quinta-feira, 2 de junho de 2016

Reflexão # 59 - Namaskar aos Pés do Mestre

imagem retirada da internet 

Hoje, enquanto conduzia e regressava a casa veio ao pensamento o acto de realizar um namaskar aos pés do mestre, professor e com ele uma reflexão que me conduziu ao que de mais íntimo, sincero consigo ver e sentir.
Por estes dias terminou uma breve etapa no processo de estudo de vedanta, que trouxe consigo revelações, transformações e um olhar mais atento, presente, focado, direccionado para o que existe de verdade. A mira assume outra trajectória, a mente não se distrai e algo se vai revelando e desvelando num movimento que é preciso, próprio e único. Permanecemos e simultaneamente dançamos o ritmo, melodia, compasso que nos é oferecido.
Nem sempre essa dança é confortável, prazerosa, previsível e dentro dos contornos que se desejaria ou planearia, no entanto, apresenta-se com a forma que mais me serve, que mais contribuiu para o que necessito ver, compreender, reconhecer, integrar.
A mente esperneia tal qual uma criança que decide fazer uma birra porque a mãe não comprou a boneca que mais gostava… mas entretanto vai passar… vamos parar, conversar e outros valores se vão erguer, tornando aquele desejo muito pequeno e caprichoso.
Quando assisti ao término de uma etapa, à entrega de um diploma que simboliza aquele momento e à reverência dos alunos aos pés do mestre, pude sentir uma bela emoção que se manifestou num sorriso acompanhado por algumas lágrimas também. Deixei-a bailar pelo meu corpo e no silêncio refleti sobre ela, certa de tinha muito para me contar e revelar.
Ao pensamento veio o meu percurso com todos os seus contornos e recordei como num determinado momento um namaskar aos pés do mestre é realizado com toda a naturalidade e espontaneidade. Curvar-se aos pés do mestre é curvar-se diante da inteligência e ordem maior que ampara e nutre o personagem que se está a viver. Quando ele reconhece o seu papel e vislumbra a sua realidade, reconhece o papel do mestre e a sua gratidão a ele por decidir vesti-lo.  
Talvez num outro momento esse gesto seja difícil, forçado e visto como algo que é protocolar, tradicional, causando desconforto e ausência de uma vontade espontânea de o fazer. Mas está tudo certo e faz parte. Se prestarmos bastante atenção, o mestre, o professor não está diante de nós para avaliar isso… não vamos ser mais ou menos gostados, aceites ou apreciados por… o mestre sabe que aquela acção não lhe pertence, não é dirigida ao seu personagem, ao seu papel. Por isso ele mantém-se equânime, servindo apenas de canal e espelho para que outros se possam ver, reconhecer e libertar.
Harih Om
Sónia Andrade.




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