sábado, 25 de fevereiro de 2017

Reflexão # 87 - Relacionamentos Conscientes

imagem retirada da internet 

Certa vez é preciso ousar ver e sentir o que nos motiva a relacionar, o que nos empurra, atrai…
Sem julgamento, juízo de valor, mas com um peito bem disponível para se desencantar, desiludir de forma a poder ir ao encontro de algo bem maior que se ergue para acomodar cada contorção de dor… não é drama, não é poesia, não é magia… é pura alquimia que se faz sentir em cada célula…
Diante de nós um castelo de areia que se vai desmoronando… segredando ao ouvido a necessidade e carência de se ver através do outro especial, bonito, poderoso, valioso, amado, seguro, protegido, por conta da imagem que criamos de nós mesmos, pessoas e mundo… seres não merecedores, seres inferiores, seres superiores, indignos de pureza, inocência, prazer e bem-aventurança…
É triste, é comovente, sufocante até… tamanha carga que carregamos e fazemos carregar inconscientemente… como o mundo lá fora alicia, provoca os nossos personagens deslumbrando-os… o carente, o sem valor, a vítima, o feio, o não desejado, que fácil, fácil vai socorrer a sua dor diante daquilo e daquele que supre o seu desconforto, agonia.
Que haja compaixão para com isso, que haja acolhimento, mas com um sentido crítico de quem ousa olhar, questionar e fazer por se descobrir livre dentro dessa realidade.
Relações podem ser campo de crescimento, amadurecimento mas também de poder, manipulação, controle, dependência, roubando a dignidade de cada um… é tão subtil que o fazemos através dos mecanismos mais amorosos, atenciosos, bondosos…
Que possamos abraçar a nossa ignorância, limitação, experienciando, mas de olho e coração presente, atento, aberto para poder sentir, reconhecer e transmutar.
Relações são de facto a beleza da vida e conduzi-las na direção da base essencial, amorosa e compassiva a grande missão, propósito de viver o dharma. De facto, vivê-lo requer de nós a força interna para sair do conforto, do que é aparentemente certo, lógico, comum e dentro de todos os requisitos que nos fizeram crer um dia… a força para entrar gentilmente em cada fantasia, desejo e abraçar com toda a compreensão, aceitação, amparo, tal qual a mãe que acolhe o filho no seu regaço, ora para rir, ora para chorar…
Talvez num primeiro momento o desencanto pareça insuportável, assustador, deprimente que nos conduz ao impulso e desejo de morte, tamanha a luz que se revela para nós…
Talvez tudo pareça não ter sentido, entusiasmo, adrenalina, paixão tamanho o hábito, costume do corpo e mente presos, viciados, manipulados…
Talvez tenhamos de dar tempo e espaço a um novo corpo, olhar, que renascem para contar uma outra história…
Que possamos nos entregar ao mistério do que nos aproxima e afasta com uma mente desperta para conhecer, entender, crescer, amadurecer, ao invés de uma mente que busca apenas os arrebatadores prazeres fugazes, sem tampouco usufruir do tanto que eles têm para nos confidenciar…

HarihOm
Sónia A. 

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