O arco
íris é um fenómeno meteorológico muito bonito de se observar, que acontece
quando num céu carregado de nuvens escuras e chuva, os raios de sol brilham.
Ontem enquanto olhava isso e via a criança que coloquei no mundo, correr de
felicidade por sentir a chuva no seu rosto, pensei “como não vivenciar,
perceber, sentir e entender a beleza de Ser e Existir?” Tal questão fez-me
reflectir no quanto caminhamos em sentido contrário. Crescemos e vivemos
querendo ser tudo, ignorando que o tudo já É. Crescemos e vivemos de olhos bem
fechados para a nossa realidade… a realidade que faz de nós um ser humano. E
deste modo, convencidos por fictícios conceitos de humanidade, amor, lealdade,
felicidade, vamo-nos afastando mais e mais de nós, dos outros e da
possibilidade de vislumbrar o que é Ser. Mas… nada pode impedir a nossa
natureza de ser porque ela não é separada do Ser… e lá nas profundezas continua
a querer se revelar, manifestar, gritando por atenção, acolhimento e amor.
Neste intervalo entra em cena a mente…criando e recriando as mais sofisticadas
formas de atender a necessidades, que ao contrário, não se criam apenas são!
Paralelamente e inebriada em princípios e valores montados em e por
conveniências sociais, politicas, religiosas, menosprezando o mais simples,
espontâneo, belo e natural em nós, entra nas mais tenebrosas guerrilhas,
conduzindo o individuo à lama, à dor, ao sofrimento. E assim se vai andando,
correndo contra o tempo, tentando a todo o custo consumir o que, equivocadamente, julgamos ser fonte de felicidade, plenitude. De tanto cansaço nos desesperamos,
porque efectivamente nada tem capacidade de nos fazer sentir completos,
inteiros e plenamente felizes. Isso é obra de quem ousa despir-se de tudo
aquilo que criou em volta de si… de quem questiona criticamente sentimentos e
emoções, de quem corajosamente se olha com verdade, honestidade, de quem
humildemente se entrega ao genuíno interesse de se ver… conectar-se com o mais
íntimo de si, aceitando, abraçando e amando a condição que faz de nós um ser
que sente, que ri, que chora, é caminhar em direcção ao vislumbre do que existe
de mais grandioso e belo: o Amor.
Vale a
pena olhar além o céu carregado de nuvens negras e chuva intensa… por detrás
sempre estará raios de sol que brilham… e se por ventura teimamos em não querer
ver, sempre pode aparecer as cores do arco íris para nos fazer lembrar.
Om
Sónia
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