imagem retirada da internet
Existe uma inteligência imensurável
que opera muito para além daquilo que a própria ciência se esforça em
qualificar, quantificar, caracterizar, descrever ou explicar. Uma inteligência
que permite a própria mente ser dotada dessa capacidade de questionamento, busca,
raciocínio lógico, entendimento intelectual e até mesmo entendimento do que se
encontra além de si mesma.
Uma inteligência constatável
no primeiro choro de um bebé quando vem ao mundo, na primeira procura do seio
da mãe para mamar, na primeira manifestação de paz e tranquilidade quando
aconchegado no colo cheiroso da sua mãe. Uma inteligência que permite, instintivamente,
um ser sobreviver, procurar segurança e prazer.
Se analisarmos esta fase
da existência podemos compreender como vimos indefesos, vulneráveis, completamente
confiantes, entregues para a vida e para o tudo que a compõe. Ainda sem um
intelecto desenvolvido poderemos comunicar, instintivamente, o que nos nutre e
desnutre. Se avaliarmos podemos verificar como o amor, atenção, cuidado, calor
humano nutre e como o oposto contribuiu para a desnutrição. Tal facto é provado
pela ciência, por conta de x, y, z. Óptimo. Agora, é interessante debruçar-se
sobre o que sustenta essa realidade capaz de ser comprovável pelas mais diversas variáveis. Ainda que não possa ser palpável, descrita como se de um
objecto se tratasse é algo que está aí disponível para qualquer um de nós
vislumbrar, compreender e divinamente se libertar da tamanha tirania da mente,
que pela sua natureza é capaz do melhor e do pior. Nenhum assassino nasceu
assassino, nenhum pedófilo nasceu pedófilo… cada um nasceu à luz de uma
inteligência que nos conduz à procura do amor, da atenção, acolhimento que nos
faz sobreviver. Como a nossa essência pode ser algo que não amor, luz? Se assim
fosse não haveria vida… Quem nos rotula de bons e maus afinal? O que nos leva a
crer que uns são merecedores do céu e outros do inferno? Que uns têm sorte,
outros azar? Que fulano gosta ou não gosta de mim, vai ou não vai com a minha
cara? Quem me leva a acreditar que o mundo conspira contra mim? Que a minha
cultura, religião, país, grupo, etc, é melhor que outro? O que nos separa,
divide? O que nos leva a destruir uns aos outros? O que nos leva a elogiar
alguém porque cheio de luz e especial e a desconsiderar outro porque ignorante
e avarento?
Todos nós nascemos à luz
de uma mesma inteligência! Todos nós somos luz, amor, consciência, presença.
Apenas uns encontram-se mais adormecidos que outros. Apenas uns mais
emaranhados nas teias de uma mente egóica que outros. Apenas uns perdidos na noite escura e outros a
se encontrar na alvorada…
Não é utopia ou forma
romântica de se ver a vida, a existência… essas constatações são fruto de uma
mente que mente e resiste… doente de tanta dor, desespero, mágoa, sofrimento…
Uma mente que não quer
partilhar o espelho com mais nada a não ser consigo mesma… que roda, rodopia em
frente ao espelho dizendo “espelho meu, espelho meu existe alguém mais belo do
que eu?”, uma mente que criou o seu próprio trono e reinado e que teme a sua dissolução.
Uma mente escrava do prazer efémero apenas e só por desconhecer o prazer sempre
presente e imutável. Uma mente que mendiga amor, reconhecimento, atenção apenas
e só por desconhecer a fonte inesgotável dentro de cada um nós…
Uma mente que acredita no
seu início e no seu fim…
Mas, é essa mesma mente
que quando exausta se coloca em dúvida… questionamento, disponível para fazer
uma espécie de inversão de marcha rumo ao sol, luz, vida, amor… disponível para
compreender a força interna que lhe permite ser firme nos seus propósitos… que
lhe permite a persistência, determinação de superar obstáculos e de fazer de
cada novo dia uma contribuição para si mesma e para os demais…
A inteligência que me
permite vir ao mundo, independente das condições físicas ou mentais é a mesma
que me permite perder no meio da escuridão e achar na alvorada…
Portanto, está tudo na
perfeita ordem…
Om
Sónia.