domingo, 29 de maio de 2016

Reflexão # 58 - Devoção? O Encontro com a Essência do Coração

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Todo o movimento corpo, mente, emoções é um pequeno passo na direção do ser lúcido e devoto que me habita…

Dor, tristeza, desejo, ânsia, fantasia, uma sofisticada manifestação do que é sempre presente, que a todo o momento se revela na subtileza e perfeição de uma ação, aparentemente imperfeita…

Se quando avassalados por uma agonia, tristeza e choro profundo, porque aparentemente os contornos da vida não são os que gostaria e desejaria, saiba que pode sorrir e agradecer no silêncio de cada lágrima, emoção, se o foco do olhar é interno, verdadeiro e sincero…

O que se apresenta diante dos olhos físicos são meras formas e imagens que empurram para o desejo de conhecer quem sou…

Se ousar abraçar e entrar nas fantasias, desejos, pensamentos, emoções, saberei que inquieto e gritando a plenos pulmões, apenas procuro um reencontro que na verdade é por si só, solitário, silencioso e divino…

Não é escolhido, determinado, tampouco decisão tomada pela mente…

Humildemente reconhecerei o seu valioso papel, na sua infinita limitação e permanecerei atento, contemplativo, livre para apreciar, acolher e abraçar…

De peito aberto direi que nada me pertence e que de verdade nada quero nas minhas mãos…

Que elas sirvam para servir e que sejam mero canal por onde flui a essência e propósito da vida…

Harih Om
                         
(Sónia Andrade)

terça-feira, 10 de maio de 2016

Reflexão # 57 - O Papel do Mestre...

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Por vezes ouço dizer “ Eu não acredito em mestres! Eu sou meu mestre” e penso como está equivocado todo um processo que é natural, fundamental, essencial da existência e busca humana por entendimento da sua realidade livre, plena e feliz.
Se refletirmos um pouco, com uma mente que discerne a influência de crenças, valores, medos nos seus posicionamentos, veremos como é lógica e fundamental essa relação e como sem ela é impossível obter o autoconhecimento. Não falo do conhecimento de emoções, pensamentos, individualidade, identidade, humanidade. Falo do conhecimento do que não é humano mas que está na base da sua realidade e que para ser transmitido precisa necessariamente de um meio, processo, papel, relação.
Desde cedo ela se manifesta para nós… primeiro pela mão de pai e mãe, depois pelos professores da escola, amigos, familiares, filósofos, pensadores e por aí vai…
Algo nos move nessa direção permitindo a nossa sobrevivência, existência… como se fosse algo intrínseco na criação, fruto de uma supra e sofisticada inteligência que a própria mente jamais alcançará.
Talvez o conceito de mestre esteja enrolado em tanta aberração que se escuta, vive, observa, crê a pontos de perder o fio à meada de nós mesmos. Talvez o nosso autocentramento nos roube a possibilidade de sentir, compreender a sua sacralidade ou até mesmo os nossos medos, feridas e traumas mais profundos.
De facto quando o coração reconhece o mestre nas palavras, silêncio, posição, movimento, um imenso brilho acontece iluminando cada recanto da mente, corpo, emoções… Alimentar, nutrir vícios, tendências, mentiras torna-se insustentável e naturalmente aparece uma outra visão, que apesar de sempre presente, não era alcançada.
Que se abra o coração para receber as bênçãos dos mestres. Possam eles nos emprestar suas mentes lúcidas para auxiliar a nossa caminhada pela floresta escura, em busca da fonte do mais valioso e nutritivo alimento, que é o amor.
Possamos nós através dos seus olhos reconhecer com verdade e realidade quem somos. Possamos nós contar e compor a nossa história, acolhendo as nossas dores e fantasias, ora rindo, ora chorando.
Harih Om
Sónia A.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Pensamentos Soltos # 68

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Desejar, pedir, orar, trabalhar por iluminação
Apenas uma mente que anseia o brilho da pureza do coração…
Quando ela o vislumbra
O silêncio é a sua oração
E a dança da vida sua contemplação…

(Sónia Andrade)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Reflexão # 56 - Crianças e as Flores...

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Mamã porque as árvores se chamam árvores, as flores se chamam flores, o céu se chama céu?
Mamã o que é sofrer? Ah… é como uma bebedeira?
Estas questões, colocadas pela filha, levaram-me a esta reflexão...

Criança é um ser no seu estado mais puro, simples, espontâneo. Ainda que o seu intelecto se encontre em desenvolvimento a inteligência fundamental, essencial está ali, sempre presente… manifestada nas mais variadas formas de agir, pensar, sentir. O seu universo fantástico, mágico é essa inteligência inata, manifesta, que lhe permite sobreviver, percecionar-se e o mundo que a rodeia.
É um enorme contributo nas suas vidas proporcionar-lhes espaço para se expressarem livremente, para se reconhecerem físicas, mentais, emocionais, espirituais.
É um enorme contributo momentos de silêncio e presença que as nutrem de segurança, confiança para se questionarem e questionar, para expor e se expor…
A vida roda e a tendência é a preparação de uma mente que responda às exigências do mundo externo como algo suscetível de trazer a segurança, conforto e felicidade que naturalmente busco. Óbvio que o resultado é caótico e a prova disso é a forma como o próprio mundo se apresenta, fruto apenas e só de valores fundamentais, essenciais esquecidos, camuflados pela ignorância de quem sou. Fruto do cultivo de uma mente com visão limitada e condicionada.  
Criança é uma flor…uma delicada flor… apenas precisa ser regada, nutrida, cuidada com a mesma subtileza que a mãe natureza o faz… requer observação, atenção, presença, escuta activa… requer um coração livre, disponível internamente para acolher, abraçar e conduzir na direcção da sua livre, inteira e plena expressão.
Preciso ousar fazê-lo, em primeiro lugar, com a minha criança interna… naturalmente isso estender-se-á para o mundo externo e as relações serão brincadeiras de crianças, mediadas por uma mente que se encontra lúcida relativamente ao seu papel.
Harih Om.
Sónia A.