imagem retirada da internet
Nenhuma
flor do jardim se julga mais ou menos especial que outra…
Todas
são terra, ar, água, espaço e fogo…
Cada
uma assume uma forma única que a identifica.
As
rosas têm espinhos, a tulipa um caule frágil e as margaridas pétalas delgadas…
O
Sol brilha para todas, a chuva dá de beber a cada uma e todas são dignas de
compor um belo e perfumado jardim…
Só
mesmo a loucura da mente humana para elaborar tal cilada…
Profundamente
ninguém quer ser especial.
Todos
procuramos o mesmo e não nos contentamos com migalhas…
Todos
queremos ser flor…
Todos
queremos amor fundamental, essencial…
Tanto
que nos perdemos num ciclo sem fim de desejos, experiências, sonhos.
Corremos
à velocidade da nossa ignorância infinita, saciando uma dor que é existencial.
Esconder-se
atrás do conceito especial é perder a oportunidade de expressar sentimentos,
emoções, de se vulnerabilizar, sensibilizar, humildar, pacificar…
Quando
aponto e digo que o outro é especial, roubo de mim a faculdade de encontrar o
tesouro que me habita, conto mentiras atrás de mentiras que incomodam o
coração, que o inquietam… talvez possa ser cómodo para uma mente que um dia se
auto julgou incapaz, indigna, insensível para tal proposta, mas são muito frágeis…
algo maior se ergue para nos confidenciar o contrário. Por vezes através de
linhas travessas e caminhos sinuosos… forças que nos impulsionam a desbravar, porque
inconformados. Elas são subtis, manifestas na sombra que cada um carrega… está
tudo certo! Que se abrace o fenómeno e se faça a cada novo dia um namaskar.
Vivemos
a era das pessoas especiais…presas em si mesmas…presas a uma imagem que apesar
de inevitável é pura fantasia…
Vivemos
a era da felicidade servida como fast food que entope as nossas faculdades para
pensar, criticar, reflectir, sentir, ouvir, escutar…
Vivemos
a era da estampa de sorrisos, poses, estatutos em nome de acalento, admiração
sem tampouco chegarem ao coração…
Queremos
mais…muito mais…
Queremos
autenticidade, queremos testemunhos sinceros, honestos…
Queremos
empatia com a luz, com a sombra…
Queremos
sensibilidade para acolher a dor do outro…
Queremos
aprender a reconhecê-la porque nos é familiar…
Queremos
saber ficar em silêncio…
Queremos
saber abrir mão e deixar ir o que tiver que ir…
Queremos
saber que autoestima é só mais um conceito…
Queremos
saber que na verdade não precisamos amar o que somos…o que somos já é amor…
Queremos
saber que nada nos separa ainda que a ignorância seja infinita…
HarihOm
Sónia
A.
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