quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Reflexão # 31 - Arquétipos Da Perfeição...

                                                                     imagem retirada da internet


Quando corajosamente nos comprometemos descortinar os sofisticados e ardilosos mecanismos da mente, criando um espaço para poder sentir, poder observar os padrões de pensamento, desresponsabilizando os outros, as coisas, as situações, destemendo o “monstro” em mim, alimentando-o de amor, atenção, compreensão, habilito-me a entender as necessidades básicas de todo o ser humano, os valores fundamentais intrínsecos à nossa existência e o problema fundamental de todos nós.
Observo como a mente é exímia a criar arquétipos da perfeição e como nos movemos ao sabor de uma ânsia em reunir tudo o que possa tornar isso real, exequível. De facto iniciamos esse processo em tenra idade quando construímos um ego, uma individualidade, personalidade. Se prestarmos atenção nas nossas crianças verificamos como elas nos tomam ídolos, nos imitam e nos seguem com toda a inocência e confiança. Como se questionam e facilmente se sentem inadequadas, feridas por conta da incompreensão da nossa imperfeição e falsidade da perfeição. Talvez por isto seja tão urgente a mudança, a expansão da nossa consciência. É isso que fará toda a diferença na hora de conduzir uma criança e contribuir para um adulto capaz, realizado, responsável nos e pelos seus diversos papeis num todo. Talvez seja esta a maior de todas as revoluções. A tomada de consciência, o entendimento de quem sou eu além das aparentes imperfeições e perfeições de um corpo e mente.
Perceber que faz parte do psiquismo criar e fantasiar ídolos, arquétipos da perfeição e observar que se encontram subtilmente emaranhados em tendências e padrões de pensar que apenas projectam um conjunto de necessidades humanas e o desejo de ser ver livre, feliz, inteiro e pleno, é dar oportunidade a uma genuína risada de si mesmo, uma genuína risada do outro. Na verdade o outro não é diferente de mim, eu não sou diferente do outro. Não há pessoas especiais, mais ou menos importantes, muito ou pouco reconhecidas, muito ou pouco conceituadas. Pessoas são só pessoas. Todos os “upgrades” são imagens criadas dentro da cabeça de cada um de nós que ignorando a sua natureza básica busca espelhos para se ver digno de amor.
Quanto mais claro o entendimento de tal fenómeno menor o sofrimento proveniente da desilusão que nasce da ilusão e consequentemente uma atitude objectiva, determinada, consistente, com propósito nas acções, relacionamentos, escolhas, decisões. Talvez possamos descobrir uma força interior imensurável, silenciosa, delicada que nutre e nos nutre.  Uma força que se manifesta num humilde reconhecimento de fragilidades, carências, limitações. Uma força que se manifesta nas lágrimas de felicidade pelas superações do outro ou nas lágrimas de tristeza pelo sofrimento, ignorância do outro. Uma força que não carece sobressair em gestos ou palavras. Uma força que por ser, já basta e que reconhecida se posiciona ao serviço de todos.

Om
Sónia.

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