quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Reflexão # 83 - Empatizar com a Criança Interna

imagem retirada da internet 

Quando escrevo, dou oportunidade à criança interna de se revelar, expressar, manifestar o que pensa, vê e sente…
Recomendo vivamente pois trata-se de uma verdadeira terapia…
Quando o faço não só tenho a possibilidade de tocar o seu mundo, como acolher a sua dor, revolta, angustia e constatar como aprendeu a percecionar-se e ao mundo.
Hoje pensava, onde aprendemos a esconder as chaves da sensibilidade, doçura, cuidado e empatia? O que nos leva a passear e como resgatar?
Como podemos nós ser sensível ao outro se tampouco somos sensíveis a nós mesmos?
Como posso criar empatia se tampouco a conheço em mim?
Como tolerar, compreender, abraçar, acolher se não o pratico em mim?
Como fortalecer-se quando se teme desistir?
Como vulnerabilizar-se quando se insiste sobreviver?
Lembrei da meninice e da nossa tendência em minimizar, compensar a dor de uma criança…
Quando ela chora porque tiraram a sua boneca favorita da mão, ou quando fazem pirracinhas, gracinhas com a sua tristeza, ou quando culpam por não ter feito como devia, ou quando mostram como é ridícula a sua conduta…
Essa criança cresce e vira o adulto que treinou muito bem a mascarar tal realidade, que para ser aceite, reconhecido e amado esconde a sua sensibilidade, fugindo ao silêncio como quem foge da cruz, calando com mil e um artifícios a doçura, pintando de cinza a inocência, renegando a pureza da presença…
A todo o momento somos os primeiros a desconsiderar essa criança, a roubar-lhe o espaço, tempo que precisa, a menosprezar a sua conduta enquanto nos deliciamos com bombons e chupa chupas que adoçam o vazio, a dor, compensando-a sem tampouco ter consciência.
Não que isso seja certo ou errado mas que possa vir à luz do nosso entendimento para poder ir ao encontro dessa criança, dessas emoções contidas, reprimidas, e saber o verdadeiro sabor de se oferecer um docinho na sua boca…
Quando ousamos tal, talvez fique mais natural o silêncio, respeito, consideração, amor perante a dor, agonia e tristeza do outro.  Não é assim tão distante da nossa…

HarihOm
Sónia A.

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