sábado, 4 de março de 2017

Reflexão # 93 - O Patinho Feio Que Queria Sentir-se e Ver-se Um Cisne...

imagem retirada da internet 

Não são as relações que terminam mas a constante mentira que te sussurras.
A dependência não é da pessoa e o amor tampouco é por ela.
A dependência é da imagem, proporcional ao quanto a pessoa é capaz de te fazer sentir especial, bonita, desejável, apreciada e digna de ser amada.
Uma espécie de alimento que sacia um vazio existencial e nos coloca numa espécie de pedestal.
Quando o castelo começa a desmoronar, a dor e o lamento é tão profundo que parece não se saber dar conta.
Muito facilmente sentirás raiva, desespero, agonia, tristeza e a tentação é gerar um campo de autocomplacência, de comparação, de competição, de arrogância e orgulho.
Entrar em contacto com essa dor exige de nós coragem e uma força interna amorosa e compassiva.
Não há mundo lá fora, não há pessoas, não há situações nem circunstâncias…
Há amor interno que nos ajuda a iluminar cada recanto escuro, cada pessoa ao redor, cada pedaço de vida e tudo aquilo que maltrato em mim…
Ficar diante de realidade tão nua é assustador, exigindo que cada movimento seja com toda a presença, atenção e disponibilidade para abraçar o que se manifesta…
Certamente ficaremos diante daquilo que criámos em relação a nós mesmos e a inteligência pura, divina, encarregar-se-á de nos trazer o que pedimos para crescer, amadurecer e desconstruir.
Se carregas um patinho feio, que desconhecendo a sua natureza deseja a beleza de um cisne, atrairás até ti as pessoas e as situações que mexem e remexem o lixo, as emoções contidas e o tanto que precisas experienciar, viver, sentir para integrar o que é necessário. Certamente serás exposto à beleza física, valorizando os atributos que possivelmente careces para te sentir bonito, à luz, inteligência que julgas não merecer, às conquistas, vivências que te sentes incapaz de concretizar e por aí vai.
Se carregas em ti um todo-poderoso que ama ganhar e colecionar troféus, atrairás até ti toda a condição favorável para entrar no jogo, conquistar, alcançar, possuir, quantas vezes forem necessárias para desistir da parada.  
Se carregas em ti o fraco, incapaz atrairás oportunidades, situações e circunstâncias desafiantes que te revelarão.
Está tudo certo e dentro de uma ordem perfeita.
No meio da tempestade, do furação e no buraco, não adianta estrebuchar. Segura firme e doce, respira profundo, silencia e não reage às provocações do mundo com estratégia e para fora. Para, escuta, olha e aproveita cada movimento para ir mais um tanto ao encontro da tua integridade e dignidade. Não há beleza, não há estatuto, inteligência intelectual, mil vivências, experiências, conhecimentos que valham por tal. Não foge do mundo, não foge das relações e interações e reverência cada um que atravessa o caminho, que troca e partilha contigo.
A beleza da vida é essa e feita de momentos que devem ser vividos em consciência, presença e com a sabedoria, graça de criança.
Que possamos nos olhar não pelo olho que compara, que julga e classifica de melhor, pior, mais bonito, menos bonito, mais importante, menos importante mas antes com o olho que vê possibilidade, oportunidade, amor e luz no todo e cada um.
A maior motivação para o fazer? A paz, a felicidade, a alegria, liberdade e bem-aventurança em si. Cada pequeno passo na contemplação da beleza física, mental, emocional de um outro é a contemplação da sua.
HarihOm
Sónia A. 

Sem comentários:

Enviar um comentário