imagem retirada da internet
A
vida em si é um processo que decorre desde o momento que nos foi concedida a oportunidade
de conhecer o mundo, fruto de pura inteligência que governa este corpo, esta mente,
emoções, energia.
Aprendemos
a julgá-lo, rotulá-lo, reprimi-lo, condená-lo criando conflito, doença, uma espécie
de morte precoce e isso é o que dá sentido à busca e ao buscador.
Em
algum momento haverá lugar ao questionamento do sentido da vida, de existir, de
nascer, morrer e o que é felicidade, liberdade que aliciam os sentidos para um entendimento
e reconhecimento.
É
tudo tão perfeito que necessitamos criar relações, interações, dinâmicas, até
mesmo se decidir isolar-me numa gruta no alto da montanha. O mundo externo não
é mais do que a expressão do mundo interno e por essa razão será oferecido nas
minhas mãos o que preciso para crescer e amadurecer. O que aparentemente parece
miséria, abandono, fortuna, sucesso, insucesso, não é mais do que presentes que
me empurram na direção da essência da vida e sua compreensão. Por vezes estarei
numa roda sem fim de velhos e repetitivos padrões que assumem outras formas, rostos,
seduzindo os nossos sentidos, ancorando-nos até ao limite que é necessário e
preciso. Se nos propormos a desenvolver a capacidade de estar atento,
consciente, presente, saberemos dizê-lo e escutá-lo.
Hoje
refletia sobre relações. Pessoalmente sempre resisti a elas. Relacionei-me
amorosamente uma vez, que durou vinte anos, e se olhar ao meu redor poucos são
os amigos com os quais mantenho um contacto. Habituada a viver refugiada num
mundo interno, até mesmo rodeada de pessoas, cultivando muito pouco a
confraternização, a troca, a partilha. Uma necessidade de estar e alinhar não
porque seria uma verdade em mim mas talvez para ser aceite e querida. Atitude
errada e hoje digo estas palavras com muito carinho e sem a pretensão de querer
estar certa, ser boazinha, competente ou reconhecida.
Na
verdade apenas me distanciei de mim mesma e consequentemente dos demais, negando
a possibilidade de me verem e sentirem de verdade, julgando-me muito distante,
temendo não estar à altura e portanto um mero desperdício do melhor que nos
habita.
Pensava
no fenómeno da empatia e como ele ocorre muito para além do que os olhos veem e
apreciam fisicamente, muito para além do que os ouvidos escutam e até mesmo dos
gostos, aversões que se partilham.
Empatia
é algo que se reconhece num coração que não tem olhos, que não tem corpo, que
não tem mente e que se faz sentir no silêncio de cada gesto e movimento. Por
essa razão não é a qualificação de um corpo, mente, emoções que aproxima e
afasta pessoas. Isso é mera pobreza de uma mente limitada que necessita
justificar as suas frustrações. Pessoas aproximam-se e afastam-se diante de
forças maiores e dentro de uma ordem perfeita que lhes traz o que precisam e
profundamente pedem, ainda que inconscientemente.
No
final das contas talvez fosse mais produtivo conectar-se a essa realidade
aprendendo a sentir, contemplar, reconhecer.
Se
hoje tivesse diante de mim um conjunto de seres, todos eles vendados assim como
eu, e me convidassem a escolher um para dançar, outro para conversar, outro
para amar, outro para tocar, outro para abraçar, outro para amparar, o que
moveria a minha escolha? Dançar, conversar, amar, tocar, abraçar, amparar um
outro é fazê-lo consigo mesmo. Todas as resistências, medos, dificuldades,
desconexões, conexões é em si mesmo. O outro só o espelha e por isso uma bênção,
oportunidade de crescer.
Que
possamos vendar mais os nossos olhos físicos e aprender a abrir o coração que
amacia o corpo e a mente.
Que
possamos confiar, que possamos entregar… o mundo é um lugar seguro, somos bem-vindos
e merecemos amor, prazer, alegria.
HarihOm
Sónia A.
Sem comentários:
Enviar um comentário