Vedanta é o nome dado ás Upanishads que compõem a parte final dos Vedas, as quais revelam o problema fundamental do ser humano e a sua natureza essencial. Para a compreensão e vislumbre da realidade que nos aponta é importante expor-se a um processo, a uma tradição que nos guia e conduz para um espaço além da mente, através da mente e onde, com clareza e discernimento, nos podemos ver livres, inteiros, plenos e felizes.
Para tanto é importante perceber que estudar vedanta não tem como propósito assimilar um conhecimento como tantos outros. Usando a afirmação do filósofo e ensaísta Agostinho da Silva "Acreditar num Deus provado seria tão relevante como acreditar na tabuada". De facto quando ouvimos vedanta percebemos a natureza de Deus, que é a natureza de todos nós e que efectivamente não é uma crença e sim uma realidade constatável, possível de ser vislumbrada além palavras e descrições, as quais terão apenas como função guiar o olhar do individuo numa determinada direcção, descrevendo o que não somos para que “despidos” e com a mesma pureza de uma criança inocente, possamos nos questionar “então o que sou?”.
Aqui chegados e debruçando-se nas palavras sábias, profundas, de grande beleza e sensibilidade contidas nas obras, nos textos, podemos ser abençoados com a resposta.
Então, quando decidimos engrenar nesta viagem é importante ficar claro que não é objectivo primordial assimilar novos conceitos, memorizar novas palavras, definir performances e ficar meramente grande conhecedor de um método, disciplinas, etc. Como diz o meu professor “Vedanta é para se ouvir com o coração”.
Cada palavra deve ressoar nas profundezas e trazer à consciência o que é inconsciente. Para tanto será necessário doses de coragem, determinação, firmeza, empenho para se olhar com verdade, honestidade. E isso, isso certamente não trará os sorrisos mais rasgados…
Em todo o caso valerá a pena.
Cada rasgo de dor e cada lágrima contribuirá para um coração que se abre, liberta, respira vida e luz! Para uma mente que se aquieta, foca e aprecia… a vida, o momento, a criação, a obra, o desejo, o fluxo de ir, vir, dar, receber…
Nada quererei possuir nas minhas mãos…
Nada ambicionarei ter sob meu poder…
Não mais quererei o mundo a meus pés mas sim os meus pés no mundo…
Om
Sónia.
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