imagem retirada da internet
Certa
vez é preciso ousar ver e sentir o que nos motiva a relacionar, o que nos
empurra, atrai…
Sem
julgamento, juízo de valor, mas com um peito bem disponível para se desencantar,
desiludir de forma a poder ir ao encontro de algo bem maior que se ergue para
acomodar cada contorção de dor… não é drama, não é poesia, não é magia… é pura
alquimia que se faz sentir em cada célula…
Diante
de nós um castelo de areia que se vai desmoronando… segredando ao ouvido a
necessidade e carência de se ver através do outro especial, bonito, poderoso,
valioso, amado, seguro, protegido, por conta da imagem que criamos de nós
mesmos, pessoas e mundo… seres não merecedores, seres inferiores, seres
superiores, indignos de pureza, inocência, prazer e bem-aventurança…
É
triste, é comovente, sufocante até… tamanha carga que carregamos e fazemos
carregar inconscientemente… como o mundo lá fora alicia, provoca os nossos
personagens deslumbrando-os… o carente, o sem valor, a vítima, o feio, o não
desejado, que fácil, fácil vai socorrer a sua dor diante daquilo e daquele que
supre o seu desconforto, agonia.
Que
haja compaixão para com isso, que haja acolhimento, mas com um sentido crítico
de quem ousa olhar, questionar e fazer por se descobrir livre dentro dessa
realidade.
Relações
podem ser campo de crescimento, amadurecimento mas também de poder,
manipulação, controle, dependência, roubando a dignidade de cada um… é tão
subtil que o fazemos através dos mecanismos mais amorosos, atenciosos, bondosos…
Que
possamos abraçar a nossa ignorância, limitação, experienciando, mas de olho e
coração presente, atento, aberto para poder sentir, reconhecer e transmutar.
Relações
são de facto a beleza da vida e conduzi-las na direção da base essencial,
amorosa e compassiva a grande missão, propósito de viver o dharma. De facto,
vivê-lo requer de nós a força interna para sair do conforto, do que é
aparentemente certo, lógico, comum e dentro de todos os requisitos que nos
fizeram crer um dia… a força para entrar gentilmente em cada fantasia, desejo e
abraçar com toda a compreensão, aceitação, amparo, tal qual a mãe que acolhe o
filho no seu regaço, ora para rir, ora para chorar…
Talvez
num primeiro momento o desencanto pareça insuportável, assustador, deprimente
que nos conduz ao impulso e desejo de morte, tamanha a luz que se revela para
nós…
Talvez
tudo pareça não ter sentido, entusiasmo, adrenalina, paixão tamanho o hábito,
costume do corpo e mente presos, viciados, manipulados…
Talvez
tenhamos de dar tempo e espaço a um novo corpo, olhar, que renascem para contar
uma outra história…
Que
possamos nos entregar ao mistério do que nos aproxima e afasta com uma mente
desperta para conhecer, entender, crescer, amadurecer, ao invés de uma mente
que busca apenas os arrebatadores prazeres fugazes, sem tampouco usufruir do
tanto que eles têm para nos confidenciar…
HarihOm
Sónia
A.