quarta-feira, 1 de março de 2017

Reflexão # 91 - A Empatia e as Relações

imagem retirada da internet 

A vida em si é um processo que decorre desde o momento que nos foi concedida a oportunidade de conhecer o mundo, fruto de pura inteligência que governa este corpo, esta mente, emoções, energia.
Aprendemos a julgá-lo, rotulá-lo, reprimi-lo, condená-lo criando conflito, doença, uma espécie de morte precoce e isso é o que dá sentido à busca e ao buscador.
Em algum momento haverá lugar ao questionamento do sentido da vida, de existir, de nascer, morrer e o que é felicidade, liberdade que aliciam os sentidos para um entendimento e reconhecimento.
É tudo tão perfeito que necessitamos criar relações, interações, dinâmicas, até mesmo se decidir isolar-me numa gruta no alto da montanha. O mundo externo não é mais do que a expressão do mundo interno e por essa razão será oferecido nas minhas mãos o que preciso para crescer e amadurecer. O que aparentemente parece miséria, abandono, fortuna, sucesso, insucesso, não é mais do que presentes que me empurram na direção da essência da vida e sua compreensão. Por vezes estarei numa roda sem fim de velhos e repetitivos padrões que assumem outras formas, rostos, seduzindo os nossos sentidos, ancorando-nos até ao limite que é necessário e preciso. Se nos propormos a desenvolver a capacidade de estar atento, consciente, presente, saberemos dizê-lo e escutá-lo.
Hoje refletia sobre relações. Pessoalmente sempre resisti a elas. Relacionei-me amorosamente uma vez, que durou vinte anos, e se olhar ao meu redor poucos são os amigos com os quais mantenho um contacto. Habituada a viver refugiada num mundo interno, até mesmo rodeada de pessoas, cultivando muito pouco a confraternização, a troca, a partilha. Uma necessidade de estar e alinhar não porque seria uma verdade em mim mas talvez para ser aceite e querida. Atitude errada e hoje digo estas palavras com muito carinho e sem a pretensão de querer estar certa, ser boazinha, competente ou reconhecida.
Na verdade apenas me distanciei de mim mesma e consequentemente dos demais, negando a possibilidade de me verem e sentirem de verdade, julgando-me muito distante, temendo não estar à altura e portanto um mero desperdício do melhor que nos habita.
Pensava no fenómeno da empatia e como ele ocorre muito para além do que os olhos veem e apreciam fisicamente, muito para além do que os ouvidos escutam e até mesmo dos gostos, aversões que se partilham.
Empatia é algo que se reconhece num coração que não tem olhos, que não tem corpo, que não tem mente e que se faz sentir no silêncio de cada gesto e movimento. Por essa razão não é a qualificação de um corpo, mente, emoções que aproxima e afasta pessoas. Isso é mera pobreza de uma mente limitada que necessita justificar as suas frustrações. Pessoas aproximam-se e afastam-se diante de forças maiores e dentro de uma ordem perfeita que lhes traz o que precisam e profundamente pedem, ainda que inconscientemente.
No final das contas talvez fosse mais produtivo conectar-se a essa realidade aprendendo a sentir, contemplar, reconhecer.
Se hoje tivesse diante de mim um conjunto de seres, todos eles vendados assim como eu, e me convidassem a escolher um para dançar, outro para conversar, outro para amar, outro para tocar, outro para abraçar, outro para amparar, o que moveria a minha escolha? Dançar, conversar, amar, tocar, abraçar, amparar um outro é fazê-lo consigo mesmo. Todas as resistências, medos, dificuldades, desconexões, conexões é em si mesmo. O outro só o espelha e por isso uma bênção, oportunidade de crescer.  
Que possamos vendar mais os nossos olhos físicos e aprender a abrir o coração que amacia o corpo e a mente.
Que possamos confiar, que possamos entregar… o mundo é um lugar seguro, somos bem-vindos e merecemos amor, prazer, alegria.
HarihOm
Sónia A. 

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