imagem retirada da internet
Faz
muito tempo que não vejo televisão. Cá em casa existe uma e é para total
usufruto da filha. No entanto, acompanho minimamente, escutando, lendo, aqui e
acolá, as tristezas e alegrias que se vivem no mundo. É bem verdade que a
tendência é exacerbar o que é ruim gerando em nós um constante estado de
pânico, medo que parece alavancar e sustentar uma sociedade cujo desejo é viver
bem rápido e de preferência satisfazendo os desejos que acalentam as nossas
dores, frustrações, medos, ansiedades, sem refletir com alguma profundidade
sobre eles, pois isso pode roubar o tempo que é precioso, ainda que
internamente miserável.
Hoje
reflectia sobre corrupção e como de verdade todos nós o somos. Se ousarmos
olhar para a natureza dos fenómenos, saberemos que não estamos assim tão
separados deles e que o resultado externo das acções do ser humano não são mais
do que a visão de si mesmo. Estamos corrompidos, vivemos corrompidos e alimentamos
esse estado de corruptos em nós.
Os
valores da sociedade actual só sobrevivem nessa vibração. A democracia é
fictícia, a estrutura organizacional, as hierarquias e todas as tentativas de
impor regras para a boa gestão de um país e até mesmo de uma casa. Dentro de
casas, instituições existem seres humanos, crianças físicas, crianças
emocionais e mentais que lutam por sobreviver à ignorância da sua existência,
propósito de vida.
Enquanto
cada um de nós não reconhecer o corrupto que há em si, com a dor, lamento,
amor, compaixão que merece, abraçando com humildade os seus erros e limitações,
jamais encontrará no mundo lá fora a paz, a honestidade, sinceridade, alegria,
prazer e bem-aventurança de viver, criar, servir.
As
revoltas, manifestações, indignações precisam acontecer dentro. Resgatar a
força interna e a coragem para fazer diferente diante das pequenas corrupções a
que todos estamos sujeitos por conta das nossas limitações e condicionamentos.
Viver com o dedo apontado, elegendo e reelegendo alguém digno de tomar conta da
insanidade, imaturidade que cada um carrega não parece a solução para os
problemas do mundo. Talvez se precise parar para pensar que não é o mundo lá
fora que está doente, mas sim cada um de nós. Talvez o maior e mais complexo
compromisso não seja acabar com as guerras mas sim aprender a largar as armas.
Infelizmente talvez tenhamos de assistir a inúmeras barbaridades, atrocidades
que cortam o coração mas que elas nos possam servir de introspeção. E para aqueles
que creem ser uma perda de tempo porque o tempo urge, a vida é curta, a morte é
certa, a sua vida já passou…
HarihOm
Sónia A.
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