quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Reflexão # 77 - Quando nos deixamos de cativar?

imagem retirada da internet 

Caminhamos pelo mundo carregando nos olhos do coração uns óculos que distorcem a realidade, reduzindo-a a meras experiências passadas que nos deixaram feridas e um enorme filtro que aparentemente amortece a nossa dor.

Nada de certo ou errado, bonito ou feio há com o outro, senão o tanto que ele é capaz de espelhar em nós.
A incapacidade de amar o ser humano como ele merece e sob as mais diversas formas, reside apenas no que não sou capaz de curar dentro de mim, do que amarro, aprisiono sem a capacidade de deixar ir com paz, com maturidade, ternura e raiva até.

Assim vamos nós, desenfreados em exercer poder, controle sob o outro, competindo até no que é mais subtil. Fantasiando, avivando e reavivando velhas histórias que saciam os vícios que a mente se acostumou a usar para se defender, proteger, preservar.
Proteger, preservar do quê de facto? 
Só se for de mim mesmo… e quando o estou a fazer usando o outro como bode expiatório, apenas um confortável, ignorante e imaturo disfarce que me faz rodar e rodar num ciclo de sofrimento, agonia e dependência sem fim.
   
Lamentavelmente vamos deixando de nos cativar com o real valor que essa palavra merece carregar… perdemo-nos em frágeis tentativas sedutoras, esforçamo-nos equivocadamente em agradar, fazer e ser bonito, muitas vezes bem longe do que é autêntico em nós. Preocupados em parecer alegre, feliz, sorridente quando internamente um coração chora clamando apenas espaço para exercer a sua vulnerabilidade, sensibilidade.

Que possa ser esse o caminho de descoberta do amor… que pede, que dá, que cuida e se deixa cuidar sem interesse, sem pretensão ou desejo de afirmação.
HarihOm

Sónia A.   

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