sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Reflexão #22 - Viver Numa Bolha...

                                                                     imagem retirada da internet 


Um dia percebemos o quanto vivemos enclausurados numa bolha de pensamentos, sentimentos que nos roubam paz, sanidade, energia, criatividade, capacidade de produzir, de se relacionar ou simplesmente relaxar. Rotula-mo-nos de ansiosos, depressivos, inadequados, miseráveis criaturas condenados a uma triste sina. Assistimos com grande agonia à nossa busca incessante por algo que possa curar uma espécie de ferida, buraco existencial. Talvez pessoas mais sensíveis, observando claramente essa realidade nas suas vidas, achem que têm efectivamente um problema pessoal, incomum e do qual não se conseguem libertar. Desesperados e procurando resposta para as nossas aflições, desejos de ser de outro jeito, lá vamos experimentando novas formas, nomes e conceitos, ora recorrendo a sessões de coaching, ora recorrendo a sessões de mindfulness, ora lendo as 101 maneiras de ser feliz e por aí adiante. Efectivamente, servimos a nossa mente de óptimos “upgrades” que a habilitam a se posicionar doutra forma nas experiências da vida. Com treino e dedicação lá aprenderei a ter outro discurso comigo mesma, com os outros e lá criarei uma outra imagem de mim, mais positiva, eficiente, prática, etc. Em todo o caso isso parece não ser suficiente para resolver o meu problema… em todas as lições ensinaram-me como falar, dizer, pensar, agir. Ensinaram-me como a vida é bela, como pode ser bela. Ensinaram-me o que não devo fazer, o como posso fazer e até aí tudo certo. Vale a lição. Mas… como eu me livro deste nó no peito quando eu falo determinada coisa bonita, aparentemente bem inteligente e sábia, e um coração por dentro cavalga?! Como fazer caber todas essas coisas ouvidas e aprendidas no peito?! Como eu sossego o meu coração se aprendi que um bom orador discursa de forma segura e como oradora o coração quer sair pela boca?! Como encontrar a paz se me ensinaram que um pai consciente não usa determinado discurso com o seu filho e por dentro sinto enorme fúria?! Como esta controvérsia me pode ajudar? Qual é a saída? Como encontrar paz?! Serei eu digna de amor? Ou esse amor é apenas uma maneira romântica de ver a vida? Será mais uma fantasia? 
Incrédulos  e resignados a uma visão, boicotamos a possibilidade de nos ver um tanto além e de poder analisar, abraçar e acolher o problema em mim. Boicotamos a possibilidade de descobrir um amor e felicidade que não é uma fantasia, mas a razão pela qual uma criança sujeita às condições mais miseráveis e precárias ainda tem espaço para sorrir. 
Vale a pena dar-se a oportunidade e espaço para pensar, reflectir. Vale a pena observar-se verdadeira e honestamente, o que nem sempre vai ao encontro do que é ensinado. Vale a pena mergulhar nas profundezas, tocar a ferida e ser responsável pela sua cura. Vale a pena questionar cada pensamento, emoção, sentimento ao invés de questionar pensamentos, emoções e sentimentos de outros. Nunca saberemos de verdade. E ainda que eles possam ser comunicados nunca o serão perfeitamente. Vale a pena ser responsável pelos seus próprios pensamentos ao invés de responsabilizar outros. Vale a pena estar com os seus pensamentos ao invés de tentar adivinhar os de outros. Afinal o que pensamos de outros é apenas o que vive no nosso pensamento.
Vale a pena a chance de se ver livre.
Vale a pena a chance de estar livre.
E olhando a imagem escolhida para acompanhar estas palavras, vale a pena descobrir a beleza de viver com a bolha, na bolha, feliz com todas as bolhas que possam existir ao seu lado!

Om
Sónia.

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