quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Reflexão # 71 - A Dor Cega...

imagem retirada da internet 

Cegos de dor, sofrimento, inconscientes de velhos, repetitivos e devoradores padrões mentais, viciados nas garras e delícias do ego, elevaremos as nossas vozes para falar de Deus, Amor como algo que se coloca numa prateleira e se elege, se escolhe, domina, apodera, saciando aparentemente um desejo que na verdade esconde por detrás de si, o verdadeiro e profundo, insaciado pela realização infinita de qualquer um, o desejo por libertação, felicidade eterna.
Por conta dessa ignorância, carregamos às nossas costas o mundo, as pessoas, as relações. Vitimizamo-nos, culpabilizamo-nos, escandalizamo-nos, embrutecemo-nos, pregando a Deus sem o menor senso de verdade, autenticidade, espontaneidade e pureza. Como pode? Como vivemos uma contradição tão gigante que nos afasta, ainda que aparentemente unidos!
Que se faça silêncio.
Que nos afastemos mais para perceber o que nos une.
Que possamos ousar ver a sujeira, poeira que carregamos no coração! Só assim poderei entender que pureza, inocência, amor é a sua condição.
Que possamos escutar com coragem, força e firmeza as vozes perversas, ardilosas, fantasiosas que nos habitam. Não as julguemos de boas ou más. Não as tomemos como verdade absoluta mas como ferramentas que nos conduzem ao encontro real consigo mesmo. Que se enfrente o monstro que nos habita e que se lhe dê um forte e amoroso abraço. Sentemo-nos para conversar. O monstro é uma mera criação que posso desconstruir e transformar.
Que nossas mentes possam ganhar lucidez, capacidade de discernir e os nossos corações destemor, para escutar e sentir.
Desaprendemos tal habilidade, faculdade, dom e talento divino e talvez por isso caímos tão facilmente em armadilhas linguísticas que nos apanham na esquina das nossas emoções, como “os meus amigos de verdade, quem me ama de verdade, quem me valoriza, quem me respeita, quem me, quem me…”. Talvez porque pareça mais fácil, cómodo, confortável. Talvez porque nos alivie e desresponsabilize das nossas ações, decisões. Talvez porque aprove a miséria onde nos encontramos e não queremos sair por medo, desespero ou covardia.
Como podemos credibilizar tal conversa que apenas nutre o nosso senso de carência, dependência, julgamento e separação?
Possamos ficar espertos e despertos...
Possa a nossa dor ser lúcida ao invés de cega...

HarihOm
Sónia A.

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