, a escutar a sabedoria do corpo, das emoções
e a usar a mente com a sensibilidade de quem reconhece no rosto a brisa do mar,
o cheiro da flor ou da terra e o seu frescor…
Não
haverá pressa de chegar, galgar, possuir ou conquistar…
O
caminho é só o caminhar…
Que
possamos aprender a nos cruzar com a mesma delicadeza e sensibilidade da brisa
do mar… será o maior reflexo de como decido a casa cuidar…
HarihOm
Sónia A.
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