imagem retirada da internet
Cegos
de dor, sofrimento, inconscientes de velhos, repetitivos e devoradores padrões
mentais, viciados nas garras e delícias do ego, elevaremos as nossas vozes para
falar de Deus, Amor como algo que se coloca numa prateleira e se elege, se
escolhe, domina, apodera, saciando aparentemente um desejo que na verdade
esconde por detrás de si, o verdadeiro e profundo, insaciado pela realização
infinita de qualquer um, o desejo por libertação, felicidade eterna.
Por
conta dessa ignorância, carregamos às nossas costas o mundo, as pessoas, as
relações. Vitimizamo-nos, culpabilizamo-nos, escandalizamo-nos, embrutecemo-nos,
pregando a Deus sem o menor senso de verdade, autenticidade, espontaneidade e pureza.
Como pode? Como vivemos uma contradição tão gigante que nos afasta, ainda que
aparentemente unidos!
Que
se faça silêncio.
Que
nos afastemos mais para perceber o que nos une.
Que
possamos ousar ver a sujeira, poeira que carregamos no coração! Só assim
poderei entender que pureza, inocência, amor é a sua condição.
Que possamos
escutar com coragem, força e firmeza as vozes perversas, ardilosas, fantasiosas
que nos habitam. Não as julguemos de boas ou más. Não as tomemos como verdade
absoluta mas como ferramentas que nos conduzem ao encontro real consigo mesmo.
Que se enfrente o monstro que nos habita e que se lhe dê um forte e amoroso
abraço. Sentemo-nos para conversar. O monstro é uma mera criação que posso
desconstruir e transformar.
Que
nossas mentes possam ganhar lucidez, capacidade de discernir e os nossos
corações destemor, para escutar e sentir.
Desaprendemos
tal habilidade, faculdade, dom e talento divino e talvez por isso caímos tão
facilmente em armadilhas linguísticas que nos apanham na esquina das nossas
emoções, como “os meus amigos de verdade, quem me ama de verdade, quem me
valoriza, quem me respeita, quem me, quem me…”. Talvez porque pareça mais
fácil, cómodo, confortável. Talvez porque nos alivie e desresponsabilize das
nossas ações, decisões. Talvez porque aprove a miséria onde nos encontramos e
não queremos sair por medo, desespero ou covardia.
Como
podemos credibilizar tal conversa que apenas nutre o nosso senso de carência, dependência,
julgamento e separação?
Possamos
ficar espertos e despertos...
Possa
a nossa dor ser lúcida ao invés de cega...
HarihOm
Sónia A.
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