quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem


Quem lembra daquele trava-língua “ o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem”.
Pois é, veio ao meu pensamento enquanto reflectia sobre o tempo…não aquele caracterizado por um dia de chuva ou de Sol, por noite quente ou fria. Falo e penso naquele tempo que é necessário para uma flor brotar e crescer. Falo daquele tempo que traz maturidade, conhecimento, sabedoria. Falo daquele tempo que não tem tempo determinado ou pré estabelecido. Falo daquele tempo que é o nosso tempo. Falo do tempo que é o tempo de cada coisa.
Como teimar em querer agarrar o tempo, controlar o tempo, estabelecer o tempo, ansiar o tempo? O tempo é o tempo que tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem! Ponto!
Aceitar, confiar e respeitar que tudo tem e vem a seu tempo é verdadeira arte de viver, não passivamente mas sim, serenamente! Que a humildade permita a reflexão verdadeira do que nos move e motiva! Que o discernimento permita observar o quanto perdemos nos perdendo no tempo ansiando, expectando, desejando, querendo desesperadamente! Que a coragem permita mudar o que é possível de ser mudado aqui e agora! Ternura e amor no coração para olhar compassivamente nós e os outros! Alegria, força e determinação para trilhar o caminho, receber o que a vida nos dá e continuar a jornada renunciando, perdoando, amando, rindo, chorando, caindo, levantando, aprendendo e evoluindo!
Sei que para muitos que me lêem estas palavras são música para os seus ouvidos. Para outros, uma forma romântica de tentar resolver os problemas da vida. Para outros, a conversa da treta. Para outros, a indiferença.
Decidir escrever e partilhar com o mundo também é libertar-se sem esperar aprovação ou temer a desaprovação! Também é o poder de se expressar sem a preocupação de fazer bonito ou feio, certo ou errado! Escrever também é uma forma de se compreender, organizar, aceitar, planear. Partilhar com os demais é dividir, é transmitir uma mensagem.    

Reflectindo...





Hoje penso num tal que muito se ouve…“Be Strong”!
Pergunto para mim mesma, o que é ser forte?
Então, penso em todas as manhãs que acordo bem cedo para estender o tapete, praticar e dar oportunidade ao meu corpo de expressar limitações, dificuldades, facilidades, silenciando o desânimo, a preguiça, a ânsia e expectativas. 
Penso como tal coisa, que à primeira vista é meramente física, me tem ensinado e confidenciado tanto! 
Percebo que ser forte não é ganhar “braços de ferro”, não é ser mais ou melhor! Ser forte é permanecer estável e firme, tal como um ásana, perante desafios, dificuldades, momentos bons e menos bons. É saber respeitar o outro na sua diferença. É tentar a compreensão. É olhar nos olhos o mundo e suas pessoas. Fugir é fácil e confortável. Ser forte é não ter medo de se questionar, é ter vontade de se ouvir e mudar! 
Forte é ser e estar, sorrindo ou chorando, aqui, agora, tentando, querendo, aprimorando, confiando, aceitando, batalhando!

Reflectindo...


Quando olho esta imagem penso no quão importante é o silêncio, enquanto pensamentos correm e gritam! O comum é nos emaranharmos sentimental e emocionalmente com cada um deles. Ora ficamos confusos, magoados, inseguros e tristes! Ora ficamos alegres, eufóricos, esperançosos e assim por diante. Agimos e reagimos em conformidade. Julgamos o mundo, pessoas, intenções, acções and so on, no meio da confusão, no meio de tanto grito mental! Decisões e opções pouco claras, conceitos mal formulados, atitudes inconscientes e sem dar conta, lá estamos nós novamente naquela roda! A roda do sofrimento, alienação, desespero, ansiedade, etc. Questionar dá trabalho e a verdade por vezes dói. Então, melhor mesmo é continuar na roda lutando por tudo aquilo que nada resolve! 
Hoje questiono a sobrevivência! O que é sobreviver? Do que preciso para sobreviver? E o que é viver? Do que preciso para viver? 
E de uma coisa não tenho dúvidas! Preciso Ser! E Ser com verdade! E a descobrirei no silêncio das palavras, observando os variadíssimos movimentos do meu pensamento, consciente do como sinto, consciente do como e porque faço!

Reflectindo...



Hoje dou comigo a pensar porque é tão natural o impulso de "apontar o dedo" às acções de alguém! Ao observar a minha filha enquanto brinca com as bonecas constato que até ela, no auge dos seus 2 aninhos, o faz! Analisando a situação concluo que é isso que ela observa à sua volta...então é isso que ela reproduz! As regras, os limites a educação são factores que orientam o nosso crescimento e desenvolvimento mas é importante perceber em que valores se baseiam.
Na escola, em casa, no mundo, crescemos não apenas para aprender, desenvolver, criar, ser e fazer! Crescemos para competir, ser os melhores, ter sucesso, ser reconhecido, ter uma boa casa, um bom carro, uma situação financeira cómoda, viajar o mundo, comprar a beleza, a estética, o bem-estar, o equilíbrio! Crescemos com o síndroma do ser bem-sucedido e com a imagem de que isso é o “ser alguém na vida”! Aprendemos a olhar uns para os outros como o amigo, o inimigo, o bonito, o feio, o popular, o parolo, o inteligente, o “burro”, o rico, o pobre, o interessante, o chato, and so on. Criamos rótulos, imagens, preconceitos, ilusões, ideias e óbvio, sentimentos e emoções proporcionais. Desenvolvemos o stress, a angústia, a frustração, a ansiedade, a depressão, o medo, a inveja, o sofrimento, o ciúme, a ganância, o desespero, a tristeza, a baixa auto estima, a insegurança, a arrogância, o ódio e nem questionamos! 
“Apontamos o dedo”, agimos impulsivamente, julgamos, rotulamos, mal dizemos e falamos sem pensar, sem tentar compreender! 
Na verdade não somos educados para pensar e reflectir! Fugimos da nossa verdade e tornamo-nos inimigos! E paz, simplicidade, contentamento, aceitação, humildade, generosidade, gentileza são coisas de gente resignada e conformada com sua “sorte”! 
E assim vamos caminhando por essa vida fora desperdiçando a oportunidade de saber a tamanha beleza que existe em cada um de nós e como podemos ser um todo em paz e harmonia.
Permanecemos escravos no mundo da imagem e ilusão!


Reflectindo...


Tendemos a fazer dos dias da nossa vida uma verdadeira "prova de atletismo"! Corremos e saltamos obstáculos na tentativa de chegar e vencer! Deixamos que nossos pensamentos voem a 1000 há hora, que o nosso corpo seja um verdadeiro robot a desempenhar deveres e obrigações, que as nossas emoções tenham vida na montanha russa e que face à conjuntura, nossos sentimentos sejam confusos e nossas acções pouco inteligentes! Óbvio que há lugar para o cansaço, para o desgaste, tristeza, sofrimento! Óbvio que a vida se torna um tormento sem fim! É fácil perceber onde o problema começa! É fácil perceber que nossos conceitos e valores de sobrevivência, sustentabilidade, felicidade, bem estar, sucesso e riqueza estão bem equivocados! É importante parar, reflectir, observar hoje, amanhã e sempre! Só assim me é permitida a consciência do que sou e para onde vou! Só assim sou capaz de colocar rédeas na minha vida, escolhendo e decidindo que caminhos percorrer e lugares conhecer! Quantos de nós se questiona? Quantos de nós se analisa? Quantos de nós busca entendimento e compreensão? Quem se dá esse tempo e espaço? E quem percebe o quanto ele é valioso, rico, poderoso?

É… vale a pena pensar nisto!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O "mundo ideal" dos nossos pensamentos...

Praticar yoga, ler e ouvir sobre os mecanismos da mente tem me levado, pouco a pouco, a prestar maior atenção ao que se passa na minha cabeça. Dou por mim a observar cada movimento do pensamento. Naturalmente, isso traz consciência do que acontece connosco. Inicialmente gera-se um conflito...mas porque penso isto? Sinto aquilo? De onde provêm? Como controlo? Não quero ser assim, não quero sentir assim, não quero agir assim! Permanecemos continuamente amarrados, esperneando tal qual uma criança contrariada, querendo compulsivamente determinar o que pensar, sentir, falar e fazer! Somos movidos pela emoção produzida por desejo, achando que ele resolverá todos os nossos problemas, angustias, duvidas, ansiedades, tristezas, insatisfações, and so on. Estabelecemos uma batalha entre o que pensamos e o que queremos pensar, entre o que fazemos e queremos fazer, entre o que dizemos e queremos dizer e por ai fora...a determinada altura ficamos exaustos, sem forças para continuar uma luta sem fim...e então num rasgo de lucidez questionamos " Mas porque quero pensar, sentir e agir de determinada forma?" E num olhar profundo sobre nós mesmos vamos percebendo o orgulho, a auto estima e a falta dela, a segurança e a insegurança, a tendência competitiva, a coragem e a falta dela, a necessidade de valorização e reconhecimento, o medo, a necessidade de afirmação, os complexos de inferioridade, os sentimentos de superioridade, a ausência de compaixão, de compassividade, de amor puro, a facilidade de se apaixonar e encantar ou não, a tendência de pintar a vida em tons de rosa ou de cinza, ou de negro, de idealizar e imaginar intensos e fervorosos romances, de sonhar, and so on. Num olhar profundo e verdadeiro sobre nós mesmos percebemos que não vivemos a realidade! Percebemos que vivemos na sombra de um Eu criado pelos inúmeros e incalculáveis pensamentos achando que eles são o mundo e as pessoas! E assim nos angustiamos porque pensamos que as outras pessoas pensam o que na verdade apenas vai no nosso pensamento! Lutamos, discutimos, desejamos e sofremos porque não vivemos, idealizamos! Quando esta verdade se apresenta deixa de fazer sentido querer ser alguém de determinada forma, com determinadas características, com determinada imagem! Eu apenas sou o aqui e agora, consciente! 
E vocês perguntam como eu mesma me pergunto: " Mas que graça tem viver sem emoções fortes, sem paixões, sem romances, sem alegrias, tristezas, desejos, anseios? Qual será a nossa história? O que nos inspirará a compor, a cantar, a dançar, a recitar? O que nos fará saltar, pular, rebolar, soltar uma gargalhada, um choro compulsivo, um choro de alegria e felicidade? Não estarei eu antecipando a morte para a vida? (risos) O que será evolução, transformação, criação? 
Pois bem...julgo que todas estas questões também fazem parte do nosso ego...da nossa identificação com o que achamos e concebemos na nossa cabeça ser uma emoção forte, uma paixão, um romance, and so on. E julgo que a ideia não é acabar com ele ou criar inimizade, guerra, conflito...a ideia é observar, questionar, compreender e não se envolver inconscientemente...Esse processo trará consigo entendimento, paz e até libertação...

Namastê
       
                       

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Amar é durar :)

Hoje dou comigo a pensar no amor, como ele pode estar em todas as coisas, como isso ilumina todas as acções e como pode transformar nossos sentimentos e emoções.
E como surgiu esse pensamento? Enquanto desempenhava uma função que decidi em determinada altura não gostar. Começo a perceber que esta coisa do gostar e não gostar passa muito pelo que decidimos pensar, valorizar e que se trata de algo que pode efectivamente ser mudado! Gostar e não gostar é o resultado de um mero padrão de pensamento! E porquê a vontade de querer mudar padrões de pensamento? Simplesmente porque queremos que a "dura vida" se torne simples, pacifica e feliz. 
E onde entra o amor nisso? Ele entra sob a forma de gestos, atitudes, pensamentos. Nós decidimos estar e fazer tudo com amor nesta vida! Aceita-mo-la como se apresenta e decidimos colocar amor em tudo o que fazemos! Mas...porquê? Porque é ele o único capaz de apaziguar a dor, o sofrimento, a frustração, o desespero! Porque ele é o único capaz de calar impulsos, palavras amargas! Porque é ele que nos ensina a respeitar, ouvir, compreender! Porque é ele que permite relacionamentos harmoniosos, saudáveis e  felizes! Porque é ele quem oferece o sentimento de plenitude! 
E vocês perguntam como eu me pergunto: "Como todas estas palavras podem deixar de ser um mero rasgo de lucidez?" "Como elas podem fazer parte das horas, minutos, segundos dos meus dias?" 
E eu respondo...treinando, exercitando, querendo! Ficar atento, esperto e desperto! E assim como estendo um tapete e pratico sirsana, tal qual uma criança obstinada a aprender andar, assim o faço em querer aprender a amar, a ser feliz, pleno e realizado! 
Tudo é uma escolha, uma decisão!           
    

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Svadyaya(autoconhecimento) e o "velho baú"...

Decidir que o nosso sádhana ultrapasse as paredes de uma sala de prática requer observação permanente ao que e como sentimos, pensamos, agimos. Questionar e tentar compreender as limitações que roubam um sentimento de plenitude é tudo menos uma perda de tempo, totózisse, e coisa de gente desocupada como ouço algumas vezes. Hoje percebo que não é solução para transcender tais limitações, fugir, fingir, camuflar, esquecer, e optar por "deixar para lá"! Percebo que essas coisas nunca são tarde para se resolverem e compreenderem! Percebo que não se trata de uma mera imaturidade ou de "coisinhas" típicas de uma menina adolescente! Tem factos que precisam mesmo sair daquele "velho baú"...
Desenvolver um estado de plenitude requer uma relação harmoniosa com o seu corpo, com os padrões dos seus pensamentos e sentimentos, requer emoções estáveis e clareza mental. Como se sentir plena quando não se está em paz com o seu corpo? Porque desejamos seios fartos, seios pequenos, seios firmes? Porque olhamos com desdém o nosso nariz que não corresponde ao mentalmente padronizado como belo? Porque dizer que gostava do nariz pequeno, a boca carnuda, os olhos rasgados? Porque surge o complexo, a vergonha e a necessidade de se auto estimar? E quem já prestou atenção de como tudo isto influencia a nossa acção? Agora eu pergunto, é coisa para não se valorizar? É coisa que não merece o tempo necessário para se compreender? 
Como se sentir plena quando não se está em paz com a nossa atitude perante a vida, as pessoas, a natureza, o mundo? Porque se deseja o otimismo, o brilho no olhar, o brilho no sorriso, a doçura e amor nas palavras e gestos? Porque se chora, sofre, anseia e desespera? 
Agora eu pergunto, é coisa para "deixar para lá"? 
Não, não creio! 
Olhar e aceitar as nossas "totózisses" é o primeiro passo em direcção à transcendência de um ser egóico, que tende a se identificar com tudo o que a sua mente assimilou ao longo das suas experiências de vida, da cultura, dos princípios e valores transmitidos. Por exemplo, qual a nossa relação com o nu? De onde vem a vergonha e constrangimento? Se tivéssemos nascido numa qualquer tribo Indígena certamente teríamos outra relação com o nosso corpo. Talvez olhássemos para ele não apenas como algo capaz de seduzir, atrair e dar prazer mas como algo que é divino e inteligente! E aí pouco importavam os seios pequenos ou nariz grande (risos)! 
Viver no ciclo vicioso, fechar os olhos à nossa realidade e compensar frustrações é caminhar com um sorriso forçado, aparente auto estima e segurança, em direcção à doença, ao cansaço! É deitar fora a oportunidade que a vida nos dá de sentir e perceber algo que existe dentro de nós, que se encontra fechado pela chave da ignorância. 
     
     

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Metafóricamente pensando ...

Se anseio? Anseio sim...anseio sem ansiedade...
Que o Sol que há em mim brilhe...
Que seus raios trespassem os meus olhos, o meu sorriso, os meus gestos e palavras...
Nos dias de céu limpo...
Nos dias de céu escuro e nublado...
Que ele aqueça o meu coração...
Que ele ilumine minha mente...
Que se ponha e volte a nascer todos os dias da minha vida...


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A "longa metragem" de Moksha...

Quando adoptamos uma postura de espectadores dos variadíssimos trabalhos cinematográficos da nossa mente, tendemos em querer encontrar o fio condutor que permita apreciar a arte sem todo um envolvimento emocional. Questionamos quem é o ator principal neste filme da busca pela libertação, pelo   autoconhecimento, pela paz, superação? Porque o deseja? Percebemos que é a própria mente, com o seu ego, capacidade de desejar e discernir. Em algum momento ela decidiu querer acabar com os seus sofrimentos, alcançar luz, paz e plenitude. Ela torna-se a actriz principal da sua própria produção, neste filme da busca pela libertação. É longo e o final não tem fim...
Enquanto assisto, posso perceber tamanhas dificuldades, obstáculos e desafios na hora de apreciar a arte sem envolvimento. Como o sentimento do eu é forte, o apego, as impressões, as tendências, os desejos, as expectativas...mas persisto, permaneço, pratico e confio. E assim vou aprendendo o como desprezar o valor dos resultados em prol da paciência e devoção. O como me libertar dos anseios não expectando. O como de me auto-controlar e ajustar...
Entretanto vai rodando a longa metragem (risos) 

Namastê 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A consciência dum Eu egóico...


Hoje dou comigo a pensar em todas as coisas que tenho lido, ouvido e aprendido. Saber da possibilidade de viver um estado de yoga onde reina a plena paz, a plena consciência, o conhecimento e sabedoria das coisas, que nos permite sentir o que é a pura felicidade e alegria permanente, é deveras aliciante. Ouvir falar que a nossa identificação com os pensamentos é um tal de ego e que ele é responsável pelo sofrimento, pela confusão mental, pelos medos, pelas sensações de ansiedade, inadequação, inquietude, carência, insatisfação, descontentamento, incompletude, necessidade de busca incessante, parece nos dar a resposta para todos os problemas. Saber disso por si só, já implica uma espécie de alivio…afinal nós não somos tudo aquilo, afinal está nas nossas mãos a possibilidade de transformar, mudar, controlar, compreender. Mestres e sábios colocam à nossa disposição a forma, o caminho de chegar até esse conhecimento através de suas obras, trabalho e experiência. É possível rever nossas limitações, nossos padrões de pensar, sentir e agir. Suas explicações sobre a limitada condição humana, assim como todas as técnicas e estratégias capazes de transcender tal, fazem o maior sentido! Ouvi-los é quase música para nossos ouvidos, paz para o nosso coração, luz para a nossa cabeça!
Mas… a transformação interior não acontece apenas ouvindo ou percebendo o enorme sentido das suas palavras…é necessário experimentar, praticar! Então, trabalhamos a capacidade de estar atento e consciente a cada atitude, pensamento, sentimento e emoção. Desenvolvemos a capacidade de estar presente e aprendemos a nos observar.
Esse processo de observação, auto análise e conhecimento nem sempre traz consigo os sorrisos mais rasgados. Ganhar consciência do quê, como, porque penso e sinto, por vezes dói. E dói porque quando me olho nos olhos não sou o resultado da expectativa que criei! Dói, porque até mesmo do caminho capaz de apaziguar ansiedades, medos, frustrações e insatisfações, expectamos! Dói, porque percebemos a tamanha dificuldade de contentamento no insucesso e escassez. Dói, porque percebemos o quanto nosso pensamento está padronizado com a necessidade de reconhecimento, competição, valorização, boa fama! Doí, porque percebemos a dimensão das nossas carências, das nossas limitações. Doí, porque é um Eu, quem caminha, quem se submete a um diagnóstico, quem quer a mudança, a transformação, o saber, a libertação!

Namastê

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O astanga vinyasa yoga e a transcendência do ego...

Num primeiro momento, e quando ouvimos falar que o yoga implica transcendência do ego, não percebemos nem o como, nem o porquê. Criamos uma espécie de resistência, tememos a mudança, a descoberta. Queremos a força, a flexibilidade, a saúde, o equilíbrio, a harmonia, a qualidade de vida e a paz interior de preferência continuando a fazer as mesmas coisas, o que se gosta, o que dá prazer, o que é moda, o que alimenta a nossa "falsa" auto estima, o que momentaneamente é capaz de curar a nossa insegurança, a nossa inquietude, o nosso vazio existencial. Tendemos a querer o yoga igual a todas as outras coisas que nos apresentam como fontes de energia, saúde e qualidade de vida. Uma actividade holística que trabalha corpo e mente proporcionando o equilíbrio. E assim se vai praticando yoga por esse mundo fora.
Quando me comprometi em vivenciar o método de astanga vinyasa yoga, tal como me estava a ser transmitido, várias foram as questões, dúvidas e conflitos. Primeiro surgiu como um desafio igual a tantos outros outrora experienciados, como agachar com 80 kg, ou aprender qualquer sequência de body combat, body pump, body jam, ou aprender a dançar o samba, o merengue, aprender a cantar ou tocar uma determinada música, com a diferença de acreditar que tal havia de me trazer equilíbrio permanente. Expectativas foram criadas, sim! Os dias de prática foram passando. Muitas foram as vezes que questionei o porquê de tal disciplina, o porquê de submeter o meu corpo àquela prática, àquele método. Porquê tudo aquilo em prol de uma mente calma e equilibrada? É um processo difícil e exigente! A vontade de fugir é muita e está sempre à espreita. Achamos que não fomos concebidos para tal, que somos fracos demais, que não está ao nosso alcançe tal proeza. E é aí que tudo começa...no meio do conflito! Acabamos por perceber a importância de não criar expectativas e simplesmente aceitar, entregar e confiar. Começamos a perceber o nosso ego, aprender a observá-lo e de forma bem gentil, a tentar transcender a sua natureza.
Como alcançar este conhecimento sem experienciar a disciplina, o rigor, o método tal como ele foi concebido? Como desenvolver a capacidade de discernir? Como compreender e sentir o estado do nosso corpo? Como ouvir o nosso coração? Perceber as nossas emoções?
É o hábito, a rotina, a concentração e atenção, a presença, a atitude, o foco! É o permitir-se estar consigo mesmo! Observar o seu silêncio!
Hoje mesmo, e refletindo sobre a minha prática pessoal pude perceber que é natureza do meu ego a vontade de que toda a disciplina traga seus frutos! Tendo a criar expectativas, sim! Com relação à prática e evolução fisica! Cabe a mim adotar uma atitude que contrarie tal desejo e ambição! E é isto que acho mágico, inteligente, poderoso nos valores e princípios do yoga, que fazem dele algo muito diferente de outra actividade qualquer. É certo que competição e ambição trazem consigo a vontade de empenho e dedicação mas também a possibilidade de frustração e sofrimento. O que convenhamos ser um desperdício de energia, um desgaste físico e emocional.
Hoje percebo como um corpo que tem as suas limitações e o seu tempo de transformação pode nos levar à compreensão e aceitação do nosso ego e como é possível transcendê-lo...mantendo-se firme, disciplinado, confiando e agradecendo cada momento vivido! Respeitando e aceitando nossa condição fisica e emocional a cada instante!
Constato que é uma atitude baseada em determinados  principios e valores propostos pelo yoga, que o fazem ser algo bem diferente de todo um conjunto de actividades que promovem a saúde. E nem sempre essa atitude é transmitida e valorizada quando se o pratica por esse mundo fora, lamentavelmente. Para além de empobrecer tal experiência, rouba a possibilidade de conhecer outras dimensões, tão valiosas, do ser.

Namastê    


         

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Identificar vásanas...um grito de liberdade...

"O Yoga explica a vida consciente, em parte, como conseqüência do inconsciente. Todas as nossas experiências, fatal e fielmente, são gravadas numa espécie de "fita de gravação", através de ininterrupta introjeção. O que introjetamos ou gravamos nos plásticos abismos do inconsciente são: vásanás (tendências, inclinações, impulsos, motivações...) e samskáras (impressões, representações, imagens, juízos...). Lá do fundo, esse conteúdo comanda o nosso comportamento dito voluntário e consciente; comanda o que somos, queremos, sentimos, dizemos, fazemos e pensamos.
Conforme as introjeções que fazemos no curso da vida, tal será nosso destino. Quem introjeta espinho, conseqüentemente será espetado.
Assim esclarecidos, deveríamos, por interesse profilático, selecionar as impressões e tendências que introjetamos, com o mesmo critério com que um dietista escolheria sua refeição num cardápio, visando a que, nos dias de porvir, possam elas (as escolhidas) operar em proveito da saúde e não contra ela; em direção à liberdade e não à servidão; em prol de nossa felicidade e não em seu prejuízo.
A indiscriminada, inconsciente e indisciplinada introjeção de vásanás e samskáras polui, adoece, corrompe, perturba, vicia e infelicita a mente. O yogin, sabendo disso, procura acautelar-se. Evita fisicamente as que pode e, mentalmente, aquelas que, fisicamente, lhe são impostas pelo ambiente.
Seu cuidado não é apenas na área da higiene mental, mas também na fase da cura.
Nesse particular, em que consiste a cura?
Em depurar, liberar, aclarar e aprimorar o mental. O Ashtanga Yoga ou Yoga dos oito componentes, codificado pelo sábio Patañjali, é uma forma técnica de sanear a mente, não a mente que costumamos chamar de doente, mas a mente que costumamos chamar de normal e que, em verdade, é "normalmente" incapaz para a felicidade e para o alcance da Verdade. Agitada como é, tecida de conflitivos desejos, encabrestada pelo egoísmo, sacudida de paixão, obcecada pelo irreal e condicionada a fatores múltiplos, o que chamamos de mente normal não deixa de ser, inclusive, um obstáculo para a percepção da Verdade."
                                                                           Por José Hermógenes

Ter conhecimento de tais conceitos (vásanas e samskáras) e perceber como fazem tanto sentido, já é um passo em direção à transformação mental...e tal como a transformação fisica, requer aceitação, prática, disciplina, consciência ativa a cada momento, a cada movimento, compaixão, persistência, estratégia, compreensão e uma genuína vontade de superar e transcender. A técnica de pratipaksha bhavana, de adotar pensamentos opostos ao que é negativo, ajuda na reprogramação mental. Analisar pensamentos e atitudes a cada momento e contrariar o que se apresenta nocivo ao nosso bem estar e paz, é poderoso na construção de novos padrões de pensamentos, sentimentos, emoções e ações. 
Os vásanas e samskáras estão lá sempre à espreita, sempre dispostos a te tramar! Muitas vezes não que eles tenham uma carga de maldade e ruindade! Por vezes basta que sejam recheados de encanto, fantasia e romance...quem já não idealizou um amor, um relacionamento? Quem já não achou que determinada pessoa a complementaria? Quem já não se identificou com alguém e sentiu vontade de permanecer para o resto da vida junto a ela? E quem já não deixou que tudo isto fizesse parte do pensamento e se reprimisse por ele? Sofresse por ele?
E o que tudo isso traduz efetivamente? Um coração cheio de amor para dar ou um coração cheio de carências que se apega? Devemos dar voz e seguir este coração? Não creio...
Isto é um mero exemplo de como vásanas são poderosos na hora de produzir pensamentos e como isso influência a nossa "saúde" fisica, mental e a nossa ação.  A "faxina", a "limpeza" começa de dentro para fora. O brilho e alegria dum olhar e sorriso são o espelho do que pensamos e sentimos!
Permitir-se observar, analisar, compreender e decidir "lutar" por mudar, já é um grito de liberdade! 

Namastê



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Krishna diz a Arjuna...

" Estando firme no yoga, faça ações abandonando o apego, tendo a mesma atitude frente ao sucesso e ao fracasso. Ó Arjuna, a atitude de equilibrio é chamada yoga."

"Quando a sua mente, atormentada com declarações dos Vedas, ficar livre de agitação e firme no Atma, então você alcançará yoga."

E Arjuna pergunta:

"Qual a descrição da pessoa cujo conhecimento é firme e está estabelecido em Atma? Como a pessoa de conhecimento firme fala, sente e anda?"

"Arjuna, quando um individuo deixa de lado todos os desejos que entram em sua mente, estando satisfeito em si mesmo, através de si mesmo, então é dito que seu conhecimento é firme."

"Aquela pessoa isenta de desejo, medo e raiva, livre da sede por prazeres, não afetada por situações adversas e cujo conhecimento é firme, é chamada de sábia."

Estou a ter mais uma oportunidade de ouvir os ensinamentos contidos em Bhagavadgita!
Como diz a professora Gloria Arieira, "Gita fala diretamente ao coração das pessoas. As dúvidas e dificuldades de Arjuna em relação a si próprio e à melhor maneira de se conduzir na vida, são as mesmas de todos nós."
Incrível como milhares de anos passam e esta obra cabe nas nossas vidas, nas nossas ações! Quem a estuda e lê identifica-se com as dúvidas, medos, desejos e conflitos de Arjuna. É uma oportunidade para aprender a se autoconhecer e como ter uma vida de equilíbrio e pura felicidade.
O Yoga ganha outra dimensão quando estudamos estas obras sagradas. Deixa de ser só uma prática de posturas fisicas que trazem alinhamento, flexibilidade, força, energia. Deixa de ser só um exercício respiratório que equilibra as emoções. Deixa de ser só uma técnica de relaxamento que nos permite vivenciar momentos de paz interior. Trata-se de toda uma conduta que permite a possibilidade de paz, felicidade e plenitude, permanente, em cada umas das ações na vida.
Quando há uma predisposição para entender tais valores fica fácil concluir que eles são lógicos! A tarefa difícil será sempre a ação! As tendências do nosso ego são fortes! O poder dos nossos sentidos é imenso! A estimulação externa é constante! Estar atento, consciente e com toda a capacidade de discernimento em cada ação, é um verdadeiro desafio!
O ásana, a meditação, o mantra, os pranayamas são instrumentos de trabalho que preparam a mente para receber tal conhecimento.
Como praticante de astanga vinyasa yoga posso perceber que é possível sim, caminhar nessa direção de consciência, autoconhecimento, autocontrole e discernimento. Algumas transformações na atitude, forma de estar na vida, forma de agir e ser, são notáveis! Caminhar em direção ao estado de yoga é real!
O primeiro passo será mesmo a motivação pessoal em querer ativar esse estado...

Namastê




sábado, 14 de julho de 2012

Reflexão #1


O yogi não quer ser o melhor, o mais forte, o mais inteligente, o mais conhecido, o mais respeitado...
O yogi busca a simplicidade da vida, busca ser o melhor de si, busca a paz, o silêncio, a harmonia, a clareza, o discernimento...
O yogi quer que todos os seres, em todos os lugares sejam prósperos e felizes! 
É um longo processo! Requer trabalho, disciplina e determinação!
Cada ser tem a sua história, as suas tendências, as suas limitações, os seus desejos, os seus pensamentos, sentimentos e emoções.
A prática do yoga é uma experiência única! Cada um de nós, se o vivenciar com seriedade e respeito, irá perceber o quanto ele é rico e valioso!
Sinto que ele traz à tona tudo o que faz parte do meu ser. As coisas boas, más, agradáveis, desagradáveis. E se por um lado isso me causa conflito e por vezes assusta, por outro dá-me as ferramentas e o conhecimento necessário para mudar o que é possível de ser mudado. 
Apenas devo ser forte, determinada e adoptar a atitude correta! 

Namastê


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Basta! Quero entender o meu sofrimento...

Através da prática física, que requer concentração e foco, podemos perceber o quanto nossas emoções influenciam a ação. Deixar a mente entregue à imaginação, aos pensamentos soltos e descontrolados é permitir ser dominado pela emoção e perder o controle sobre a capacidade de nos focarmos em algo. 
Superar tal limitação será o maior dos meus desafios! Outrora, em momentos críticos, completamente entregue à emoção e aos pensamentos de incapacidade, insegurança e medo, era o fugir de mim mesma e de ações, que "solucionavam" o problema. As emoções eram as maiores responsáveis de criação de necessidade para mim! Hoje vou comprar aqueles jeans porque me fazem um corpo bonito! Hoje vou aprender a tocar guitarra porque é bacano estar no mundo da música! Hoje quero ser cantora porque é show! Hoje quero ser uma empresária de sucesso porque é o que está a dar, é o que tem saída, é o que dá guito! Hoje vou malhar porque os meus glúteos e os meus seios estão a ficar caídos! Hoje quero aprender a sambar porque é sensual! Hoje vou beber uns copos para esquecer! Hoje vou fumar um charro porque fico curtida! Uma roda viva de ações movidas pela emoção, pelo sentimento de carência, insatisfação e afirmação! Confesso que achava haver algo de errado...questionava-me muito! Culpava o meu jeito de ser e desejava mudar! 
Esta reflexão, este auto estudo, esta auto análise, possível quando decidimos procurar a verdade em nós, surge ao ler a tradução da professora Gloria Arieira, de Bhagavad Gita..." Faz-se necessário descobrir uma mente que diz "basta", quero entender meu sofrimento, sua causa e a solução para este problema fundamental do ser humano. Somente neste momento, a pessoa torna-se um buscador da verdade de si mesmo, um buscador da libertação do aprisionamento da roda do samsara, do continuo vir a ser."
Outrora sentia-me uma menina imatura, cheia de problemas existenciais, que não havia vivido todas as experiências capazes de trazerem o conhecimento certo, a força exata , a segurança precisa. Questionava porque razão eu era assim, porque razão eu valorizava tais coisas quando à minha volta isso era tão ignorado! Por vezes sentia-me um verdadeiro ET...
O yoga mostra que não sou a única nesta busca, mostra que foi importante vivenciar tais sentimentos, mostra que é possível transformar. 
É difícil, exigente, não há magia, leva tempo mas é real! É trabalho, dedicação e empenho para toda a vida em prol da preparação de uma mente capaz de conhecer e compreender.  
E vocês perguntam...ah e tal, agora que praticas yoga és "imune" ao sofrimento, à dor, ao desejo, à necessidade de prazer? 
E eu respondo...sou um pouco mais do que ontem e um pouco menos do que amanhã (risos)
E vocês perguntam...ah e tal, agora que praticas yoga já não cantas, já não danças, já não brincas, já não contas piadas?
E eu respondo...continuo a cantar com a diferença de conseguir ouvir a minha voz, perceber a minha respiração e observar as minhas emoções! Amo dançar, danço com a diferença de sentir as minhas pernas, o rebolado das minhas ancas e a alegria do meu coração! Brinco com a diferença de me conseguir sentir uma criança! Conto piadas com a diferença de elas serem um pouco mais inteligentes! (risos)

E é esta a minha reflexão do dia...
Namastê   

terça-feira, 10 de julho de 2012

Uma viagem pelo ásana

Quando decidi experienciar a prática o yoga de forma séria, prestei bastante atenção a todas as palavras proferidas pelo meu professor e comprometi-me a colocá-las em prática. Queria muito sentir se era de verdade tudo o que dizia, mesmo sabendo que tal era difícil e exigente. Comprometi-me a não desistir e a dar o melhor de mim, empenhando-me e dedicando-me. Foram dias difíceis, com um peito e coração fechados, pernas e braços atrofiados e uma vulnerabilidade para não acreditar que determinadas coisas seriam possíveis! Fico grata a essa pessoa que acompanha o meu processo, a minha evolução pela capacidade de dizer a coisa certa, no momento certo sem que para isso seja necessário abrir a minha boca! Inspirou, motivou e mostrou que é possível sim, a transformação física, a transformação mental e emocional. Paralelamente a uma prática intensa, houve a transmissão de conhecimentos expressos nos Sutras de Patanjali, no bhagavad gita e até de sua experiência pessoal. Saber uma resposta para as questões, dúvidas, desafios, limitações e obstáculos ajudaram a permanecer! Tudo dependia de mim mesma! Não se tratava de sorte ou azar em ter crescido de determinada forma, de ter adoptado determinados hábitos, de ter desenvolvido certas tendências e até mesmo de acreditar em determinados valores! O yoga, com a sua cultura, estilo de vida e técnica, estava ali para me ajudar! Estava ali para me mostrar que é real a possibilidade de caminhar em direção à liberdade! Hoje sou mais livre do que ontem! Não tenho dúvidas!
Os dias têm passado, e olhando para trás consigo perceber o quanto meu corpo mudou e juntamente com ele a minha forma de olhar e estar na vida.
Já tive a oportunidade de partilhar aqui no diário de sádhana o que essa transformação física causou num primeiro momento...(risos)
Hoje prestando atenção a cada movimento do meu corpo reconheço que existe sim, uma força interna antes inalcançada com musculação ou body training sistems. É uma força que me permite reconhecer cada músculo que solicito. Uma força que me permite estar presente, que me mantém estável, firme. Uma força que se começa a compreender e a ser usada de forma estratégica e inteligente pelo próprio corpo.
É algo que parece existir dentro de nós e que se torna activo quando prestamos toda a atenção e concentração.
Hoje dou por mim a "viajar" pelas costelas, pernas, glúteos, coxas, mãos, braços, peito, ombros a cada vez que faço adomuka, procurando reajustar a postura. Isso, há um ano atrás era o verdadeiro masoquismo!
E o badda konasana? Hoje é interessante perceber o que acontece com as minhas coxas, com os meus glúteos, com o assoalho pélvico, com as pernas, os braços, as costas, o peito. Outrora? Outrora era a verdadeira tortura medieval...(risos)
No meu sádhana de hoje prestei especial atenção à forma como respiro, aos vinyasas, aos bandhas...constato que há muito trabalho pela frente quando se pretende alcançar uma postura executando devidamente os bandhas, ativando drishtis e fazendo os vinyasas direitinho! Como diz Shri Patthabis Jois...pratice, pratice, pratice and all is coming...bem verdade...vem tudoooooooo mesmo (risos). Coisas agradáveis, desgradáveis, coisas boas, coisas más...e porquê, pergunto eu? Porque somos os maravilhosos seres que têm um ego que dá uma carga de trabalhos ao longo das nossas vidas! (risos)
Mas também que seria do Yoga sem egos? O que seria o mundo?
Agora digam lá que isto não é interessante?

É esta a minha reflexão de hoje :)

Namastê!


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Eu, o meu ego e uma travessia no deserto




Foi a gravidez e uma enorme instabilidade emocional que me fizeram procurar a prática do yoga. Naquele momento havia decidido dar a oportunidade à minha filhota, de viver a sua vida uterina com alguma qualidade. A primeira ideia é que se trata de uma prática bem tranquila e relaxante, que nos leva a um estado de peace and love sem precisar de fumar um charro (risos)! 
Logo na primeira aula pude perceber que a prática não era assim tão tranquila...os meus braços tremiam, a minha respiração era ofegante, as pernas doiam de tão atrofiadas e o meu rosto era tudo menos um rosto sem expressão...
Os tempos foram passando, a barriga crescendo e a prática era para mim três dias da semana que dedicava ao primeiro lar da filhota...esforçava-me para que o corpo ficasse preparado para um parto normal, para que as emoções, sentimentos e pensamentos planassem. Naquele momento apenas isso era o importante. O estado de graça era tal que não havia lugar para questões, dúvidas, and so on. 
Quando a filha nasceu foi gritante a vontade de dar um novo rumo à vida. Não queria voltar aquele estado de contrafeito e frustação! Não queria continuar fechada para o mundo! Não queria viver na ilusão, no sonho e fantasia! Não queria continuar em busca de algo num "não sei bem onde", "não sei bem o quê"! Não queria continuar a ser aquela menina cheia de energia, timida e insegura! Não queria continuar a convencer-me do que não era! Não queria continuar a viver achando que só fazia sentido, se houvesse lugar às borboletas na barriga e palpitações no coração! 
Queria paz! Queria descer à terra! Queria ser e fazer de verdade! Queria estar! Queria dar o melhor de mim! Queria ouvir-me! 
Ao iniciar uma prática diária e ao ouvir alguns ensinamentos começo a perceber a lógica da coisa e naturalmente fico mais desperta para tudo o que acontece comigo. A meta deixa de ser apenas chegar com o nariz à canela ou ficar de cabeça para baixo...de que me vale tais habilidades se continuo sem controlar meus impulsos? Se continuo a desejar as borboletas na barriga, o coração a palpitar? Se continuo a deixar que a fantasia me roube a concentração e o foco? Se continuo a deixar meus pensamentos e emoções  soltos, livres e sem rédeas? Se continuo sem saber gerir e arrumar a "minha casa"? 
Confesso que saber que o ego é o responsável pela bagunça, tranquiliza (risos). Mas saber que não o podemos simplesmente colocar na rua, assusta (risos)! Então, a solução será aprender a viver com ele e domesticá-lo direitinho! Esta sim é tarefa dificil de se fazer! São imensas as armadilhas ao longo da caminhada! Se damos uma trégua lá está o amigo ego a fazer das suas, lá estão a surgir as falsas percepções, os sentimentos confusos e equivocados, os pensamentos despropositados, as emoções alteradas, descompassadas, as ações pouco inteligentes, as decisões erradas, a degradação fisica, o bloqueio e a atrofia mental! 
Percebem porque se torna tão importante compreender o ego? Percebem porque devemos ficar atentos às nossas tendências, aos nossos hábitos, à nossa personalidade?  
Quando arrumamos a casa podemos entender melhor nosso dharma, o nosso dever, a ação certa, a ação que não agride o outro. 
E vocês perguntam para mim, que iniciei a minha prática diária há certa de um ano, sabes qual é o teu dharma? Sabes compreender o teu ego? Tens sempre uma boa relação com ele? Sabes colocar as rédeas nos teus cavalos? A carroça já se espatifou? O cocheiro já se magoou? 
E eu respondo...não, não sei qual o meu dharma mas tento saber! Assim como tento compreender o meu ego e relacionar-me da melhor forma com ele.
O cocheiro, um novato nesta trilha, nem sempre coloca da melhor forma as rédeas nos seus cavalos! Vai daí, já deixou que a carroça se espatifasse e óbvio que se magoou sério!
Mas...o cocheiro um dia decidiu que não mais havia de fugir e desistir! Levantou-se, sacudiu-se e continuou a sua caminhada! O importante não é cair mas sim a vontade e capacidade de se levantar! Na verdade cada queda traz consigo ensinamento, conhecimento. Não é ignorando a queda que a evito! É aceitando-a, percebendo-a! 

Namastê
 
 

domingo, 8 de julho de 2012

Colocar rédeas aos cavalos...

Hoje após prática de astanga participei num satsanga bem "produtivo"! Falámos do épico Bhagavad Gita, dos conflitos do princípe Arjuna na hora de cumprir o seu dharma, da sabedoria de Krishna que lhe desvenda a verdade suprema e do como tais ensinamentos podem e devem ser aplicados na vida de quem busca a paz, o amor, a felicidade, plenitude, liberdade e transcendência.
Quando assumimos um compromisso de querer buscar a verdade de quem somos, como somos e porque somos, quando decidimos ser conscientes de nossos pensamentos, sentimentos e emoções, quando queremos que a nossa ação seja congruente com o que achamos que é o certo, vários são os conflitos que se estabelecem na nossa mente, no nosso coração. Tal como Arjuna, o desejo é desertar, é fugir, é desistir, é contornar o obstáculo e permanecer na ignorância. Krishna mostra-lhe o caminho, revelando-lhe o conhecimento e a sabedoria capaz de o livrar da dor e sofrimento.
Tomar as rédeas da mente não é fácil para esta comum mortal que um dia decidiu querer conhecer um tal de Yoga. Não procuro apenas a prática do àsana que me dá um corpo forte, flexivél, consciente, cheio de energia e vitalidade! Procuro a minha natureza! Procuro a compreensão dos meus sentimentos, da minha ação, dos meus desejos, das minhas paixões, do meu descontentamento, das minhas dúvidas! Pretendo destruir tanta amarra interior! Pretendo aprender a amar! Pretendo me tornar um ser melhor!
E como alcançar tudo isto se permanecer de "olhos fechados", "ouvidos tapados", "mente fechada", apenas porque é cómodo e fácil? De que me vale apenas superar um desafio fisico se não me permito superar os desafios que a mente me coloca? Na verdade o desafio fisico é coisa pouca...és tu, o teu corpo e a tua mente ...agora quando és tu, o teu corpo, a tua mente, e pessoas que também sentem, que também pensam, que também têm emoções o desafio é bem diferente!
Óbvio que há conflito! Óbvio que há confusão! Óbvio que me sinto um Arjuna, versão princesa (risos), em plena batalha! Óbvio que preciso de um Krishna que ilumine a minha mente!
E mais óbvio ainda é que preciso de muito Yoga! (risos)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A transformação e o Yoga


Hoje consigo ter consciência da minha alta tendência em romantizar os factos da vida. Aprender a viver desapaixonadamente é algo que não acontece da noite para o dia. E tal como o romance, nem sempre há lugar para um final feliz. E isso traz, para este ser que continua sua aprendizagem, algumas sensações e emoções desagradáveis.
Meu sádhna de hoje fez-me perceber que é possível sim, adotar uma outra atitude interior perante os factos da vida. Apenas devo escolher a que é certa. Se a transformação física depende das intenções corretas, da persistência, paciência, da aceitação, da compaixão consigo mesma, de estratégia, inteligência e determinação também a transformação interior disso depende!
As emoções, os sentimentos e pensamentos habitam o meu Ser. Reprimi-los, julgá-los negativamente porque não vão ao encontro do que é supostamente o certo é calar a verdade!E não é isso que pretendo...
A prática das técnicas do yoga desenvolvem isso mesmo! A capacidade de ser consciente de si. Estar presente e atento a cada momento, a cada fase da vida! Não queremos apenas o corpo forte e flexível, a pele bonita e a voz agradável! Queremos nos libertar das amarras internas criadas no tempo. Queremos ser plenos! Queremos que os sentimentos, pensamentos e emoções estejam em harmonia com a ordem das coisas, da ação! 
Outrora e antes de experienciar o yoga vivia numa verdadeira montanha russa de emoções com a diferença de não as aceitar! Meus dias eram uma espécie de guerra fria! Insatisfeita, deprimida, ansiosa, com medo, fechada no meu mundinho de ideias e pensamentos mas... inconformada, sonhadora e com enorme vontade de me permitir saber o que é viver com intensidade, felicidade e paz!
Faz um ano este mês que a verdadeira transformação começou...o meu corpo não é o mesmo...a minha respiração não é a mesma, minhas convicções mudaram, meus conceitos, os meus olhos enxergam diferente, meus ouvidos escutam diferente, o meu tacto não é o mesmo, os meus valores mudaram!
Deixei para trás um maço de cigarros por dia, a garrafa de whisky numa noite, a lasanha de carne, a feijoada com pé de porco, o grão de bico com mãozinha de vaca, as horas intermináveis em frente à TV, as horas intermináveis em frente ao espelho do quarto a dançar e cantar, as horas intermináveis apenas a sonhar e fantasiar!
O Yoga ensinou-me e continua a ensinar o que é viver aqui e agora, o que é agir, o que é fazer acontecer! Ensina o que é respeitar-me e respeitar!
Faz todo o sentido caminhar por esta trilha recheada de obstáculos e dificuldades!



quinta-feira, 5 de julho de 2012

A charada da meditação

Nas primeiras vezes que tentei sentar para meditar as dores fisicas tomaram conta dos meus pensamentos! Hoje, e com o corpo um pouco mais forte, posso vivenciar a experiência de uma outra forma. Sinto como se fizesse uma viagem pelos meus pensamentos, pelas minhas emoções, pelos meus sentimentos. Não consigo ficar pela observação...tendo a questionar cada uma das coisas! Especialmente as que me trazem conflito, confusão e aflição. As que me roubam a paz, a tranquilidade. Dou por mim numa espécie de diálogo comigo mesma!
Loucura?
Bem...é nestas alturas que sinto necessidade de esclarecimento, de conhecimento...
O que se pretende com a meditação?
Será que aniquilar estes pensamentos, estes sentimentos elimina meus desejos, meus sofrimentos?
Mas como os posso evitar? Concentrado-me na respiração, concentrando-me num qualquer barulho?
Não dá! O que estou a fazer de errado? Pergunto!
E é aí que surge a necessidade de conhecer, de saber! Ótimo que existe internet, que existem espaços como o yoga.pro.br, que existem outros "loucos" que buscam respostas!
Coloquei no google "meditação por Pedro Kupfer" e logo me apareceu uma série de artigos!
Pois bem, vou partilhar convosco, que me estão a ler,  algumas frases esclarecedoras:

  • "os pensamentos, por si sós, não produzem sofrimento. A pessoa que acha que deve parar de pensar para parar de sofrer, acredita que pensar é sofrer. No entanto, a origem real do sofrimento é a crença de que somos o pensamento, ou de que ser é pensar." 
  • "Porém, até mesmo na hipótese de que o sofrimento fosse causado pelo pensar, a solução não estaria em parar de pensar. Parar de pensar indefinidamente, no melhor dos casos, irá me tornar uma espécie de vegetal, incapaz de me comunicar, sentir emoções ou crescer interiormente."
  • "Poderia eu dizer, nesse caso, que estou tendo uma vida plena? Pensamentos equivocados, como achar que somos insignificantes ou indignos de felicidade não se resolvem parando de pensar, mas corrigindo esses pensamentos e substituindo-os por outros que sejam corretos. Será mesmo que eu sou indigno de ter felicidade? Esse tipo de questionamento, com sua resposta adequada, é o de fato que resolve o sofrimento."
  • "Na prática, o ideal é chegar a bons termos com a nossa própria mente. Isso significa fazer, eventualmente, um acordo de paz com ela."
  • "quando sentamos para meditar, damos à nossa mente a liberdade para que ela seja como é, mas nos damos o direito de nos concentrar no tema que escolhemos para aquela meditação."
  • "a solução para esta charada não está em tentar manter a mente vazia, mas em perceber o Eu invariável que somos, presente em todos os momentos, antes, durante e depois de cada pensamento. Quando compreendemos que os pensamentos não escondem o Eu, mas que ele permeia todos os conteúdos, o conflito nascido da ideia de deixar a mente em branco, simplesmente desaparece."
E é este o resultado do meu sádhana de hoje...


quarta-feira, 27 de junho de 2012

De "olhos" bem abertos...

Um dia o meu professor sugeriu, num curso intensivo, que nós estabelecessemos um compromisso com nós mesmos e tentassemos cumpri-lo até ao fim da jornada. Lembro que inclusive escrevi num relatório diário de prática.
Como a minha tendência sempre foi desistir e fugir de tudo o que provocasse sentimentos de insegurança, frustação, medo, complexos de inferioridade e afins, estabeleci que não iria abandonar o caminho!
Foi uma experiência bem intensa que me colocou frente a frente com o que sentia e pensava. A proposta seria olhar com verdade, sem julgamentos, sem repressões, aceitando e compreendendo cada momento.
Dia após dia sentia que diminuia um tal de conflito interno, como se estivesse a estabelecer um pacto de paz comigo mesma.
O curso terminou mas o caminho não! Na verdade ele serviu para me capacitar de ferramentas, para me dar a conhecer por onde é o caminho e quais os obstáculos que irei encontrar. Serviu para perceber a importância de desenvolver a capacidade de nos olhar-mos com a maior verdade e integridade possível. Serviu para compreender a importância de uma atitude correcta. Só assim acontece a transformação, a evolução.
Os dias têm passado...
A cada novo dia que estendo o tapete e permito estar com o corpo, os pensamentos e emoções mais descubro, mais conheço! A atenção está presente como nunca! E isso permite "olhar nos olhos" tudo o que quero mudar e transformar. A diferença relativamente aos tempos de outrora é a compreensão de que isso apenas depende de mim! É a maturidade para aceitar o tempo e as dificuldades! É a sabedoria para viver sem criar expectativas ou ilusões! É a tranquilidade para aceitar! É a determinação para superar!
É essa atitude de respeito, amor e entrega que faz do yoga algo tão belo, valioso e interessante.
Hoje sinto vontade de conhecer e aprender não porque me impõem, mas porque quero e necessito responder a questões!

Hoje o meu sádhana contribuiu para esta reflexão... :)
Namastê



terça-feira, 29 de maio de 2012

Reflectindo...

Sempre gostei de associar uma imagem aos posts :). A formiga trabalha e esforça-se o verão inteiro para ter o que comer no inverno nós praticamos uma vida inteira para descobrir e sentir a cada novo dia um pouquinho da liberdade...


Hoje e após uma prática especialmente difícil percebo que efetivamente é importante aceitar, confiar, entregar e agradecer.
E é graças à prática do ásana que esse entendimento chega até mim. 
Há dias que os nossos pensamentos são mil, o corpo dói e desobedece! Por breves instantes tendes a questionar o rigor, a exigência, a disciplina! Porquê me submeter a tal?!
E quando estás quase para desistir, levantar e abandonar o tapete, persistes!
No fim apenas queres o teu silêncio, a tua verdade e perceber um pouco mais de ti.
Cada dia uma prática única apesar da mesma sequência de posturas.
Talvez seja por isso tão importante praticar há mesma hora, seis vezes por semana com toda a intenção possível.
Como perceber as minhas tendências, os meus limites? Como desenvolver a capacidade de discernir, agir e pensar fazendo apenas o que é comodo, confortável e prazeroso? Como acontece a superação, a transformação? Como me compreender e conhecer se não me colocar à prova? Como aprender a ouvir o meu corpo, a minha voz interior? Como sentir a minha força interior? Como descobrir a minha intuição?   
E algumas pessoas perguntam: Mas isso não é te martirizares?
Obvio que não! Há toda uma atitude mental que não permite fazer de uma prática austera um sofrimento, um ato de violência a si mesmo!
A cada dia que passa, mais entendo as palavras de Sri. Pattabhi Jois…practice, practice, practice and all is coming…

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Praticar com desapego = Paz, alegria e felicidade

A vontade de conhecer, saber e compreender provém da auto disciplina, da austeridade sobre ti mesma. Por esta razão é fundamental a rotina de uma prática. Com ela surgem naturalmente todos os obstáculos de uma mente instável. Observando os diversos pensamentos, sentimentos e emoções identificamos nossas tendências e de que forma elas influenciam o nosso equilíbrio, a nossa paz e harmonia interior. Esse auto conhecimento vai permitir o controle da mente.
Sem sádhana não há yoga! E esse sádhana consiste no quê?
É bom ter por perto os Sutras do Yoga de Patanjali! Ler, ler e ler quantas vezes forem necessárias para clarear e direcionar o nosso pensamento!
Hoje encontrei este video de Tim Miller que fala sobre abhyasa e vairagya, prática e desapego!
Foi bom ouvi-lo e relembrar o que o nosso professor já nos havia dito!
Praticar sem expectativas, com desapego a resultados, com desapego ao que somos e para onde vamos!
Só experienciando podemos avaliar quão desafiante é tal tarefa! E isto é yoga em prática!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O que é afinal prática de yoga?


Olho para esta imagem e lembro "Bom dia porquê? Se hoje não estendi o meu tapete e realizei a minha prática!"


Por conta de algumas circunstâncias da vida a rotina da minha prática pessoal teve de ser sacrificada.
A reação a tal facto levou-me a questionar atitudes e valores!
Por momentos dei por mim a esquecer ahimsa…as palavras, ações e pensamentos acabaram por ganhar características rudes e egoístas. Perguntei para mim mesma que raio de yogi és, se não consegues praticar um princípio tão básico como ahimsa?! Afinal o que é praticar yoga? Resume-se a estender um tapete e realizar uma sequência de posturas? Qual tem sido afinal a minha verdadeira motivação?
Olhando com a maior verdade possível para mim mesma, constato que perceber as limitações do meu corpo e descobrir potencialidades para as transcender é algo que me desafia e dá prazer! Ainda mais quando isso traz força, flexibilidade, saúde e energia. Existem todas as condições reunidas para fazer da prática apenas mais um vício que quando não satisfeito causa sofrimento, frustração, mau humor e um péssimo bom senso!
Após reflexão e olhando um pouco para o meu curto percurso é notável a transformação física, a consciência corporal, a vitalidade, a força, a leveza, o vigor, energia, saúde e paz interior! Os efeitos são tão positivos, os resultados são tão evidentes que tendo a olhar para a prática como algo sagrado. Mas… o perigo é quando a nossa devoção anda de mãos dadas com esses efeitos colaterais… tendemos a achar que viver num estado de yoga é estender um tapete e praticar! 
Se por algum motivo surge um imprevisto, uma situação que quebre a nossa rotina e isso perturbe o nosso sentimento de paz, equilíbrio e harmonia significa que é urgente prestar atenção à nossa relação com a prática e à relação da prática com o yoga.
Foi isso que fiz…e é isso que faço ao escrever estas palavras…refletir sobre a minha atitude auto observando e analisando-me.
Constato que mais difícil do que alcançar um ásana é permanecer em paz, é controlar impulsos, é vislumbrar o que é positivo nas coisas, é ser equânime nas mais diversas situações, é ter o domínio dos sentimentos, pensamentos e emoções, é cultivar princípios e valores superiores! Se por um lado a prática nos pode ajudar a alcançar tal, também nos pode equivocar e enganar!
É importante estar atento! 
Agora, e olhando de forma positiva para os últimos acontecimentos foi importante ser protagonista de alguns episódios deprimentes.  Isso trouxe consigo evolução, maturidade e transformação!
Hoje estendi o tapete às 6h 36m. A filha acordou às 7h 30m e não foi possível finalizar a prática a que me propus. Perante tal respirei, sorri e agradeci cada momento vivido e experienciado!     

domingo, 4 de março de 2012

O que a experiência nos ensina?

O propósito da criação deste blog foi partilhar a minha experiência e aprendizagem, ao longo da caminhada pelas trilhas do yoga.
O nome foi escolhido a pensar num registo diário da minha prática pessoal! Seria interessante poder observar toda a evolução física, mental e emocional.  Mas...não é isso que tem acontecido...a minha vivência tem ficado mais pelo pensamento...
Como caminhante principiante por essas trilhas do yoga, sinto várias vezes vontade de ler e ouvir outras experiências! São muitas as sensações ao longo da caminhada! A disciplina, o processo, a dificuldade e exigência levam ao questionamento, desânimo, equivoco, confusão e conflito.
Perceber que não estamos sós, que alguém também vivência tais sentimentos e que é possível transcendê-los ajuda a permanecer, a persistir. Ir ao encontro de conhecimento é fundamental para compreender e responder a cada porquê. Facilmente podemo-nos enganar relativamente ao propósito de cada uma das técnicas que nos permitem alcançar um estado de yoga, um estado de plena consciência do ser, de paz interior, plenitude e libertação. 
Vou usar este espaço para expressar e partilhar em palavras simples, o que sinto, penso e aprendo a cada novo dia.
E tu que me lês comenta, partilha, critica.
Acredito na relação de troca, acredito que temos muito a aprender uns com os outros.


Namastê!