Quando
enveredei pelos caminhos do yoga o primeiro método que me foi apresentado, e o
qual experiencio até aos dias de hoje, foi o ashtanga vinyasa yoga, que é
baseado nas técnicas de hatha yoga e o qual foi estruturado por Sri K Pattabi
Jois.
Lembro
de paralelamente à prática, receber um ensinamento sobre o propósito do yoga,
através do estudo dos Sutras de Patanjali e a Bhagavad Gita. Efectivamente,
isso fez toda a diferença pois pude desenvolver uma determinada atitude que me
permitiu criar um espaço de observação, reflexão, entendimento de que não
estava ali a realizar uma mera prática física, tortuosa e desagradável para um
corpo rígido, preso e fechado. Confesso, que se assim fosse talvez hoje não
estivesse a praticar nem tampouco disponível, curiosa, interessada e
determinada em trilhar este caminho, em descobrir quem sou, em aprender a
expressar-me livremente e viver aqui, agora, leve, feliz com a minha história,
família, adversidades, dificuldades…
Aparentemente
pode parecer uma missão impossível… porque se parar para pensar existem mil
coisas que me limitam, mil coisas que me condicionam e se eu esperar que seja o
meu corpo e mente a suprir todas elas, isso será sem fim… ambos estão em
constante movimento… o corpo todos os dias muda e está sujeito a tantos
fenómenos mentais, emocionais, fisiológicos, ambientais que não controlamos… então,
colocar como objectivo da minha prática o alcance de um corpo hábil a realizar
as mais complexas e elaboradas posturas físicas, afim de me ver liberto, não faz sentido, é efémero e a
qualquer momento essa habilidade pode se perder, por conta das mais
variadíssimas razões.
Por
outro lado e ainda que contribuindo para o contacto com realidades mais subtis,
como emoções, padrões de pensamento, energia, etc, isso também está em constante movimento… a cada nova prática eu vou descobrir uma nova sensação …
ora agradável, ora desagradável… vou viver uma nova emoção que se manifesta sem
pedir licença e muitas das vezes sem sequer poder “floreá-la” com um claro e
lógico pensamento… a cada nova prática vou observar uma mente que compara, uma
mente que a todo o momento elabora grandes obras cinematográficas convicta em suprir
carências, necessidades, uma mente que cria expectativas e que a todo o momento
está ali preparada para me roubar o prazer e alegria do momento presente, mesmo
que não esteja a brilhar com toda a intensidade que desejaria…
Colocar
a prática como a solução do meu problema essencial e fundamental não faz
sentido…
Então,
que a prática seja um ritual do meu dia onde me entrego a tudo aquilo que me
compõe, onde agradeço a oportunidade de ver mais um nascer do sol e com ele a
oportunidade de me conhecer mais um tanto… que a força, energia, saúde e
vitalidade que a prática me oferece contribua para poder apreciar o ser
amoroso, sensível e delicado que sou…
E
assim eu vou… passo a passo… abrindo o meu coração, dando, recebendo e vivendo
o que tiver para viver…
Om
Sónia.
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