sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Hinduísmo

Foi outro dos temas abordados. Concluímos que o Hinduísmo não é uma religião mas antes uma teoria, uma filosofia. É sanatana dharma, um código de ética, uma orientação de vida, uma tentativa de explicação do Universo, do ser. São 3 pares de darshanas com origem nos Vedas que explicam tal sabedoria superior:
Yoga e Samkya como filosofias experienciais, práticas e dinâmicas no caminho da libertação das misérias e infortúnios existenciais.
Vedanta e Mimasana. A primeira através do estudo e conhecimento do que é felicidade e como alcançá-la. É o yoga através do conhecimento. É o manual da vida. Mimasa através de rituais. É puro misticismo.
Vaisheshika e Nyaya, filosofias quase mortas na Índia que assentam num sistema analítico de teorias metafisicas.

Ainda acerca do segundo encontro...

Falou-se da filosofia do yoga enquanto caminho da felicidade, plenitude e moksa (libertação) e do conhecimento transmitido na obra Bhagavad Gita. Reflectimos sobre a questão do conflito que a obra pretende transmitir e da necessidade de agir obedecendo ao principio ético ahimsa. Foram muitas as problemáticas expostas numa tentativa de discernir o que é certo e errado, bom ou mau, and so on...
Por entre reflexões e argumentações chegámos à filosofia, cultura, tradição e sabedoria de antigos sábios que se dedicaram  e entregaram ao estudo da auto realização. Assim, ficou claro que para a filosofia do yoga não existe dualidades. Não há só matéria e só ser. Existe sim matéria e ser, chamado de Brahma. Não existe mandamentos como na religião mas sugestões para uma vida feliz, saudável aqui e agora. Defende a liberdade para criar, para ir ao encontro da verdadeira natureza e competências. Transmite um estilo de vida, uma cultura baseada nas leis naturais, na desrepressão, na ausência de interesses económicos. Propõe o svadhyaya (conhecimento de si mesmo), pretende habilitar aprendizados a serem autónomos, mestres.
Tais discussões trouxeram diversos assuntos à tona como o paradigma de waldrof, enquanto aposta na liberdade das crianças, na aprendizagem sem competição, sem pressas. A permacultura e seus princípios ecológicos, os zeitgeist movement e a sua visão quanto aos problemas e soluções sociais, o autodidacta Jake Fresco e a sua ideia de sistema de ensino actual, etc.

Estudo da Bhagavad Gita aqui

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Ayurveda

Outro tema que discutimos no segundo encontro foi ayurveda, palavra sânscrita que traduzida significa conhecimento da vida. Veda significa conhecimento e ayu significa vida.
A ayurveda faz parte da cultura do yoga. Defende, que tal como o Universo, também o corpo físico é constituído por 5 elementos base: o éter, ar, fogo, água e terra que influenciam a nossa fisiologia e determinam o equilíbrio ou desequilíbrio psicofisico. Segundo os seus princípios, esses elementos unem-se e determinam o humor biológico ou dosha de cada ser. Para a ayurveda existem três forças (Criação/movimento, conservação/transformação, união/resistência) que constituem a natureza e o ser humano. Estes tridoshas estão na base do equilíbrio ou desiquilibrio do homem e denominam-se de Vata, Pitta e Kapha. O Vata relaciona-se com criação e movimento, o pitta com conservação e transformação e o kapha por união e resistência.
Ayurveda e yoga são interdependentes. A ayurveda é a ciência  védica da cura do corpo e da mente que depende da auto transformação conseguida através do Yoga.
Falamos um pouco do que é Prakriti  e dos três Gunas (sattva, tamas e rajas) que se encontram presentes em toda a nossa acção e se organizam em prol do equilíbrio físico e mental.
O conhecimento ayurvédico é fundamental para uma alimentação e prática de yoga adequadas e em perfeita harmonia com cada um dos humores biológicos.


Nome recomendado: Márcia de Luca
Espaço virtual: Marcia de Luca 
                      Bem viver

Teste ayurvédico aqui

sexta-feira, 20 de maio de 2011

As objecções à prática...

Diz o Professor Hermógenes na sua obra, Autoperfeição com Hatha Yoga, que as objecções que colocamos na hora de praticar não passam de racionalizações, ou seja, raciocínios bem engendrados com que a mente procura justificar-se por um fracasso, às vezes de origem inconsciente.
Foi inevitável rever-me nessas racionalizações quando deixo de praticar porque a filha não deixou dormir de noite, porque é urgente preparar as formações, porque é urgente lavar, passar, limpar e cozinhar, porque agora é hora do banho, depois é hora de mamar, enfim...
É certo que desempenhar todos estes papeis requer uma pormenorizada gestão estratégica, de tempo e que nem sempre é possível dispor de 1 ou 2 horas para praticar! Confrontada com esta realidade comecei por achar impossível dedicar-me a tal filosofia! Reprimi-me algumas vezes, até ao dia em que ouvi " É preciso relativizar", em que li " O yoga é desrepressor" e " Você também pode"! 
Reflectindo acabo por perceber que o importante é o yoga e suas técnicas estarem presentes todos os dias nos actos mais simples, como levantar abrir a janela e respirar profundamente, durante alguns segundos, a brisa da manhã. Ir até à sala estender o tapete e fazer 5 saudações ao sol. Lavar os dentes com os pés bem assentes no chão, com a coluna erecta, com o peso bem distribuído, com os ombros para trás. Tomar duche e fazer contracções abdominais, etc. Depois ter consciência dos sentimentos, pensamentos, actos e emoções. Aceitar e procurar melhorar a cada novo dia.
É um começo para adoptar o "regime do yoga". 
Pequenos gestos produzem tão bons efeitos em mim que vou querer caminhar mais longe neles! Apenas tenho de me permitir vivência-los! Hoje cinco saudações ao sol, amanhã dez! Hoje a mão pousa na canela, amanhã agarra o dedo pé. Como diz o Professor Hérmogenes "de grão em grão enche a galinha o papo". Haja persistência, amor e satisfação! 
     
Posto isto...

  1. Não declinar falta de tempo. Nós sabemos criá-lo
  2. Vencer a preguiça que alguns chamam de falta de coragem
  3. Assumir o comando de nós mesmos, começar a prática na hora predeterminada cumprindo o programa que traçamos
  4. Convencermo-nos que chegaremos a realizar com perfeição as posturas mais difíceis. É preciso persistir sem desfalecimentos, as compensações estão a nossa espera
  5. Mesmo quando nos sentimos fracos e adoentados devemos praticar escolhendo as posturas adequadas
Resumindo : A proposta é  vencer todos os obstáculos reais e imaginários e dedicar-se a este grandioso empreendimento que é o Yoga.

                                                     Fonte: Autoperfeição com Hatha Yoga de Professor Hermógenes


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Qual a importância do ásana?

O Yoga ensina que o objectivo da vida de cada um de nós é percorrer o caminho interior da alma oferecendo-nos as ferramentas e meios para o atingir. Devolver a simplicidade e a paz à mente, libertá-la da angústia e confusão é o seu propósito. Esta sensação de calma advém da prática de ásanas e pranayama. 
A prática de ásanas purifica o corpo, serena as inquietudes no corpo, fortalece ossos, músculos, corrige postura, melhora respiração e aumenta a energia. As ásanas reavivam a circulação sanguínea do corpo, purgando-o de doenças e toxinas, resultantes de um estilo de vida irregular, de hábitos pouco saudáveis e de má postura. A prática regular de alongamentos, torções, flexões e inversões restitui força e vitalidade ao corpo. Para uma boa saúde as articulações, os tecidos, os músculos, as células, os nervos, as glândulas e todos os sistemas do corpo devem estar num estado de perfeito equilíbrio e harmonia. Um corpo não saudável tende a albergar uma mente inerte, apática, indolente. É a pratica de yoga que retira a mente deste estado de indolência e a conduz a um estado mais activo.
 As ásanas fortalecem o metabolismo, a circulação linfática e a secreção hormonal, repondo o equilíbrio químico do corpo. Ainda estimula e modifica a atitude emocional, convertendo apreensão em coragem, indecisão e incompreensão numa capacidade positiva de empreendimento e a instabilidade emocional em confiança e equilíbrio mental. 
De referir que um ásana não é um mero exercício físico, não é a posição que ao longo de anos de treino um contorcionista pudesse adoptar. É sim um exercício que implica muito mais do que mera contracção ou relaxamento de certos músculos. Nela intervêm outros ingredientes como domínio muscular, ritmo, respiração, concentração, equilíbrio mental, físico e paciência.


A anatomia e o Ásana


A anatomia humana é a ciência que estuda a estrutura e a organização, interna e externa, do Homem. É fundamental adquirir conhecimento dos vários grupos regionais, sistemas e fisiologia do corpo humano já que estão envolvidos na disciplina do Yoga.
O Yoga é um sistema que visa ajudar as pessoas a atingir o seu pleno potencial e uma consciência elevada, através de técnicas ancestrais que concorrem para o desenvolvimento de todas as faculdades humanas: físicas, emocionais, mentais e espirituais. O corpo é visto como um instrumento da mente que permite crescimento e desenvolvimento pessoal, bem-estar, felicidade, consciência corporal, alívio e prevenção do stress. Permite que cada pessoa trabalhe dentro dos seus limites pessoais em prol da saúde composta pelo exercício regular, respiração adequada, repouso, relaxamento, meditação, pensamento positivo, dieta saudável e equilibrada. Antigos yoguis desenvolveram esta técnica como meio de alcançar a harmonia dentro de si próprios e em relação com o meio ambiente. O yogi cuida do seu jardim (corpo e mente) na busca da plenitude e liberdade. 
O Astanga Yoga, ensinado por Sri K. Pattabhi Jois, é um sistema atlético e fisicamente exigente que assenta em 8 princípios: yama, nyama, ásana, pranayama, pratyara, dharana, dyana e samadhi. O Yama (princípios éticos) e nyama (autocontentação) perfazem um código de conduta que define a moral e comportamento do indivíduo. As ásanas e o pranayama disciplinam o corpo e a mente através de práticas básicas que conduzem à saúde física, orgânica, psicológica e mental. O Pratyara ou desapego do mundo exterior, desvia o fluxo dos sentidos, da percepção e dos órgãos de acção dos prazeres mundanos. O Dharana ou concentração prolongada, satura a mente até ela penetrar na origem da existência e a energia intelectual consciente se dissolver no centro da alma. E quando perdemos a noção da nossa existência fragmentada diz-se que atingimos o samadhi.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O primeiro encontro...

Os encontros de astanga vinyasa yoga são iniciados com prática matinal seguidos de transmissão de conhecimentos sobre a sua filosofia, história e técnica. 
A prática é constituida pela primeira série do sistema, chamada de yoga terapia ou yoga chikitsa,  que consiste na realização de Surya namaskar A e B seguida de posturas de pé e sentadas que purificam o corpo. Deve ser executada usando os bandhas, mula (contracção dos esfíncteres) e Udiyana (contracção da parte inferior do abdómen), e a respiração ujjayi ( respiração pelas narinas contraindo a glote tornando-se sussurrante). 
Iniciante que sou, senti dificuldades em coordenar o pranayama com as ásanas. A respiração tornou-se curta e rápida. Não realizei todas as posturas observando dificuldades de equilíbrio, permanência, flexibilidade, consciência corporal, alinhamento e força. Percebi a importância de ter todo o corpo activo, inclusive dedos das mãos e pés que devem estar bem abertos e o peso bem distribuído sob eles. Percebi ainda que é fundamental conhecer a intenção da ásana para ser executada de forma correcta afim de nutrir os devidos efeitos. 
Durante a prática, e no confronto com a minha realidade física, não fui indiferente a súbitos sentimentos de frustração e inferioridade. Sei que o yoga não é competitivo e que o efeito da prática é gradativo mediante a dedicação mas...não deixei de o sentir! O bom é que em momento algum tive vontade de desistir! Para além de pretender a auto superação é maravilhoso relaxar e ter tamanha leveza no corpo e na alma! E... é esta a altura ideal para iniciar o estudo. Falámos da história do yoga e a sua actual estrutura cronológica. Foi proposta uma reflexão quanto à importância do tema para nós e os vários pontos susceptíveis de causar polémica. Elaborei um trabalho que intitulei de "História do Yoga" apoiando-me na obra de Pedro Kupfer e em alguma pesquisa na internet. As principais dificuldades foram as relacionadas com o vocabulário sânscrito. Falámos ainda sobre a conduta ética (Yama e Nyamas) do yoga e a sua importância enquanto base fundamental. Várias são as questões que borbulham na minha cabeça! Qual o papel de um yogi na sociedade actual? Qual a actual mentalidade dos indivíduos? O que está por trás? O que aconteceria à sociedade actual se deixasse de ser capitalista? Quais as dificuldades que o aspirante a yogi encontra pelo caminho? Até que ponto a sua consciência ética não o leva à repressão?
Well, julgo que a prática, o estudo e conhecimento responderão a tais questões.                      
         

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Porquê um blog?

Já sou blogueira, em outra paragem, há aproximadamente 4 anos. Muito tenho falado das experiências da minha vida colorindo-as das mais variadíssimas maneiras. Visitando o arquivo dessa paragem consigo perceber paixões, medos, desejos, revolta, esperança, confusão, alegria, tristeza, euforia, insegurança, força, determinação e indeterminação, instabilidade, gostos e desgostos, mágoas, amor, paz, felicidade, crítica, futilidades, reflexões e afins. É bem fácil concluir que o meu ser andou muito de montanha russa! Tanto que um dia ficou cansado, desesperado e confuso. Gritava à procura de paz de espírito, as rédeas dos seus pensamentos e emoções! Gritava por equilíbrio emocional, por felicidade constante e permanente! "Entrou na urgência" no primeiro dia que descobriu que não era apenas um a habitar seu corpo! Outro ser ali crescia! Havia pesquisado, lido e ouvido a possibilidade de trabalhar o corpo e a mente através da prática dum tal de yoga. Logo pus os pés ao caminho! Um amigo falou de uma profissional exemplar e do espaço agradável onde exercia essa actividade! Assim iniciei a minha primeira prática! Foi tudo muito estranho! Não percebia o que aquelas pessoas de olhos fechados "rezavam", porque tinha de me preocupar tanto em respirar! Descobria que a minha assiduidade diária em aulas de "enfarta o ego" (BTS (Body Training Systems)) e musculação não me fizeram tão forte e ágil como julgava. Os meus braços e pernas tremiam! Torções e flexões eram verdadeiras torturas! Constatei imensas limitações! Rapidamente percebi que queria muito superá-las! Cada vez que praticava sentia um efeito diferente física e psicologicamente. Lembro que nas primeiras vezes de yoga nidra até vontade de chorar tinha! Well...o tempo foi passando, a barriga crescendo e eu renascendo! A gestação e o nascimento da minha filhota despertaram muita coisa em mim! Não queria ficar apenas pela vontade de mudar e transformar a minha forma de ver e viver a vida! Era hora de agir! E assim iniciei a formação em Astanga Vinyasa Yoga e a longa jornada em busca de liberdade e plenitude!

Quero com este espaço continuar a escrever e a partilhar a minha vivência enquanto caminhante pelos trilhos do yoga.