imagem retirada da internet
Quantos
de nós já não expressou para outro, com toda a sua espontaneidade : “gosto de
ti pá!”
E
porque o fazemos tão instintivamente? Sem necessidade de pensar, justificar o
quer que seja?
Falando
pessoalmente, e porque já me vi numa dessas espontaneidades, como se
sentimento, pensamento e fala estivessem completamente alinhados, entendo que
não é mais do que o outro faz reconhecer em mim. A forma como se apresenta em
palavras, gestos e atitudes faz ressoar no coração uma vibração positiva, serena,
desprendida e natural. Não se trata de uns serem melhores que outros, mais ou
menos especiais. Não se trata de criar o grupo dos que gosto e os que não
gosto. Trata-se de reconhecer no outro, o simples, o natural, o livre, o espontâneo,
o amoroso, que habita em mim. Como se de um espelho se tratasse.
Um
sentimento que não vem meramente com um acto ou palavras simpáticas, nem tampouco
com um permanente sorriso rasgado… é um sentimento que advém de um olhar que é
puro, despretensioso, de palavras simples e verdadeiras e que portanto
carregadas de sabedoria, de uma equanimidade perante o elogio ou critica, de uma
serenidade inabalável no tumulto de emoções, pensamentos, proveniente da
lucidez.
A
empatia que me permite sentir unido, próximo e não diferente do outro não nasce
do querer ser empático… não nasce das mais sofisticadas lições sobre rapport,
programações neuro linguísticas e o tudo que aí se encontra disponível para
apetrechar a nossa mente e proporcionar-lhe uma eficiência no mundo, nas
relações. Ainda que tudo isso tenha o seu lugar e espaço, a sua função e
beneficio, é pouco para uma verdadeira conexão. Aquela que se dá no mais intimo
e profundo de nós. Que de poucas palavras necessita. Que dispensa simpatias.
Que privilegia o silêncio à conversa da “treta”. Que não separa ou divide. Que
não te amarra ou aprisiona. Que não te ilude. Que é livre do eu, meu, teu e que
portanto isenta de toda e qualquer fantasia ou projecção mental.
Muitas
das vezes avaliamos as nossas relações amorosas e até mesmo de amizade muito
superficialmente, julgando, sem qualquer objectividade e entendimento, o que se
apresenta externamente a nós. E é essa errónea percepção que conduz as nossas
escolhas e decisões. Efectivamente, elas parecem não ter fim… a todo o momento
o acto de um amigo vai ferir e logo estamos prontos para apontar o dedo,
culpabilizar, cortar, afastar, mostrar raiva e indignação, baseados num facto
externo que tantas vezes é percepcionado de um modo diferente… lógico… a única linguagem
comum é a do coração… é a que faz de nós humanos, que sentem, necessitam e que
portanto nos permite empatizar, unir…
O
mesmo se passa nas relações amorosas… a qualquer momento eu escolho e decido
baseado no que o outro faz, não faz ou poderia fazer. Como se o facto e pessoa
fossem solução para o meu vazio existencial, para a minha ferida, para a minha
carência, solidão, medo… igualmente sem fim… nada nem ninguém tem essa
capacidade… e que triste colocar tal responsabilidade nas mãos de outro… que
pobre e cruel jeito de amar…
Que
possamos nos olhar com mais pureza, humildade…
Om
Sónia.
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