imagem retirada da internet
Quando
olhamos uma imagem de Lakshmi não invejamos a sua beleza, riqueza,
prosperidade, abundância. Os nossos olhos são um encontro com a contemplação do
imenso que habita o peito e a apreciação da natural limitação, ignorância que
dá forma à vida. Ela está lá, sempre presente e de joelhos diante do altar, se
eleva o coração para chorar tudo o que é preciso ser chorado. As lágrimas que
correm pelo rosto são água, sal que purificam e a força que transforma. Toda a
imagem é meio de comunicação, expressão e um espelho para perceber a visão de
nós mesmos. Passamos a maior parte do tempo a querer ser uma imagem que
admiramos do lado de fora e em nome de nos ofertarmos a estima, o amor, reconhecimento
que carecemos. Vivemos tentando aprimorar o corpo, o intelecto, a conquistar,
possuir, galgar, entretidos em poder chegar ao espaço e lugar que aquela imagem
desperta em nós. Assim nos vamos inspirando uns nos outros, dançando de roda em
roda, motivando-nos num caminho de redescoberta e resignificação da vida.
Quando olhamos a imagem de Krishna e Rada e nos emocionamos com o que ela nos
transmite, não estamos necessariamente à procura de um Krishna ou de uma Rada
na nossa vida mas sim o espaço em nós para percepcionar a delicadeza e beleza
da partilha, do companheirismo, da vulnerabilidade, força e firmeza de quem se
nutre de amor e por amor. Essa pequena palavra é complexa de ser compreendida,
reconhecida e necessita de um mergulho às profundezas. A todo o momento é
colocado nas nossas mãos essa possibilidade. No entanto perdemo-nos nos ruídos,
imagens, desperdiçando a oportunidade de fazer deles o trampolim, impulso para
se voltar na direcção, cujo rumo é “casa”.
Assim
deveria ser quando admiramos, contemplamos uma imagem, mensagem nas redes
sociais, por exemplo. O que ela desperta em nós? O que nos conta de nós? Porque
tentar adivinhar o que conta dos demais é perfeita loucura e nada mais do que o
reflexo de si mesmo.
De
verdade ninguém quer parecer ou ser um outro. Ninguém quer ter a vida do outro.
Isso é mentira e mero mecanismo de quem pretende alimentar uma espécie de
ratinho numa roda.
Todos,
sem excepção, quer a sua vida, quer ser ele mesmo. E é tanta atracção,
estimulo, dinâmica, informação, que ficamos tontos, perdidos e muitas vezes caímos
para o lado porque não tem como impedir um jogo que é existencial e ao nível consciente
e subconsciente.
HarihOm
Sónia
A.
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