Antes
é importante perceber que quando se refere felicidade falamos da natureza
essencial do individuo. Natureza essa que não se cria ou obtém pelo acumulo do
quer que seja, por conquistas, vitórias, ganhos, sucessos, que simplesmente se
reconhece eliminando a ignorância sobre nós mesmos. Então, diria que em nada
contribui para a felicidade, mas antes, para o seu reconhecimento.
O
que representa estender um tapete, seguir um método, praticar asanas,
pranayamas, mantras? O que representa sentar e meditar? O que representa o acto
de reunir indivíduos para um satsanga? O que representa o acto de realizar puja
(ritual de reverência a deidades), ou seva ( prestar um serviço livre do desejo
por resultado, reconhecimento ou quer que seja)?
Como
contribuem para um estado de yoga, uma vida de yoga?
É
positivo se assalta ao pensamento tais questões, se me predisponho a um olhar
critico sobre os actos e factos. A crença e fé cega per si não coloca o
individuo numa situação capaz de discernir, entender com clareza e objectividade
qualquer assunto, qualquer propósito. Então, esta atitude é válida para todos
os meus actos. Seja estender o tapete e praticar astanga vinyasa yoga, seja participar
num puja, num kirtan, seja cozinhando, lavando, limpando, comunicando, relacionando-me,
dançando, cantando e por aí fora.
É
certo que tal não é comum. Desde tenra idade somos ensinados a obedecer e por
consequência a pouco pensar ou questionar. Acomodamo-nos a um determinado
padrão e condenamo-nos a uma vida em permanente conflito, condicionada e
limitada.
Tudo
aquilo que nos compõe e faz de nós um ser humano é alvo de dor e sofrimento. Um
corpo e mente inábeis para um equilíbrio e maturidade emocional, incapazes de
se relacionar de forma saudável e inteligente com a sua natureza e
consequentemente, incapazes de se relacionar com todos os seus semelhantes e o
meio que os envolve.
As
práticas, disciplinas são instrumentos, ferramentas que permitem ao individuo
observar, explorar corpo, mente, emoções, pensamentos, sentimentos, reeducando
e reestabelecendo novos padrões, valores, favoráveis a um equilíbrio físico,
mental e emocional que o permita ser capaz de entender a sua natureza
essencial.
É fácil perceber como estamos emaranhados em
actividades, resultados, sucessos, acumulo de coisas, vivendo em modo
automático, correndo fervorosamente atrás de tudo que na verdade é nada, e que
muitas vezes apenas damos conta no leito da morte.
Todas
estas disciplinas contribuem para o contacto com a nossa realidade,
individualidade, humanidade. Contribuem para desenvolver a capacidade de
permanecer atento, consciente, desperto.Contribuem
para descobrir uma energia altamente inteligente por detrás de ossos, músculos,
pele, sangue.Contribuem
para desenvolver sensibilidade e percepção capaz de reconhecer um silêncio
sempre presente por detrás de todos os movimentos de pensar e sentir.Contribuem
para desenvolver uma atitude de entrega, gratidão e devoção. Contribuem
para que o individuo consciente, de mente aquietada e coração aberto possa
receber o ensinamento e entendimento do ser natural e essencialmente feliz que
É.
Diz
Jiddu Krishnamurti que onde há atenção há disciplina. Então façamos das nossas
acções objectos observáveis com todos os sentidos, presença e atenção. Investigando,
analisando, criticando a natureza do pensamento, dos sentimentos, das emoções.
É
essa atitude que fará a diferença na hora de dizer se contribuiu ou não para
uma vida de yoga…
Om
Sónia.