sexta-feira, 28 de abril de 2017

Reflexão # 100 - O Papel e Valor da Desilusão...

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"A desilusão é a visita da Verdade" - Chico Xavier  

Criar um espaço interno para permitir desiludir-se consigo mesmo e demais, é caminhar na descoberta de uma força interna que não se impõe, que não se faz por querer ser vista mas que se reconhece no silêncio, na dor gostosa que nos revela um amor que nutre, ampara, ergue na simplicidade, espontaneidade, na consciência de escassez e abundância, de carência e plenitude, dependência e libertação, alegria e tristeza, de amor e ódio, orgulho e humildade, arrogância e generosidade e um sem fim de dicotomias.
A vida é breve para não ser vivida com a intensidade, autenticidade que merece.
Perdemos tempo demais acreditando que somos todas essas máscaras que colocamos no rosto, nas palavras, nas acções.
Perdemos tempo demais desfilando os nossos limitados e condicionados conhecimentos, esgotando o espaço para apreciar algo bem maior que o permite.
Corremos demais atrás de tanto sonho, projecto de vida, condição segura, favorável, prática e conveniente, deitando pela janela a beleza de sentir a relatividade, fragilidade de toda a panóplia que seduz, encanta e nos amarra ao que é superficial, matando o real prazer e deleite de se ver, sentir para lá de todas as migalhas de amor que vamos apanhando ao longo do caminho.
HarihOm
Sónia A. 

sábado, 22 de abril de 2017

Reflexão # 99 - Puja e Tradição

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Puja é uma prática da tradição védica que coloca a nossa mente numa relação com algo maior que ela. Uma ferramenta que nos ajuda a estabelecer uma conexão com o mais intimo em nós, com uma inata devoção que não é criada à luz da mente mas reconhecida à luz da sabedoria de um coração que vê e sente a ilimitação do amor para lá da forma, tempo e espaço.
Partindo da experiência pessoal, a minha mente sempre resistiu a um processo de aprendizagem, como se não tivesse força para levar adiante método, disciplina, estudo. Como se houvesse necessidade de se esquivar diante das dificuldades e propostas. Aprendeu a desvalorizar, a alimentar um senso de incapacidade e autojulgar-se inferior. Competir, mostrar-se capaz, sabedora sempre lhe pareceu uma carga de trabalhos sem sentido e que por isso não a estimulavam.
Desejava aprender porque é bom, dá prazer, é útil, contribui, tem valor e para estar no mundo seria o suficiente.
Pois bem, hoje reconheço com felicidade e satisfação que todas essas práticas e disciplinas, de facto têm muito mais para nos confidenciar do que meros procedimentos que têm o seu valor, propósito, intenção.
Quando a dor aperta e o compromisso é consigo mesmo e sob sua responsabilidade, fazer puja é um abraço, uma mão que passa no rosto e um coração maior que nutre outro coração ferido, meio perdido e com genuína vontade de se encontrar. Penso que com o tempo há-de ser sempre aquele encontro onde reverenciamos, prazerosamente, a nossa natureza primordial, seja lá o que isso for. Todos os procedimentos e disciplina envolvida, tomam a forma do amigo, o verdadeiro amigo. Aquele que em silêncio se faz presente para te ajudar. Que contribuiu diante das tuas dificuldades com a firmeza e doçura de um velho sábio que por detrás de uma postura séria se alegra e satisfaz com a tua força, capacidade, inteligência, dedicação e entusiasmo. Que mantendo-se equânime celebra cada conquista, superação de obstáculo, desejando que brilhes com todo o teu esplendor.
Disciplina pode transformar-se em algo capaz de nos dar imenso prazer e todo o processo intelectual, uma pintura que se aprecia a cada instante.
HarihOm
Sónia A. 

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Pensamentos Soltos # 104

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O caminho espiritual é de facto consciente quando reconhecemos a dor existencial e ousamos vivê-la com atenção, presença, responsabilidade e compromisso.
Precisamos de uma força interna para isso. Um ego que aprendeu a baixar a cabeça sem perder a dignidade e integridade, disposto a render-se a uma ordem maior que determina toda a condição corporal, mental e emocional perfeita para que cada um trilhe os caminhos que precisa. 

HarihOm
Sónia A. 

Reflexão # 98 - O Amor que Liberta

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Todo o ser humano tem necessidade por afecto, amor, atenção, cuidado. Quando essas necessidades não são atendidas, facilmente alcançamos um estado de irritabilidade, agressividade, agonia e tristeza. Como se fosse uma força motora que dá sentido à vida. 
Presos na ignorância, vamos procurar suprir junto dos demais criando um jogo de dependência. Ele só o é por ignorância e não pelas necessidades naturais humanas. 
Ir ao encontro delas com a atitude de quem pretende se nutrir de um amor que liberta, é talvez a possibilidade de usufruir do imenso prazer e beleza que é a vida. 
Diante desse prazer e beleza, cabe a nós crescer e amadurecer pelas linhas e contornos do que é Ser e Estar sem corromper o outro.
E isso? Isso é talvez o desafio e a ferramenta mais oportuna para se reconhecer amor e compassividade. 
Esta imagem védica de Krishna e Radha, simboliza essa força de um amor que alimenta, nutre e faz brilhar o que é firme, doce, vulnerável, digno e integro. Forças, energias que nos habitam e que dão forma a um corpo, um olhar, um gesto, uma escolha, decisão que contribuiu para o brilho do que é simples, despretensioso e capaz de reduzir a nada as mais hilariantes fantasias de conto de fadas, rainhas más, príncipes encantados, castelos, tronos, grandes e pomposas reverências a deuses e deusas na terra.  

HarihOm
Sónia A. 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Pensamentos Soltos # 103

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Fadas, princesas, reis e rainhas
As delícias do ego e suas ladainhas…
Aqui e agora mora um Ser
Que anseia se reconhecer
Fonte de amor desinteressado
Num rito que não é apressado
Pois não necessita chegar a nenhum lado…

Sónia A.

Pensamentos Soltos # 102

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Não queiras dançar no palco da dor de um outrem,
Não queiras ser o remédio, tampouco o Sr. Doutor,
Sê o espectador, o espelho da tua própria dor,
Se chorares, não chores com pena,
Chora como quem lamenta a cena e contracena,
Se sorrires, sorri com alegria, pureza e leveza
Deixando cair o esforço de parecer dono de grande riqueza…

Sónia A. 

sábado, 8 de abril de 2017

Pensamentos Soltos # 101

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O movimento do mundo nada mais é do que um espelho que nos mostra infinitas possibilidades e nos oferece, a cada aqui e agora, oportunidade de viajar pelos caminhos mais belos e desafiantes. 
Os trilhos traçados nos recônditos do coração, a experiência mais extasiante, amorosa e compassiva que ilumina um corpo e mente desnutridos, entorpecidos e perdidos num labirinto de ferozes e fugazes desejos, ambições e fantásticas, mágicas ilusões.
Abençoada a desilusão, abençoado o sofrimento e a dor que liberta, que confidencia a pureza, a doçura e delicadeza da condição real de todo e qualquer Ser.

Sónia A. 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Pensamentos Soltos # 100

foto de João Benjamim 

Num chão que é todo amparo, doçura, amor, compaixão, tolerância
Dançamos, sapateamos, desfilamos, atuamos…
Vestindo este, outro e aquele adorno
Incorporando esta, aquela e a outra fantasia
Num movimento inquieto, inconstante e de todo incoerente
Que oculta a beleza do Sol que se deita a poente…
Oh afortunada criatura!
Que és todo tesouro por detrás dessa armadura
Deixa essas roupas velhas caírem no chão
Tampouco temas a dor da desilusão
Que te revela a fonte de toda a criação…


Sónia A.