quarta-feira, 13 de julho de 2016

Reflexão # 64 - Olhar-se como um rio...


Para fugir ao encontro mais profundo com nós mesmos, criamos incessantemente mascaras atrás de mascaras…
A mascara do intelectual, do engraçado, sarcástico, do guru, do espiritual, do forte e seguro, do rebelde e audaz, do humilde e generoso e por aí vai num sem fim…
Ingenuamente, ficamos reféns de estética, saúde perfeita, corpo alinhado, musculado, conhecimento, experiências, aventuras, desejos e da própria vida, sem tampouco dar-se espaço para vislumbrar a beleza de ser um rio que percorre o seu caudal num ritmo e movimento únicos.
Muito é o lixo que nele se acumula impedindo-o de fluir livremente e a sua remoção é precisa e supra inteligente. Podemos nos entusiasmar, iludir e querer fazê-lo à força, sob o controle da mente…
Mas… não adianta… é só mais um tanto de entulho…
A vontade de querer servir a si mesmo e com o propósito que merece, carece de uma atitude despretensiosa que nasce, não na cabeça mas no coração…
E assim sendo, estarei como um mero espectador que contempla a beleza de tal movimento… o lixo, os obstáculos, as dificuldades, dores, traumas, mascaras, apenas instrumentos que sublimam um corpo e uma mente, iluminando-os de um amor além de qualquer aparência, acção ou inacção, palavras…
Não quererei subir ao trono atravessando pontes que me afastam desse rio…
Vou querer descalçar-me, banhar-me e sem resistências permitir que me conduza…

HarihOm

Sónia A. 

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