imagem retirada da internet
A dificuldade que
tenho em saber relacionar-me com o outro é proporcional à dificuldade que tenho
de relacionar-me comigo mesmo…
E essa inabilidade é
fruto de um padrão de pensar, agir, comunicar.
Todos nós somos seres
com necessidades básicas, fisiológicas, de segurança, de amor, criação,
diversão, verdade, compreensão, empatia, etc. Nada de errado há com essas necessidades,
elas fazem parte da inteligência da criação. Ignorar o que necessito será
sempre como caminhar, se mover no escuro e às cegas se agarrar a outro alguém,
derrubando, pisando, culpabilizando e dependendo. Observando uma criança
podemos perceber como essas necessidades se manifestam. Quando lhe é dito que “não”
e automaticamente ela esperneia, grita e tira um objecto para o chão, quando se
sente triste porque a amiguinha não lhe deu a mão, quando fica assustada e
nervosa porque a professora falou alto ou porque teima em não vestir
determinada roupa que a mamã escolheu. Emaranhados em padrões de pensamento, em
conceitos, teorias e projectando a nossa experiência, os nossos traumas e as
nossas necessidades, exercemos sobre elas um modo de agir que não vai ao
encontro do que é efectivamente importante. A criança compreender que aqueles fenómenos
são fruto das suas necessidades e portanto o desejo de determinada acção.
Tipicamente, retribuímos com autoridade, exigindo obediência, convictos que
essa é a forma certa de educar, de contribuir para o crescimento da criança e
como tenho ouvido imensas vezes, ensinar a lidar com as suas emoções e
frustrações. Na verdade apenas estamos a contribuir para o distanciamento de si
mesmo e com isso contribuindo para sentimentos de insegurança, inadequação,
revolta, mágoa, desespero. Talvez por isso, e à medida que vão crescendo, queiram
ser tudo menos elas mesmas, queiram conquistar o mundo, as pessoas a todo o custo, desenvolvam doenças psicossomáticas,
distúrbios alimentares, paranóias, ansiedades e por aí fora. Talvez por isso
testemunhamos tantas aberrações como bullying, abuso sexual, suicídios. Dizer à
força e reproduzindo violência o que é certo e errado, não será certamente
solução. No máximo poderemos ver crianças muito bem-educadas e aparentemente bem-sucedidas,
amarguradas e em constante conflito interior por ausência de maturidade
emocional. Maturidade essa que provem desse contacto com os seus sentimentos e
necessidades, que lhes fará entender com clareza, pensamentos, desejos,
contribuindo para acções conscientes, livres, inteligentes, espontâneas e em
harmonia com a sua natureza.
Para desempenhar este
papel com uma criança ou com quem seja, teremos necessariamente de o fazer
connosco mesmos. Questionar a tendência de transferir a responsabilidade dos
nossos sentimentos para os outros, para coisas, situações e circunstâncias e
dar-se a oportunidade de observar por outro paradigma, que somos seres com
necessidades fundamentais e essenciais que nos dão vida, movimento,
relacionamentos, capacidade de raciocinar, criar, sentir, emocionar e que
profundamente nos impulsiona a querer ser pessoas melhores, a querer ser amada,
querida, atendida, ouvida e compreendida. Quando ousamos olhar por este prisma
veremos que todos nós somos feitos do mesmo, não tem porquê “lutar” para ser o
primeiro, o maior, o poderoso. Não tem porquê se achar diferente, especial. E
de verdade chegaremos à conclusão que isso é um esforço desnecessário que nos
rouba eficácia e eficiência.
Om
Sónia.
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