terça-feira, 7 de abril de 2015

Reflexão # 41 - Estudar Yoga como quem estuda um tema académico?!

imagem retirada da internet

Estudar yoga como quem estuda um tema académico é só mais um cadeado que nos fecha numa cápsula mental de conceitos, preconceitos que aparentemente nos habilita e qualifica, ao ponto de crer numa libertação e felicidade baseada numa capacidade de controlar pensamentos, emoções, sentimentos, corpo e etc. Numa panóplia de crenças existentes na nossa mente, fruto do que vivemos e experienciamos ao longo das nossas vidas, talvez seja esta a mais difícil de remover, pois encontra-se subtilmente emaranhada numa incapacidade, temor, de sair da zona de conforto e ver-se profundamente. Tal atitude requer um encontro com o mais básico, fundamental e essencial em si. Para tanto necessito descer do pedestal, questionar as minhas palavras, atitudes, comportamentos e as dos outros, perceber o quanto julgo e me julgo, descobrir humildade e serenidade para acolher e me acolher, libertar-me da arrogância para que se crie espaço de ver e entender o outro da mesma forma que me quero ver e entender. Simples, espontâneo, livre e fonte inesgotável de amor.
A sofisticação mental é tanta que acabo por me perder na falsa convicção de que sou conhecedor de grandes, inteligentes verdades e que portanto me conquistei e ao mundo. Pobre e frágil concepção que se dissolve no cair das variadíssimas máscaras que nos compõem. A qualquer momento lá estarei eu envolvida numa ou noutra emoção, num ou outro sentimento, num ou outro desejo que julguei controlar ou dominar. A qualquer momento lá estarei argumentando e contra argumentando dando forma às minhas necessidades básicas. A qualquer momento bombardeada por pensamentos que quero ou não quero alimentar. Está tudo em ordem. Faz parte do psiquismo humano. E ainda que cada mente tenha as suas características, o mecanismo é o mesmo.
Entender o propósito, a proposta do yoga no seu sentido mais profundo e libertador é dar-se a oportunidade de abrir o coração, reconhecer o problema existencial e reconhecer-se além dele. Para tanto, urge a necessidade de uma mente preparada, capaz de confiar, ousada em se “despir”, entregar e aquietada, “sentar e ouvir”.
Esta é a realidade disponível para todos nós. Capaz de ser validada e não acreditada. Sempre presente e permeando toda esta dinâmica de pensar, sentir, fazer, dizer, agir, etc.

Om
Sónia



Sem comentários:

Enviar um comentário