quarta-feira, 30 de abril de 2014

Menina, minha menina agora é cantiga :)

A primeira vez que reencontrei a minha criança interior e a consegui traduzir em palavras, escrevi umas rimas...
A brincar com a viola juntei 4 acordes e um ritmo...
E de brincadeira em brincadeira saiu esta cantiga...
Cantando e brincando olho, acolho, protejo, cuido, amo, compreendo a minha menina...
E por essa vida fora a levarei comigo... prestando-lhe atenção, dando-lhe espaço para que se manifeste e expresse...
Dou-lhe a mão, ouço a sua voz, não mais serei atroz...

Om
Sónia.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Retorno à Inocência... Menina...Minha Menina


Menina… minha menina

Hoje encontrei-te naquele banco verde de jardim
Junto ao bebedouro de água e vaso de jasmim…

Enquanto caminhava podia ver os teus cachos dourados
Entre olhar cabisbaixo e sorrisos envergonhados...

Com pezinhos de veludo aproximei-me de ti
 A todo o momento deste conta de mim…

Ajoelhei-me junto dos teus joelhos e toquei-os com os meus dedos
Levantei o teu rosto para que me olhasses sem medos…

Menina assustada…
Menina aprisionada…
Menina amor…
Menina vida…
Menina esquecida…
Menina perdida…

Perguntei como te sentes
Mas as palavras estiveram ausentes…

Com doçura agarrei a tua mão e levei-te a passear…
Tanta cor, tanta flor, tanto pássaro a cantar…
O teu sorriso, o teu olhar, o teu coração a brilhar…

Vamos correr com as borboletas
Entre estas flores violetas?
Vamos saltar, cantar, rebolar
Para sempre recordar?
E que tal dançar?

Menina… minha menina… não mais estás sozinha…
Menina… minha menina… chora em minha companhia…
Menina… minha menina… dou-te a minha mão…
Apresenta-me o teu coração…
Mostra-me a tua voz…
Não mais serei atroz…

(Sónia Andrade)




segunda-feira, 14 de abril de 2014

O que um método ou prática de yoga contribui para a minha felicidade?



Antes é importante perceber que quando se refere felicidade falamos da natureza essencial do individuo. Natureza essa que não se cria ou obtém pelo acumulo do quer que seja, por conquistas, vitórias, ganhos, sucessos, que simplesmente se reconhece eliminando a ignorância sobre nós mesmos. Então, diria que em nada contribui para a felicidade, mas antes, para o seu reconhecimento.
O que representa estender um tapete, seguir um método, praticar asanas, pranayamas, mantras? O que representa sentar e meditar? O que representa o acto de reunir indivíduos para um satsanga? O que representa o acto de realizar puja (ritual de reverência a deidades), ou seva ( prestar um serviço livre do desejo por resultado, reconhecimento ou quer que seja)?
Como contribuem para um estado de yoga, uma vida de yoga?
É positivo se assalta ao pensamento tais questões, se me predisponho a um olhar critico sobre os actos e factos. A crença e fé cega per si não coloca o individuo numa situação capaz de discernir, entender com clareza e objectividade qualquer assunto, qualquer propósito. Então, esta atitude é válida para todos os meus actos. Seja estender o tapete e praticar astanga vinyasa yoga, seja participar num puja, num kirtan, seja cozinhando, lavando, limpando, comunicando, relacionando-me, dançando, cantando e por aí fora.
É certo que tal não é comum. Desde tenra idade somos ensinados a obedecer e por consequência a pouco pensar ou questionar. Acomodamo-nos a um determinado padrão e condenamo-nos a uma vida em permanente conflito, condicionada e limitada.
Tudo aquilo que nos compõe e faz de nós um ser humano é alvo de dor e sofrimento. Um corpo e mente inábeis para um equilíbrio e maturidade emocional, incapazes de se relacionar de forma saudável e inteligente com a sua natureza e consequentemente, incapazes de se relacionar com todos os seus semelhantes e o meio que os envolve.
As práticas, disciplinas são instrumentos, ferramentas que permitem ao individuo observar, explorar corpo, mente, emoções, pensamentos, sentimentos, reeducando e reestabelecendo novos padrões, valores, favoráveis a um equilíbrio físico, mental e emocional que o permita ser capaz de entender a sua natureza essencial.
 É fácil perceber como estamos emaranhados em actividades, resultados, sucessos, acumulo de coisas, vivendo em modo automático, correndo fervorosamente atrás de tudo que na verdade é nada, e que muitas vezes apenas damos conta no leito da morte.
Todas estas disciplinas contribuem para o contacto com a nossa realidade, individualidade, humanidade. Contribuem para desenvolver a capacidade de permanecer atento, consciente, desperto.Contribuem para descobrir uma energia altamente inteligente por detrás de ossos, músculos, pele, sangue.Contribuem para desenvolver sensibilidade e percepção capaz de reconhecer um silêncio sempre presente por detrás de todos os movimentos de pensar e sentir.Contribuem para desenvolver uma atitude de entrega, gratidão e devoção.  Contribuem para que o individuo consciente, de mente aquietada e coração aberto possa receber o ensinamento e entendimento do ser natural e essencialmente feliz que É.
 Diz Jiddu Krishnamurti que onde há atenção há disciplina. Então façamos das nossas acções objectos observáveis com todos os sentidos, presença e atenção. Investigando, analisando, criticando a natureza do pensamento, dos sentimentos, das emoções.
É essa atitude que fará a diferença na hora de dizer se contribuiu ou não para uma vida de yoga…

Om
Sónia.            

domingo, 6 de abril de 2014

Os escravos do amor...

Caminhando por estes trilhos, abraçando um olhar despido sobre mim, percebo o quanto somos reféns de um amor criado em fantasias, ideais e expectativas. Tão cruel e caprichoso que apenas se vê em si e por si, alimentando-se ferozmente de pessoas, coisas, situações e circunstâncias. Um amor que depende, um amor que aprisiona, um amor limitado em si, expressado nas mais hilariantes juras de amor, nos maiores malabarismos, com o propósito de possuir, deter, reter algo que se encontra precisamente no oposto… na liberdade, na independência, na emancipação... de pessoas, coisas, situações e circunstâncias. É na dor, sofrimento, desilusão que nos vamos libertando de tantos equívocos que fazem do coração um escravo do amor…
Somente abrindo mão de tal escravidão poderei amar verdadeiramente.
Somente amando verdadeiramente poderei sentir-me inteiro e pleno.
Om
Sónia





quinta-feira, 3 de abril de 2014

Descobrindo o Amor...


O arco íris é um fenómeno meteorológico muito bonito de se observar, que acontece quando num céu carregado de nuvens escuras e chuva, os raios de sol brilham. Ontem enquanto olhava isso e via a criança que coloquei no mundo, correr de felicidade por sentir a chuva no seu rosto, pensei “como não vivenciar, perceber, sentir e entender a beleza de Ser e Existir?” Tal questão fez-me reflectir no quanto caminhamos em sentido contrário. Crescemos e vivemos querendo ser tudo, ignorando que o tudo já É. Crescemos e vivemos de olhos bem fechados para a nossa realidade… a realidade que faz de nós um ser humano. E deste modo, convencidos por fictícios conceitos de humanidade, amor, lealdade, felicidade, vamo-nos afastando mais e mais de nós, dos outros e da possibilidade de vislumbrar o que é Ser. Mas… nada pode impedir a nossa natureza de ser porque ela não é separada do Ser… e lá nas profundezas continua a querer se revelar, manifestar, gritando por atenção, acolhimento e amor. Neste intervalo entra em cena a mente…criando e recriando as mais sofisticadas formas de atender a necessidades, que ao contrário, não se criam apenas são! Paralelamente e inebriada em princípios e valores montados em e por conveniências sociais, politicas, religiosas, menosprezando o mais simples, espontâneo, belo e natural em nós, entra nas mais tenebrosas guerrilhas, conduzindo o individuo à lama, à dor, ao sofrimento. E assim se vai andando, correndo contra o tempo, tentando a todo o custo consumir o que, equivocadamente, julgamos ser fonte de felicidade, plenitude. De tanto cansaço nos desesperamos, porque efectivamente nada tem capacidade de nos fazer sentir completos, inteiros e plenamente felizes. Isso é obra de quem ousa despir-se de tudo aquilo que criou em volta de si… de quem questiona criticamente sentimentos e emoções, de quem corajosamente se olha com verdade, honestidade, de quem humildemente se entrega ao genuíno interesse de se ver… conectar-se com o mais íntimo de si, aceitando, abraçando e amando a condição que faz de nós um ser que sente, que ri, que chora, é caminhar em direcção ao vislumbre do que existe de mais grandioso e belo: o Amor.
Vale a pena olhar além o céu carregado de nuvens negras e chuva intensa… por detrás sempre estará raios de sol que brilham… e se por ventura teimamos em não querer ver, sempre pode aparecer as cores do arco íris para nos fazer lembrar.

Om

Sónia