Praticar yoga, ler e ouvir sobre os mecanismos da mente tem me levado, pouco a pouco, a prestar maior atenção ao que se passa na minha cabeça. Dou por mim a observar cada movimento do pensamento. Naturalmente, isso traz consciência do que acontece connosco. Inicialmente gera-se um conflito...mas porque penso isto? Sinto aquilo? De onde provêm? Como controlo? Não quero ser assim, não quero sentir assim, não quero agir assim! Permanecemos continuamente amarrados, esperneando tal qual uma criança contrariada, querendo compulsivamente determinar o que pensar, sentir, falar e fazer! Somos movidos pela emoção produzida por desejo, achando que ele resolverá todos os nossos problemas, angustias, duvidas, ansiedades, tristezas, insatisfações, and so on. Estabelecemos uma batalha entre o que pensamos e o que queremos pensar, entre o que fazemos e queremos fazer, entre o que dizemos e queremos dizer e por ai fora...a determinada altura ficamos exaustos, sem forças para continuar uma luta sem fim...e então num rasgo de lucidez questionamos " Mas porque quero pensar, sentir e agir de determinada forma?" E num olhar profundo sobre nós mesmos vamos percebendo o orgulho, a auto estima e a falta dela, a segurança e a insegurança, a tendência competitiva, a coragem e a falta dela, a necessidade de valorização e reconhecimento, o medo, a necessidade de afirmação, os complexos de inferioridade, os sentimentos de superioridade, a ausência de compaixão, de compassividade, de amor puro, a facilidade de se apaixonar e encantar ou não, a tendência de pintar a vida em tons de rosa ou de cinza, ou de negro, de idealizar e imaginar intensos e fervorosos romances, de sonhar, and so on. Num olhar profundo e verdadeiro sobre nós mesmos percebemos que não vivemos a realidade! Percebemos que vivemos na sombra de um Eu criado pelos inúmeros e incalculáveis pensamentos achando que eles são o mundo e as pessoas! E assim nos angustiamos porque pensamos que as outras pessoas pensam o que na verdade apenas vai no nosso pensamento! Lutamos, discutimos, desejamos e sofremos porque não vivemos, idealizamos! Quando esta verdade se apresenta deixa de fazer sentido querer ser alguém de determinada forma, com determinadas características, com determinada imagem! Eu apenas sou o aqui e agora, consciente!
E vocês perguntam como eu mesma me pergunto: " Mas que graça tem viver sem emoções fortes, sem paixões, sem romances, sem alegrias, tristezas, desejos, anseios? Qual será a nossa história? O que nos inspirará a compor, a cantar, a dançar, a recitar? O que nos fará saltar, pular, rebolar, soltar uma gargalhada, um choro compulsivo, um choro de alegria e felicidade? Não estarei eu antecipando a morte para a vida? (risos) O que será evolução, transformação, criação?
Pois bem...julgo que todas estas questões também fazem parte do nosso ego...da nossa identificação com o que achamos e concebemos na nossa cabeça ser uma emoção forte, uma paixão, um romance, and so on. E julgo que a ideia não é acabar com ele ou criar inimizade, guerra, conflito...a ideia é observar, questionar, compreender e não se envolver inconscientemente...Esse processo trará consigo entendimento, paz e até libertação...
Namastê