quarta-feira, 20 de julho de 2016

Reflexão # 65 - Tradição de Ensinamento? Para quê? Em nome do quê?

imagem retirada da internet

Vivemos um constante e permanente pedido de socorro que ao longo dos tempos vai assumindo as mais diversas formas, refinando-se, direccionando-se, organizando-se no tempo. Se nos atentarmos, manipulados pelas próprias necessidades humanas contidas na panóplia de emoções e sentimentos que nos impulsionam no mundo dual de aparentes criações, destruições, bondades, maldades, tristezas e alegrias, uniões, separações e por aí vai.
Na verdade o que todos procuramos, por si só e em si só, é o encontro com a nossa realidade inteira, plena, feliz e livre que cessa o natural e essencial desejo por realização e plenitude. Essa necessidade é intrínseca ao ser humano, fundamental portanto e a razão da sua existência e propósito de vida.  
É facto que podemos vivê-la esquecidos, assumindo uma espécie de amnésia aparentemente conveniente, confortável, dopados pelas mais diversas pílulas instantâneas que o mundo externo oferece, mas jamais conscientes de quem somos com verdade e realidade.
Quando num rasgo de lucidez a mente reconhece como percepciona o mundo, pessoas, vida, existência, propósitos de forma tão frágil, superficial, limitada, condicionada e equivocada, vai querer munir-se de ferramentas que a ajudem numa espécie de reeducação, reestruturação e reorganização que lhe permitam não só o vislumbre do que é sempre presente, eterno, imutável, como a habilidade para se relacionar com isso. Como se houvesse a necessidade de se restabelecer para se estabelecer numa visão sobre e além de si mesma.
Quando decidimos procurar ajuda perto de uma tradição de ensinamento, guru, mestre, terapias, estamos num natural pedido de socorro que nos será concebido dentro de uma inteligência maior e nas doses apropriadas para cada um. Quando o paciente reconhece a possibilidade de cura a todo o momento vai desejar acelerar o processo, controlar, dominar… vai querer saber todos os procedimentos, dominá-los na perfeição, apropriar-se… vai querer estar junto dos “médicos da selva”, da comunidade que os acompanha e assiste, de expor-se, doar-se com a mesma inocência, pureza, curiosidade, interesse de uma criança. Este é uma espécie de nível 3 do vídeo game onde aprimoramos as qualidades para poder receber a “cura” e onde sublimamos os ímpetos que nos conduzem a uma espécie de desespero, ansiedade que encobrem e comprometem os nossos olhos lúcidos, o nosso coração amoroso e compassivo e a sincronia do nosso corpo na perfeita melodia que toca para nós…
Desejaremos apreciar toda essa dinâmica, envolver-se no drama, assumir os personagens, caracterizar o cenário, abrir o pano, apresentar ao público para quando o pano voltar a fechar reconhecer que nada existe de verdade… pedido de socorro, médico da selva, assistentes, cura, e que tudo é montado apenas e só para poder apreciar a graciosidade, sacralidade e beleza da realidade que sustenta a possibilidade de contar uma história…
HarihOm
Sónia A.

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