segunda-feira, 30 de julho de 2012

Identificar vásanas...um grito de liberdade...

"O Yoga explica a vida consciente, em parte, como conseqüência do inconsciente. Todas as nossas experiências, fatal e fielmente, são gravadas numa espécie de "fita de gravação", através de ininterrupta introjeção. O que introjetamos ou gravamos nos plásticos abismos do inconsciente são: vásanás (tendências, inclinações, impulsos, motivações...) e samskáras (impressões, representações, imagens, juízos...). Lá do fundo, esse conteúdo comanda o nosso comportamento dito voluntário e consciente; comanda o que somos, queremos, sentimos, dizemos, fazemos e pensamos.
Conforme as introjeções que fazemos no curso da vida, tal será nosso destino. Quem introjeta espinho, conseqüentemente será espetado.
Assim esclarecidos, deveríamos, por interesse profilático, selecionar as impressões e tendências que introjetamos, com o mesmo critério com que um dietista escolheria sua refeição num cardápio, visando a que, nos dias de porvir, possam elas (as escolhidas) operar em proveito da saúde e não contra ela; em direção à liberdade e não à servidão; em prol de nossa felicidade e não em seu prejuízo.
A indiscriminada, inconsciente e indisciplinada introjeção de vásanás e samskáras polui, adoece, corrompe, perturba, vicia e infelicita a mente. O yogin, sabendo disso, procura acautelar-se. Evita fisicamente as que pode e, mentalmente, aquelas que, fisicamente, lhe são impostas pelo ambiente.
Seu cuidado não é apenas na área da higiene mental, mas também na fase da cura.
Nesse particular, em que consiste a cura?
Em depurar, liberar, aclarar e aprimorar o mental. O Ashtanga Yoga ou Yoga dos oito componentes, codificado pelo sábio Patañjali, é uma forma técnica de sanear a mente, não a mente que costumamos chamar de doente, mas a mente que costumamos chamar de normal e que, em verdade, é "normalmente" incapaz para a felicidade e para o alcance da Verdade. Agitada como é, tecida de conflitivos desejos, encabrestada pelo egoísmo, sacudida de paixão, obcecada pelo irreal e condicionada a fatores múltiplos, o que chamamos de mente normal não deixa de ser, inclusive, um obstáculo para a percepção da Verdade."
                                                                           Por José Hermógenes

Ter conhecimento de tais conceitos (vásanas e samskáras) e perceber como fazem tanto sentido, já é um passo em direção à transformação mental...e tal como a transformação fisica, requer aceitação, prática, disciplina, consciência ativa a cada momento, a cada movimento, compaixão, persistência, estratégia, compreensão e uma genuína vontade de superar e transcender. A técnica de pratipaksha bhavana, de adotar pensamentos opostos ao que é negativo, ajuda na reprogramação mental. Analisar pensamentos e atitudes a cada momento e contrariar o que se apresenta nocivo ao nosso bem estar e paz, é poderoso na construção de novos padrões de pensamentos, sentimentos, emoções e ações. 
Os vásanas e samskáras estão lá sempre à espreita, sempre dispostos a te tramar! Muitas vezes não que eles tenham uma carga de maldade e ruindade! Por vezes basta que sejam recheados de encanto, fantasia e romance...quem já não idealizou um amor, um relacionamento? Quem já não achou que determinada pessoa a complementaria? Quem já não se identificou com alguém e sentiu vontade de permanecer para o resto da vida junto a ela? E quem já não deixou que tudo isto fizesse parte do pensamento e se reprimisse por ele? Sofresse por ele?
E o que tudo isso traduz efetivamente? Um coração cheio de amor para dar ou um coração cheio de carências que se apega? Devemos dar voz e seguir este coração? Não creio...
Isto é um mero exemplo de como vásanas são poderosos na hora de produzir pensamentos e como isso influência a nossa "saúde" fisica, mental e a nossa ação.  A "faxina", a "limpeza" começa de dentro para fora. O brilho e alegria dum olhar e sorriso são o espelho do que pensamos e sentimos!
Permitir-se observar, analisar, compreender e decidir "lutar" por mudar, já é um grito de liberdade! 

Namastê



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