domingo, 27 de setembro de 2015

Reflexão # 49 - Quando "Cheios de nós"...

imagem retirada da internet 

Quanto mais permanecemos “cheios de nós” maior as probabilidades de se estatelar a cada virar de esquina…como diz o provérbio popular “quanto maior a subida maior a queda”. Nada de errado há em reconhecer os seus talentos, as suas aptidões, belezas, dons, mas colocá-los como forma de se considerar especial, fora de série, separado e divido do outro, a maior armadilha da mente humana. Se prestarmos atenção, fazemo-lo tão subtilmente que inclusive se disfarçam em grandes gestos, palavras de humildade, generosidade e sorrisos de enorme simpatia e amorosidade.
Facilmente deslumbramo-nos com a apreciação, o reconhecimento, os aplausos, as manifestações de respeito e valor. Também com a mesma facilidade nos desiludimos na ausência de tudo isso correndo desesperadamente numa busca. Criamos uma auto-imagem e junto com ela um determinado tom de voz, olhar, postura física, gesto e tudo mais. Somos os primeiros a dizer a minha presença, a minha atitude, os meus feitos, as minhas conquistas, a minha energia, a minha história, o meu currículo, o meu trabalho, as minhas obras e por aí vai. Também somos os primeiros a dizer como não valho nada, como sou um falhado, como não consigo, como não tenho, como quero ter, como não sou e como quero ser. Sem querer, desenvolvemos ora uma arrogância simpática, ora uma arrogância amorosa, ora uma arrogância gentil, ora uma arrogância sisuda, convencendo-se de tudo menos de um coração que a todo o momento deseja repousar numa paz inabalável.
Podemo-nos assistir num verdadeiro ringue ora defendendo, ora atacando, lutando para ficar de pé, vitorioso, digno de respeito, consideração, valor. E ainda que no final me venham levantar o braço e entregar um troféu, o coração, esse do qual jamais poderei fugir, permanecerá insaciável. Na verdade pouco lhe vale as luzes da ribalta ou os aplausos da malta, pouco lhe vale simpatias ou ironias…
Ele nutre-se de simples e genuínos abraços…  aqueles que me dou a cada reconhecimento de erro, covardia, orgulho…a cada reconhecimento de como temo e sou impotente… a cada reconhecimento que nada me separa do outro… a cada reconhecimento que o outro é presença divina na minha existência, vida e não um adversário, inimigo ou alguém a quem devo provar, mostrar, ou ainda, alguém que devo possuir, conter, reter…
Ele nutre-se das mãos que se abrem, das emoções que dançam e do pensamento que é livre do seu julgamento…  
Ele nutre-se da ousadia de se despir e sem qualquer preconceito, mostrar-se nu…
Ele nutre-se da boca que se fecha para que ouvidos escutem…
Ele nutre-se da cabeça que se baixa para que corações se erguem…
Ele nutre-se de lágrimas que se soltam para que mentes se purifiquem…
Assim poderá respirar esplendorosamente… 
Livre de nós porque “cheios de nós”…

Harih Om
Sónia.

Sem comentários:

Enviar um comentário