imagem retirada da internet
Quando escrevo, dou oportunidade à criança interna de se
revelar, expressar, manifestar o que pensa, vê e sente…
Recomendo vivamente pois trata-se de uma verdadeira terapia…
Quando o faço não só tenho a possibilidade de tocar o seu
mundo, como acolher a sua dor, revolta, angustia e constatar como aprendeu a percecionar-se
e ao mundo.
Hoje pensava, onde aprendemos a esconder as chaves da
sensibilidade, doçura, cuidado e empatia? O que nos leva a passear e como
resgatar?
Como podemos nós ser sensível ao outro se tampouco somos sensíveis
a nós mesmos?
Como posso criar empatia se tampouco a conheço em mim?
Como tolerar, compreender, abraçar, acolher se não o pratico
em mim?
Como fortalecer-se quando se teme desistir?
Como vulnerabilizar-se quando se insiste sobreviver?
Lembrei da meninice e da nossa tendência em minimizar, compensar
a dor de uma criança…
Quando ela chora porque tiraram a sua boneca favorita da
mão, ou quando fazem pirracinhas, gracinhas com a sua tristeza, ou quando
culpam por não ter feito como devia, ou quando mostram como é ridícula a sua
conduta…
Essa criança cresce e vira o adulto que treinou muito bem a
mascarar tal realidade, que para ser aceite, reconhecido e amado esconde a sua
sensibilidade, fugindo ao silêncio como quem foge da cruz, calando com mil e um
artifícios a doçura, pintando de cinza a inocência, renegando a pureza da
presença…
A todo o momento somos os primeiros a desconsiderar essa
criança, a roubar-lhe o espaço, tempo que precisa, a menosprezar a sua conduta
enquanto nos deliciamos com bombons e chupa chupas que adoçam o vazio, a dor, compensando-a sem tampouco ter consciência.
Não que isso seja certo ou errado mas que possa vir à luz do
nosso entendimento para poder ir ao encontro dessa criança, dessas emoções
contidas, reprimidas, e saber o verdadeiro sabor de se oferecer um docinho na sua
boca…
Quando ousamos tal, talvez fique mais natural o silêncio,
respeito, consideração, amor perante a dor, agonia e tristeza do outro. Não é assim tão distante da nossa…
HarihOm
Sónia A.
Sem comentários:
Enviar um comentário