imagem retirada da internet
Vou
andando pelo mundo, colocando-me nas experiências, no movimento e chamado do
meu coração. Muitas vezes sem mesmo entender, com toda a clareza, o que tem para
me contar e revelar. Diante delas posso viver muitas emoções, em relação com
outros seres que se apresentam diante de mim como um espelho do tanto que
carrego dentro, escondidinho para não doer muito no peito. Tenho visto mulheres
muito bonitas, que carregam uma luz no olhar, na pele, nos cabelos, que atraem
os nossos sentidos, a nossa vontade de conhecer, de estar perto. Mulheres
que parecem leves na vida, que espalham sorrisos, criações coloridas, comidas saudáveis, mães graciosas, modos de vida mais alternativos e desprendidos. Tenho olhado para dentro de mim
e questionado o que me passa no pensamento, o que sinto. Vem uma espécie de
lamento. Por não ter a beleza física que estereotipei na minha mente, os
cabelos e a pele tão brilhantes, saudáveis, o conhecimento intelectual, as
experiências, conhecimento das belezas do mundo, os amigos e amigas e por aí
vai. Vejo como internamente carrego um patinho feio, que não sabe valorizar os
seus atributos, que não sabe se colocar, embelezar. Vejo como carrego o desejo
por leveza, cor, suavidade, luz e movimento. Na casa física, na casa interna.
Vejo como me julgo de complexa, pesada porque a vida não pode ser assim tão
simples. Mas a verdade é que ela pode. Nós só não sabemos. E promover tanta
beleza externa, aparente prosperidade, amor, soa a um ataque, estimula o desejo
de querer correr atrás daquelas conquistas externas. Pelo caminho tropeçamos,
criamos expectativas para Ser o que não somos. Para minimizar as nossas dores, não
reverenciar a nossa história, a nossa família, cultura, educação. Talvez até, promover
a vitimização para dizer que se tivesse nascido numa outra família, recebido
uma outra educação, cultura, pudesse ser tudo aquilo. Como é tão
triste viver lamentando o que se foi, o que não se é, repudiando e
negligenciando o que é de verdade, dentro de um farrapo de roupa, de um rosto
sem maquilhagem, dos cabelos e da pele que envelhecem e do calor que aquece a
limitação da nossa mente.
Tem
pessoas muito bonitas sim. Que promovem um estilo de vida saudável, a família feliz,
as conquistas, as viagens, as realizações e isso inspira, isso nutre um desejo
de poder fazer diferente, coloca a pulga atrás da orelha para rever os seus hábitos,
escolhas. No entanto, trata-se apenas de uma imagem interpretada à luz dos
olhos de cada um. Colocar essa imagem como algo a ser conquistado é um desperdício,
porque de verdade estamos a usar erradamente uma energia que poderia servir a
um olhar interno e profundo sobre si mesmo. Nada irá brilhar mais do que isso
porque é real. Não queremos a vida dos demais, queremos a nossa. Não queremos o
sucesso dos demais, queremos o nosso. Não queremos a beleza dos demais,
queremos a nossa. Não queremos a paz dos demais, queremos a nossa. Não queremos
a alegria dos demais, queremos a nossa.
A vida
é breve mas muito longa para quem lhe rouba a possibilidade de se despir de
conceitos, preconceitos relativamente a pessoas, situações, circunstâncias.
Para quem sofre na estonteante tentativa de encontrar uma imagem, um status, um
brilho, uma beleza que só se alimenta de beleza. O bichinho feio e arredio que
habita todos nós, estará bem escondidinho, caladinho para não doer muito no
peito, à espera de um doce abraço que o reconhece, aceita, leva para brincar e passear.
HarihOm
Sónia A.
Sem comentários:
Enviar um comentário