segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Os símbolos e as crianças...


O contacto com a tradição védica e o estudo de vedanta ampliam a nossa visão, trazendo à mente o entendimento claro e objectivo de determinadas acções, como rituais, práticas e uso de deidades como Ganesha, o menino com cara de elefante. Óbvio que não se pretende acreditar que existiu um menino cuja cabeça foi cortada pelo seu próprio pai e que desesperadamente correu em busca de uma cabeça para o seu filho, e que a sua barriga enorme era porque comia imensos doces, e por aí fora. Esse é o obstáculo que pretendemos exactamente transcender apoiando-nos no estudo e na preparação de uma mente que seja capaz de vislumbrar a sua limitação e de vislumbrar além de si mesma.
Rituais, imagens, práticas funcionam como símbolos que ajudam a mente nesse processo, dotando-a de conhecimento sobre si mesma, dotando-a de valores que a permitem encontrar um estado favorável ao entendimento dum conhecimento que não pode ser equiparado ao conhecimento que se acostumou a adquirir e assimilar.   
É comum depararmo-nos com uma espécie de resistência interior, fruto de ignorância, ausência de compreensão clara, objectiva e lógica. É precisamente porque existe essa resistência, esse desconforto que nos devemos questionar, olhar com sinceridade, livre de dogmas, ideologias, doutrinas sociais, politicas, religiosas.
Talvez possamos ser abençoados com a possibilidade de nos ver iguais, livres da identificação com grupos sociais, políticos, económicos. Livres de hierarquias, status, elites e tudo aquilo que erroneamente me traz a noção de ser maior, melhor, especial, merecedor ou não merecedor, etc.
Mas, porque decidi fazer a actividade de criar um “altar” de Ganesha versão lúdico-infantil?  
Precisamente porque estou convicta da importância de uma criança, que se encontra no seu estado mais puro, crescer valorizando o momento onde possa sentar e “conversar” consigo. Um momento de fechar os olhos, respirar profundamente e escutar o seu coração. Um momento de entrega e de oferenda. E perceber o quanto isso pode ser prazeroso e libertador.
Contar a ela o significado das orelhas grandes de Ganesha, o significado de ser barrigudo e de ter o amigo rato sempre ao seu lado, o significado da sua tromba e dos seus olhos.
Contar a ela que Ganesha é um mestre e que tem muito para nos revelar e ensinar. Que podemos nos divertir imenso aprendendo, descobrindo e reconhecendo.
Om
Sónia.


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