segunda-feira, 30 de julho de 2012

Identificar vásanas...um grito de liberdade...

"O Yoga explica a vida consciente, em parte, como conseqüência do inconsciente. Todas as nossas experiências, fatal e fielmente, são gravadas numa espécie de "fita de gravação", através de ininterrupta introjeção. O que introjetamos ou gravamos nos plásticos abismos do inconsciente são: vásanás (tendências, inclinações, impulsos, motivações...) e samskáras (impressões, representações, imagens, juízos...). Lá do fundo, esse conteúdo comanda o nosso comportamento dito voluntário e consciente; comanda o que somos, queremos, sentimos, dizemos, fazemos e pensamos.
Conforme as introjeções que fazemos no curso da vida, tal será nosso destino. Quem introjeta espinho, conseqüentemente será espetado.
Assim esclarecidos, deveríamos, por interesse profilático, selecionar as impressões e tendências que introjetamos, com o mesmo critério com que um dietista escolheria sua refeição num cardápio, visando a que, nos dias de porvir, possam elas (as escolhidas) operar em proveito da saúde e não contra ela; em direção à liberdade e não à servidão; em prol de nossa felicidade e não em seu prejuízo.
A indiscriminada, inconsciente e indisciplinada introjeção de vásanás e samskáras polui, adoece, corrompe, perturba, vicia e infelicita a mente. O yogin, sabendo disso, procura acautelar-se. Evita fisicamente as que pode e, mentalmente, aquelas que, fisicamente, lhe são impostas pelo ambiente.
Seu cuidado não é apenas na área da higiene mental, mas também na fase da cura.
Nesse particular, em que consiste a cura?
Em depurar, liberar, aclarar e aprimorar o mental. O Ashtanga Yoga ou Yoga dos oito componentes, codificado pelo sábio Patañjali, é uma forma técnica de sanear a mente, não a mente que costumamos chamar de doente, mas a mente que costumamos chamar de normal e que, em verdade, é "normalmente" incapaz para a felicidade e para o alcance da Verdade. Agitada como é, tecida de conflitivos desejos, encabrestada pelo egoísmo, sacudida de paixão, obcecada pelo irreal e condicionada a fatores múltiplos, o que chamamos de mente normal não deixa de ser, inclusive, um obstáculo para a percepção da Verdade."
                                                                           Por José Hermógenes

Ter conhecimento de tais conceitos (vásanas e samskáras) e perceber como fazem tanto sentido, já é um passo em direção à transformação mental...e tal como a transformação fisica, requer aceitação, prática, disciplina, consciência ativa a cada momento, a cada movimento, compaixão, persistência, estratégia, compreensão e uma genuína vontade de superar e transcender. A técnica de pratipaksha bhavana, de adotar pensamentos opostos ao que é negativo, ajuda na reprogramação mental. Analisar pensamentos e atitudes a cada momento e contrariar o que se apresenta nocivo ao nosso bem estar e paz, é poderoso na construção de novos padrões de pensamentos, sentimentos, emoções e ações. 
Os vásanas e samskáras estão lá sempre à espreita, sempre dispostos a te tramar! Muitas vezes não que eles tenham uma carga de maldade e ruindade! Por vezes basta que sejam recheados de encanto, fantasia e romance...quem já não idealizou um amor, um relacionamento? Quem já não achou que determinada pessoa a complementaria? Quem já não se identificou com alguém e sentiu vontade de permanecer para o resto da vida junto a ela? E quem já não deixou que tudo isto fizesse parte do pensamento e se reprimisse por ele? Sofresse por ele?
E o que tudo isso traduz efetivamente? Um coração cheio de amor para dar ou um coração cheio de carências que se apega? Devemos dar voz e seguir este coração? Não creio...
Isto é um mero exemplo de como vásanas são poderosos na hora de produzir pensamentos e como isso influência a nossa "saúde" fisica, mental e a nossa ação.  A "faxina", a "limpeza" começa de dentro para fora. O brilho e alegria dum olhar e sorriso são o espelho do que pensamos e sentimos!
Permitir-se observar, analisar, compreender e decidir "lutar" por mudar, já é um grito de liberdade! 

Namastê



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Krishna diz a Arjuna...

" Estando firme no yoga, faça ações abandonando o apego, tendo a mesma atitude frente ao sucesso e ao fracasso. Ó Arjuna, a atitude de equilibrio é chamada yoga."

"Quando a sua mente, atormentada com declarações dos Vedas, ficar livre de agitação e firme no Atma, então você alcançará yoga."

E Arjuna pergunta:

"Qual a descrição da pessoa cujo conhecimento é firme e está estabelecido em Atma? Como a pessoa de conhecimento firme fala, sente e anda?"

"Arjuna, quando um individuo deixa de lado todos os desejos que entram em sua mente, estando satisfeito em si mesmo, através de si mesmo, então é dito que seu conhecimento é firme."

"Aquela pessoa isenta de desejo, medo e raiva, livre da sede por prazeres, não afetada por situações adversas e cujo conhecimento é firme, é chamada de sábia."

Estou a ter mais uma oportunidade de ouvir os ensinamentos contidos em Bhagavadgita!
Como diz a professora Gloria Arieira, "Gita fala diretamente ao coração das pessoas. As dúvidas e dificuldades de Arjuna em relação a si próprio e à melhor maneira de se conduzir na vida, são as mesmas de todos nós."
Incrível como milhares de anos passam e esta obra cabe nas nossas vidas, nas nossas ações! Quem a estuda e lê identifica-se com as dúvidas, medos, desejos e conflitos de Arjuna. É uma oportunidade para aprender a se autoconhecer e como ter uma vida de equilíbrio e pura felicidade.
O Yoga ganha outra dimensão quando estudamos estas obras sagradas. Deixa de ser só uma prática de posturas fisicas que trazem alinhamento, flexibilidade, força, energia. Deixa de ser só um exercício respiratório que equilibra as emoções. Deixa de ser só uma técnica de relaxamento que nos permite vivenciar momentos de paz interior. Trata-se de toda uma conduta que permite a possibilidade de paz, felicidade e plenitude, permanente, em cada umas das ações na vida.
Quando há uma predisposição para entender tais valores fica fácil concluir que eles são lógicos! A tarefa difícil será sempre a ação! As tendências do nosso ego são fortes! O poder dos nossos sentidos é imenso! A estimulação externa é constante! Estar atento, consciente e com toda a capacidade de discernimento em cada ação, é um verdadeiro desafio!
O ásana, a meditação, o mantra, os pranayamas são instrumentos de trabalho que preparam a mente para receber tal conhecimento.
Como praticante de astanga vinyasa yoga posso perceber que é possível sim, caminhar nessa direção de consciência, autoconhecimento, autocontrole e discernimento. Algumas transformações na atitude, forma de estar na vida, forma de agir e ser, são notáveis! Caminhar em direção ao estado de yoga é real!
O primeiro passo será mesmo a motivação pessoal em querer ativar esse estado...

Namastê




sábado, 14 de julho de 2012

Reflexão #1


O yogi não quer ser o melhor, o mais forte, o mais inteligente, o mais conhecido, o mais respeitado...
O yogi busca a simplicidade da vida, busca ser o melhor de si, busca a paz, o silêncio, a harmonia, a clareza, o discernimento...
O yogi quer que todos os seres, em todos os lugares sejam prósperos e felizes! 
É um longo processo! Requer trabalho, disciplina e determinação!
Cada ser tem a sua história, as suas tendências, as suas limitações, os seus desejos, os seus pensamentos, sentimentos e emoções.
A prática do yoga é uma experiência única! Cada um de nós, se o vivenciar com seriedade e respeito, irá perceber o quanto ele é rico e valioso!
Sinto que ele traz à tona tudo o que faz parte do meu ser. As coisas boas, más, agradáveis, desagradáveis. E se por um lado isso me causa conflito e por vezes assusta, por outro dá-me as ferramentas e o conhecimento necessário para mudar o que é possível de ser mudado. 
Apenas devo ser forte, determinada e adoptar a atitude correta! 

Namastê


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Basta! Quero entender o meu sofrimento...

Através da prática física, que requer concentração e foco, podemos perceber o quanto nossas emoções influenciam a ação. Deixar a mente entregue à imaginação, aos pensamentos soltos e descontrolados é permitir ser dominado pela emoção e perder o controle sobre a capacidade de nos focarmos em algo. 
Superar tal limitação será o maior dos meus desafios! Outrora, em momentos críticos, completamente entregue à emoção e aos pensamentos de incapacidade, insegurança e medo, era o fugir de mim mesma e de ações, que "solucionavam" o problema. As emoções eram as maiores responsáveis de criação de necessidade para mim! Hoje vou comprar aqueles jeans porque me fazem um corpo bonito! Hoje vou aprender a tocar guitarra porque é bacano estar no mundo da música! Hoje quero ser cantora porque é show! Hoje quero ser uma empresária de sucesso porque é o que está a dar, é o que tem saída, é o que dá guito! Hoje vou malhar porque os meus glúteos e os meus seios estão a ficar caídos! Hoje quero aprender a sambar porque é sensual! Hoje vou beber uns copos para esquecer! Hoje vou fumar um charro porque fico curtida! Uma roda viva de ações movidas pela emoção, pelo sentimento de carência, insatisfação e afirmação! Confesso que achava haver algo de errado...questionava-me muito! Culpava o meu jeito de ser e desejava mudar! 
Esta reflexão, este auto estudo, esta auto análise, possível quando decidimos procurar a verdade em nós, surge ao ler a tradução da professora Gloria Arieira, de Bhagavad Gita..." Faz-se necessário descobrir uma mente que diz "basta", quero entender meu sofrimento, sua causa e a solução para este problema fundamental do ser humano. Somente neste momento, a pessoa torna-se um buscador da verdade de si mesmo, um buscador da libertação do aprisionamento da roda do samsara, do continuo vir a ser."
Outrora sentia-me uma menina imatura, cheia de problemas existenciais, que não havia vivido todas as experiências capazes de trazerem o conhecimento certo, a força exata , a segurança precisa. Questionava porque razão eu era assim, porque razão eu valorizava tais coisas quando à minha volta isso era tão ignorado! Por vezes sentia-me um verdadeiro ET...
O yoga mostra que não sou a única nesta busca, mostra que foi importante vivenciar tais sentimentos, mostra que é possível transformar. 
É difícil, exigente, não há magia, leva tempo mas é real! É trabalho, dedicação e empenho para toda a vida em prol da preparação de uma mente capaz de conhecer e compreender.  
E vocês perguntam...ah e tal, agora que praticas yoga és "imune" ao sofrimento, à dor, ao desejo, à necessidade de prazer? 
E eu respondo...sou um pouco mais do que ontem e um pouco menos do que amanhã (risos)
E vocês perguntam...ah e tal, agora que praticas yoga já não cantas, já não danças, já não brincas, já não contas piadas?
E eu respondo...continuo a cantar com a diferença de conseguir ouvir a minha voz, perceber a minha respiração e observar as minhas emoções! Amo dançar, danço com a diferença de sentir as minhas pernas, o rebolado das minhas ancas e a alegria do meu coração! Brinco com a diferença de me conseguir sentir uma criança! Conto piadas com a diferença de elas serem um pouco mais inteligentes! (risos)

E é esta a minha reflexão do dia...
Namastê   

terça-feira, 10 de julho de 2012

Uma viagem pelo ásana

Quando decidi experienciar a prática o yoga de forma séria, prestei bastante atenção a todas as palavras proferidas pelo meu professor e comprometi-me a colocá-las em prática. Queria muito sentir se era de verdade tudo o que dizia, mesmo sabendo que tal era difícil e exigente. Comprometi-me a não desistir e a dar o melhor de mim, empenhando-me e dedicando-me. Foram dias difíceis, com um peito e coração fechados, pernas e braços atrofiados e uma vulnerabilidade para não acreditar que determinadas coisas seriam possíveis! Fico grata a essa pessoa que acompanha o meu processo, a minha evolução pela capacidade de dizer a coisa certa, no momento certo sem que para isso seja necessário abrir a minha boca! Inspirou, motivou e mostrou que é possível sim, a transformação física, a transformação mental e emocional. Paralelamente a uma prática intensa, houve a transmissão de conhecimentos expressos nos Sutras de Patanjali, no bhagavad gita e até de sua experiência pessoal. Saber uma resposta para as questões, dúvidas, desafios, limitações e obstáculos ajudaram a permanecer! Tudo dependia de mim mesma! Não se tratava de sorte ou azar em ter crescido de determinada forma, de ter adoptado determinados hábitos, de ter desenvolvido certas tendências e até mesmo de acreditar em determinados valores! O yoga, com a sua cultura, estilo de vida e técnica, estava ali para me ajudar! Estava ali para me mostrar que é real a possibilidade de caminhar em direção à liberdade! Hoje sou mais livre do que ontem! Não tenho dúvidas!
Os dias têm passado, e olhando para trás consigo perceber o quanto meu corpo mudou e juntamente com ele a minha forma de olhar e estar na vida.
Já tive a oportunidade de partilhar aqui no diário de sádhana o que essa transformação física causou num primeiro momento...(risos)
Hoje prestando atenção a cada movimento do meu corpo reconheço que existe sim, uma força interna antes inalcançada com musculação ou body training sistems. É uma força que me permite reconhecer cada músculo que solicito. Uma força que me permite estar presente, que me mantém estável, firme. Uma força que se começa a compreender e a ser usada de forma estratégica e inteligente pelo próprio corpo.
É algo que parece existir dentro de nós e que se torna activo quando prestamos toda a atenção e concentração.
Hoje dou por mim a "viajar" pelas costelas, pernas, glúteos, coxas, mãos, braços, peito, ombros a cada vez que faço adomuka, procurando reajustar a postura. Isso, há um ano atrás era o verdadeiro masoquismo!
E o badda konasana? Hoje é interessante perceber o que acontece com as minhas coxas, com os meus glúteos, com o assoalho pélvico, com as pernas, os braços, as costas, o peito. Outrora? Outrora era a verdadeira tortura medieval...(risos)
No meu sádhana de hoje prestei especial atenção à forma como respiro, aos vinyasas, aos bandhas...constato que há muito trabalho pela frente quando se pretende alcançar uma postura executando devidamente os bandhas, ativando drishtis e fazendo os vinyasas direitinho! Como diz Shri Patthabis Jois...pratice, pratice, pratice and all is coming...bem verdade...vem tudoooooooo mesmo (risos). Coisas agradáveis, desgradáveis, coisas boas, coisas más...e porquê, pergunto eu? Porque somos os maravilhosos seres que têm um ego que dá uma carga de trabalhos ao longo das nossas vidas! (risos)
Mas também que seria do Yoga sem egos? O que seria o mundo?
Agora digam lá que isto não é interessante?

É esta a minha reflexão de hoje :)

Namastê!


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Eu, o meu ego e uma travessia no deserto




Foi a gravidez e uma enorme instabilidade emocional que me fizeram procurar a prática do yoga. Naquele momento havia decidido dar a oportunidade à minha filhota, de viver a sua vida uterina com alguma qualidade. A primeira ideia é que se trata de uma prática bem tranquila e relaxante, que nos leva a um estado de peace and love sem precisar de fumar um charro (risos)! 
Logo na primeira aula pude perceber que a prática não era assim tão tranquila...os meus braços tremiam, a minha respiração era ofegante, as pernas doiam de tão atrofiadas e o meu rosto era tudo menos um rosto sem expressão...
Os tempos foram passando, a barriga crescendo e a prática era para mim três dias da semana que dedicava ao primeiro lar da filhota...esforçava-me para que o corpo ficasse preparado para um parto normal, para que as emoções, sentimentos e pensamentos planassem. Naquele momento apenas isso era o importante. O estado de graça era tal que não havia lugar para questões, dúvidas, and so on. 
Quando a filha nasceu foi gritante a vontade de dar um novo rumo à vida. Não queria voltar aquele estado de contrafeito e frustação! Não queria continuar fechada para o mundo! Não queria viver na ilusão, no sonho e fantasia! Não queria continuar em busca de algo num "não sei bem onde", "não sei bem o quê"! Não queria continuar a ser aquela menina cheia de energia, timida e insegura! Não queria continuar a convencer-me do que não era! Não queria continuar a viver achando que só fazia sentido, se houvesse lugar às borboletas na barriga e palpitações no coração! 
Queria paz! Queria descer à terra! Queria ser e fazer de verdade! Queria estar! Queria dar o melhor de mim! Queria ouvir-me! 
Ao iniciar uma prática diária e ao ouvir alguns ensinamentos começo a perceber a lógica da coisa e naturalmente fico mais desperta para tudo o que acontece comigo. A meta deixa de ser apenas chegar com o nariz à canela ou ficar de cabeça para baixo...de que me vale tais habilidades se continuo sem controlar meus impulsos? Se continuo a desejar as borboletas na barriga, o coração a palpitar? Se continuo a deixar que a fantasia me roube a concentração e o foco? Se continuo a deixar meus pensamentos e emoções  soltos, livres e sem rédeas? Se continuo sem saber gerir e arrumar a "minha casa"? 
Confesso que saber que o ego é o responsável pela bagunça, tranquiliza (risos). Mas saber que não o podemos simplesmente colocar na rua, assusta (risos)! Então, a solução será aprender a viver com ele e domesticá-lo direitinho! Esta sim é tarefa dificil de se fazer! São imensas as armadilhas ao longo da caminhada! Se damos uma trégua lá está o amigo ego a fazer das suas, lá estão a surgir as falsas percepções, os sentimentos confusos e equivocados, os pensamentos despropositados, as emoções alteradas, descompassadas, as ações pouco inteligentes, as decisões erradas, a degradação fisica, o bloqueio e a atrofia mental! 
Percebem porque se torna tão importante compreender o ego? Percebem porque devemos ficar atentos às nossas tendências, aos nossos hábitos, à nossa personalidade?  
Quando arrumamos a casa podemos entender melhor nosso dharma, o nosso dever, a ação certa, a ação que não agride o outro. 
E vocês perguntam para mim, que iniciei a minha prática diária há certa de um ano, sabes qual é o teu dharma? Sabes compreender o teu ego? Tens sempre uma boa relação com ele? Sabes colocar as rédeas nos teus cavalos? A carroça já se espatifou? O cocheiro já se magoou? 
E eu respondo...não, não sei qual o meu dharma mas tento saber! Assim como tento compreender o meu ego e relacionar-me da melhor forma com ele.
O cocheiro, um novato nesta trilha, nem sempre coloca da melhor forma as rédeas nos seus cavalos! Vai daí, já deixou que a carroça se espatifasse e óbvio que se magoou sério!
Mas...o cocheiro um dia decidiu que não mais havia de fugir e desistir! Levantou-se, sacudiu-se e continuou a sua caminhada! O importante não é cair mas sim a vontade e capacidade de se levantar! Na verdade cada queda traz consigo ensinamento, conhecimento. Não é ignorando a queda que a evito! É aceitando-a, percebendo-a! 

Namastê
 
 

domingo, 8 de julho de 2012

Colocar rédeas aos cavalos...

Hoje após prática de astanga participei num satsanga bem "produtivo"! Falámos do épico Bhagavad Gita, dos conflitos do princípe Arjuna na hora de cumprir o seu dharma, da sabedoria de Krishna que lhe desvenda a verdade suprema e do como tais ensinamentos podem e devem ser aplicados na vida de quem busca a paz, o amor, a felicidade, plenitude, liberdade e transcendência.
Quando assumimos um compromisso de querer buscar a verdade de quem somos, como somos e porque somos, quando decidimos ser conscientes de nossos pensamentos, sentimentos e emoções, quando queremos que a nossa ação seja congruente com o que achamos que é o certo, vários são os conflitos que se estabelecem na nossa mente, no nosso coração. Tal como Arjuna, o desejo é desertar, é fugir, é desistir, é contornar o obstáculo e permanecer na ignorância. Krishna mostra-lhe o caminho, revelando-lhe o conhecimento e a sabedoria capaz de o livrar da dor e sofrimento.
Tomar as rédeas da mente não é fácil para esta comum mortal que um dia decidiu querer conhecer um tal de Yoga. Não procuro apenas a prática do àsana que me dá um corpo forte, flexivél, consciente, cheio de energia e vitalidade! Procuro a minha natureza! Procuro a compreensão dos meus sentimentos, da minha ação, dos meus desejos, das minhas paixões, do meu descontentamento, das minhas dúvidas! Pretendo destruir tanta amarra interior! Pretendo aprender a amar! Pretendo me tornar um ser melhor!
E como alcançar tudo isto se permanecer de "olhos fechados", "ouvidos tapados", "mente fechada", apenas porque é cómodo e fácil? De que me vale apenas superar um desafio fisico se não me permito superar os desafios que a mente me coloca? Na verdade o desafio fisico é coisa pouca...és tu, o teu corpo e a tua mente ...agora quando és tu, o teu corpo, a tua mente, e pessoas que também sentem, que também pensam, que também têm emoções o desafio é bem diferente!
Óbvio que há conflito! Óbvio que há confusão! Óbvio que me sinto um Arjuna, versão princesa (risos), em plena batalha! Óbvio que preciso de um Krishna que ilumine a minha mente!
E mais óbvio ainda é que preciso de muito Yoga! (risos)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A transformação e o Yoga


Hoje consigo ter consciência da minha alta tendência em romantizar os factos da vida. Aprender a viver desapaixonadamente é algo que não acontece da noite para o dia. E tal como o romance, nem sempre há lugar para um final feliz. E isso traz, para este ser que continua sua aprendizagem, algumas sensações e emoções desagradáveis.
Meu sádhna de hoje fez-me perceber que é possível sim, adotar uma outra atitude interior perante os factos da vida. Apenas devo escolher a que é certa. Se a transformação física depende das intenções corretas, da persistência, paciência, da aceitação, da compaixão consigo mesma, de estratégia, inteligência e determinação também a transformação interior disso depende!
As emoções, os sentimentos e pensamentos habitam o meu Ser. Reprimi-los, julgá-los negativamente porque não vão ao encontro do que é supostamente o certo é calar a verdade!E não é isso que pretendo...
A prática das técnicas do yoga desenvolvem isso mesmo! A capacidade de ser consciente de si. Estar presente e atento a cada momento, a cada fase da vida! Não queremos apenas o corpo forte e flexível, a pele bonita e a voz agradável! Queremos nos libertar das amarras internas criadas no tempo. Queremos ser plenos! Queremos que os sentimentos, pensamentos e emoções estejam em harmonia com a ordem das coisas, da ação! 
Outrora e antes de experienciar o yoga vivia numa verdadeira montanha russa de emoções com a diferença de não as aceitar! Meus dias eram uma espécie de guerra fria! Insatisfeita, deprimida, ansiosa, com medo, fechada no meu mundinho de ideias e pensamentos mas... inconformada, sonhadora e com enorme vontade de me permitir saber o que é viver com intensidade, felicidade e paz!
Faz um ano este mês que a verdadeira transformação começou...o meu corpo não é o mesmo...a minha respiração não é a mesma, minhas convicções mudaram, meus conceitos, os meus olhos enxergam diferente, meus ouvidos escutam diferente, o meu tacto não é o mesmo, os meus valores mudaram!
Deixei para trás um maço de cigarros por dia, a garrafa de whisky numa noite, a lasanha de carne, a feijoada com pé de porco, o grão de bico com mãozinha de vaca, as horas intermináveis em frente à TV, as horas intermináveis em frente ao espelho do quarto a dançar e cantar, as horas intermináveis apenas a sonhar e fantasiar!
O Yoga ensinou-me e continua a ensinar o que é viver aqui e agora, o que é agir, o que é fazer acontecer! Ensina o que é respeitar-me e respeitar!
Faz todo o sentido caminhar por esta trilha recheada de obstáculos e dificuldades!



quinta-feira, 5 de julho de 2012

A charada da meditação

Nas primeiras vezes que tentei sentar para meditar as dores fisicas tomaram conta dos meus pensamentos! Hoje, e com o corpo um pouco mais forte, posso vivenciar a experiência de uma outra forma. Sinto como se fizesse uma viagem pelos meus pensamentos, pelas minhas emoções, pelos meus sentimentos. Não consigo ficar pela observação...tendo a questionar cada uma das coisas! Especialmente as que me trazem conflito, confusão e aflição. As que me roubam a paz, a tranquilidade. Dou por mim numa espécie de diálogo comigo mesma!
Loucura?
Bem...é nestas alturas que sinto necessidade de esclarecimento, de conhecimento...
O que se pretende com a meditação?
Será que aniquilar estes pensamentos, estes sentimentos elimina meus desejos, meus sofrimentos?
Mas como os posso evitar? Concentrado-me na respiração, concentrando-me num qualquer barulho?
Não dá! O que estou a fazer de errado? Pergunto!
E é aí que surge a necessidade de conhecer, de saber! Ótimo que existe internet, que existem espaços como o yoga.pro.br, que existem outros "loucos" que buscam respostas!
Coloquei no google "meditação por Pedro Kupfer" e logo me apareceu uma série de artigos!
Pois bem, vou partilhar convosco, que me estão a ler,  algumas frases esclarecedoras:

  • "os pensamentos, por si sós, não produzem sofrimento. A pessoa que acha que deve parar de pensar para parar de sofrer, acredita que pensar é sofrer. No entanto, a origem real do sofrimento é a crença de que somos o pensamento, ou de que ser é pensar." 
  • "Porém, até mesmo na hipótese de que o sofrimento fosse causado pelo pensar, a solução não estaria em parar de pensar. Parar de pensar indefinidamente, no melhor dos casos, irá me tornar uma espécie de vegetal, incapaz de me comunicar, sentir emoções ou crescer interiormente."
  • "Poderia eu dizer, nesse caso, que estou tendo uma vida plena? Pensamentos equivocados, como achar que somos insignificantes ou indignos de felicidade não se resolvem parando de pensar, mas corrigindo esses pensamentos e substituindo-os por outros que sejam corretos. Será mesmo que eu sou indigno de ter felicidade? Esse tipo de questionamento, com sua resposta adequada, é o de fato que resolve o sofrimento."
  • "Na prática, o ideal é chegar a bons termos com a nossa própria mente. Isso significa fazer, eventualmente, um acordo de paz com ela."
  • "quando sentamos para meditar, damos à nossa mente a liberdade para que ela seja como é, mas nos damos o direito de nos concentrar no tema que escolhemos para aquela meditação."
  • "a solução para esta charada não está em tentar manter a mente vazia, mas em perceber o Eu invariável que somos, presente em todos os momentos, antes, durante e depois de cada pensamento. Quando compreendemos que os pensamentos não escondem o Eu, mas que ele permeia todos os conteúdos, o conflito nascido da ideia de deixar a mente em branco, simplesmente desaparece."
E é este o resultado do meu sádhana de hoje...