imagem retirada da internet
Hoje,
enquanto conduzia e regressava a casa veio ao pensamento o acto de realizar um
namaskar aos pés do mestre, professor e com ele uma reflexão que me conduziu ao
que de mais íntimo, sincero consigo ver e sentir.
Por
estes dias terminou uma breve etapa no processo de estudo de vedanta, que
trouxe consigo revelações, transformações e um olhar mais atento, presente,
focado, direccionado para o que existe de verdade. A mira assume outra
trajectória, a mente não se distrai e algo se vai revelando e desvelando num
movimento que é preciso, próprio e único. Permanecemos e simultaneamente
dançamos o ritmo, melodia, compasso que nos é oferecido.
Nem
sempre essa dança é confortável, prazerosa, previsível e dentro dos contornos
que se desejaria ou planearia, no entanto, apresenta-se com a forma que mais me
serve, que mais contribuiu para o que necessito ver, compreender, reconhecer,
integrar.
A mente
esperneia tal qual uma criança que decide fazer uma birra porque a mãe não
comprou a boneca que mais gostava… mas entretanto vai passar… vamos parar, conversar
e outros valores se vão erguer, tornando aquele desejo muito pequeno e
caprichoso.
Quando
assisti ao término de uma etapa, à entrega de um diploma que simboliza aquele
momento e à reverência dos alunos aos pés do mestre, pude sentir uma bela
emoção que se manifestou num sorriso acompanhado por algumas lágrimas também.
Deixei-a bailar pelo meu corpo e no silêncio refleti sobre ela, certa de tinha
muito para me contar e revelar.
Ao
pensamento veio o meu percurso com todos os seus contornos e recordei como num
determinado momento um namaskar aos pés do mestre é realizado com toda a
naturalidade e espontaneidade. Curvar-se aos pés do mestre é curvar-se diante
da inteligência e ordem maior que ampara e nutre o personagem que se está a
viver. Quando ele reconhece o seu papel e vislumbra a sua realidade, reconhece o
papel do mestre e a sua gratidão a ele por decidir vesti-lo.
Talvez
num outro momento esse gesto seja difícil, forçado e visto como algo que é protocolar,
tradicional, causando desconforto e ausência de uma vontade espontânea de o
fazer. Mas está tudo certo e faz parte. Se prestarmos bastante atenção, o
mestre, o professor não está diante de nós para avaliar isso… não vamos ser
mais ou menos gostados, aceites ou apreciados por… o mestre sabe que aquela
acção não lhe pertence, não é dirigida ao seu personagem, ao seu papel. Por
isso ele mantém-se equânime, servindo apenas de canal e espelho para que outros
se possam ver, reconhecer e libertar.
Harih
Om
Sónia
Andrade.
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