imagem retirada da internet
Estudar
yoga como quem estuda um tema académico é só mais um cadeado que nos fecha numa
cápsula mental de conceitos, preconceitos que aparentemente nos habilita e
qualifica, ao ponto de crer numa libertação e felicidade baseada numa
capacidade de controlar pensamentos, emoções, sentimentos, corpo e etc. Numa panóplia
de crenças existentes na nossa mente, fruto do que vivemos e experienciamos ao
longo das nossas vidas, talvez seja esta a mais difícil de remover, pois encontra-se
subtilmente emaranhada numa incapacidade, temor, de sair da zona de conforto e
ver-se profundamente. Tal atitude requer um encontro com o mais básico,
fundamental e essencial em si. Para tanto necessito descer do pedestal,
questionar as minhas palavras, atitudes, comportamentos e as dos outros,
perceber o quanto julgo e me julgo, descobrir humildade e serenidade para
acolher e me acolher, libertar-me da arrogância para que se crie espaço de ver
e entender o outro da mesma forma que me quero ver e entender. Simples, espontâneo,
livre e fonte inesgotável de amor.
A
sofisticação mental é tanta que acabo por me perder na falsa convicção de que
sou conhecedor de grandes, inteligentes verdades e que portanto me conquistei e
ao mundo. Pobre e frágil concepção que se dissolve no cair das variadíssimas máscaras
que nos compõem. A qualquer momento lá estarei eu envolvida numa ou noutra
emoção, num ou outro sentimento, num ou outro desejo que julguei controlar ou
dominar. A qualquer momento lá estarei argumentando e contra argumentando dando
forma às minhas necessidades básicas. A qualquer momento bombardeada por
pensamentos que quero ou não quero alimentar. Está tudo em ordem. Faz parte do
psiquismo humano. E ainda que cada mente tenha as suas características, o
mecanismo é o mesmo.
Entender
o propósito, a proposta do yoga no seu sentido mais profundo e libertador é
dar-se a oportunidade de abrir o coração, reconhecer o problema existencial e reconhecer-se
além dele. Para tanto, urge a necessidade de uma mente preparada, capaz de
confiar, ousada em se “despir”, entregar e aquietada, “sentar e ouvir”.
Esta é
a realidade disponível para todos nós. Capaz de ser validada e não acreditada.
Sempre presente e permeando toda esta dinâmica de pensar, sentir, fazer, dizer,
agir, etc.
Om
Sónia
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