O que
leva uma criança a revelar indisponibilidade para escutar o que um professor
tem a dizer?
E porque a levamos a ficar disponível à base
do autoritarismo, do “quem manda aqui sou eu”, faz o que te digo! Quando é que
paramos para olhar as efectivas necessidades da criança acima de objectivos pré-estabelecidos,
expectativas, padrões? Quando seremos capazes, de ao invés questionar o
comportamento da criança, questionar o nosso? Quando seremos audazes para olhar
a criança como um ser inteiro que apenas precisa de acolhimento, compreensão, tolerância
para poder explorar o mundo ao seu ritmo?
Não
será a sua indisponibilidade apenas um reflexo da nossa? Quantas vezes
escutamos com toda a atenção e presença uma criança?
Debruçamo-nos
sobre as nossas tendências, padrões? Observamos nossas atitudes?
Daremos
nós importância a todo o conteúdo das suas palavras, gestos sem nos perdermos
nos nossos pensamentos, expectativas e afazeres?
Perguntemos
a nós mesmos, com toda a honestidade, sinceridade, profundidade, a forma como gostaríamos
de ser tratados, ouvidos e atendidos! É exactamente a forma como uma criança
gostaria…
A
criança é como uma flor, delicada, sensível que se vai embrutecendo, crendo que
é a forma de sobreviver e se defender num meio tão adverso.
Essa
criança também habita em nós.
Anseia
poder ser exactamente aquilo que é… delicada, sensível como uma flor… mas a
vida e os tempos embruteceram-na tanto que hoje se olha incapaz, digna de tal
feito! E é esta mesma criança, escondida por detrás dos nossos cabelos brancos
e rugas, que ao ver a outra se embrutecer se revolta, indigna, etc. Na verdade
o que ela quer mesmo é ver na outra o espelho daquilo que é… delicada, sensível
como uma flor…
Mas as
garras da ignorância são atrozes… deitando por terra a possibilidade de se
viver com todo o esplendor…
E
assim vamos comunicando com as nossas crianças… deixando-as à margem de si mesmas,
do imenso potencial, criatividade, amor, suavidade, delicadeza…
Todas
estas palavras são fruto do que questiono e observo em mim… de uma mente
limitada, imperfeita, condicionada para expressar o imenso que habita no peito…
Consciente
e triste de tal facto, apenas resta descer dos pedestais e humildemente
trabalhar aprendendo a parar, esperar e sobretudo rezar!
Om
Sónia.
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