imagem retirada da internet
Quando
a mente começa a ser objecto de conhecimento ao invés de sofrimento iniciamos
um processo de grandes revelações e simultaneamente de libertação.
Emaranhados
em pensamentos e assumindo como nossa verdade a estória e vivência de infinitos
personagens, galgamos infinitas estradas que nos levam ao mesmo lugar de
sempre, onde tudo parece pouco e insuficiente para me satisfazer, onde tudo
parece efémero, fugaz e transitório. De facto é essa a natureza dos objectos e
nada de errado há nisso. Objectos e personagens são meras formas e expressão do
que é absoluto, imutável e eterno. O problema é a minha percepção de Eu, a
identificação com aquilo que é naturalmente mutável, transitório, variável,
fugaz. Como se houvesse um erro de cognição.
Completamente
presos numa teia, alimentamos a mente com tudo aquilo que cada personagem mais
gosta. Ora um drama, ora um terror, ora um romance, ora uma aventura, ora um
suspense, ora uma erotização e por aí vai… infinitos filmes e géneros, para
infinitos personagens, para infinitas obras…
Mergulhamos
num grande poço de água sem fundo querendo a todo o momento respirar para
sobreviver… mas se o poço de água é sem fundo e se nele estou mergulhada, como
posso respirar? Só se isso for um sonho e eu reconhecer que não sou o sonho. E
assim eu vejo o poço, eu vejo a água, eu vejo quanto mergulho, como mergulho,
respirando, vivendo porque em nenhum momento me identifico com o sonho.
Por
vezes somos avassalados por fortes emoções que parecem nos tirar do centro.
Como se a todo o momento desejássemos conectar-se ao melhor que vibra no peito
mas impedidos por uma ignorância que nos rouba a doçura, delicadeza,
espontaneidade, paz e que se manifesta em arrogância, orgulho, raiva, revolta.
A mente entra em cena, os personagens aliciados e a trama começa. Tudo em
ordem, ela cumpre o seu papel. Assim como as emoções… que apenas apontam para o poço de água, que é
sem fundo e onde posso aprender a nadar com uma mente que amadureceu.
Estados
de tristeza, alegria, euforia vão e vêem… se nos atentarmos a observar, podemos
entender que ela persiste na exacta proporção do que alimento na mente. Se por
momentos eu fechar os olhos, respirar profundamente e conectar-me a mim mesma,
a tristeza será neutralizada. Se por momentos colocar uma música e dançar ela
será transmutada numa acção prazerosa, de expressão e criação. O mesmo se passa
com a alegria e a euforia. Se eu alimentar uma euforia permanente porque
consegui isto, fiz aquilo, vou ali ou vim dali, o corpo vai exaurir, a mente
explodir… se alimento uma alegria constante e permanente, vou fechar-me numa
ilusão, numa espécie de anestesia que escamoteia a que é natural e espontânea e
que se manifesta, inclusive, nos momentos de dor e tristeza.
Então,
essa mente só mente porque fechada em si mesma, tida como o eu absoluto. Quando
observamos distantemente, discernindo os seus movimentos tendemos a criar um
natural carinho, atenção, acolhimento e cuidado por ela. Como se chegasse à conclusão de como tenho
sido negligente, deixando-a aquém do seu potencial enquanto ferramenta que dá
forma ao amor, compaixão, felicidade, plenitude, deixando-a aquém da sua
capacidade de poder expressar, de poder criar, realizar, comunicar.
Om
Sónia.
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